Minimiza-se muitas vezes, a importância do Triângulo das Bermudas. Há quem negue até mesmo a sua existência. Muitos alegam que não se trata absolutamente de um mistério, que navios e aviões se perdem em todas as partes do mundo, e que um triângulo projetado sobre qualquer grupo importante de vias aéreas e marítimas pode favorecer uma perturbadora incidência de desastres, bastando para isso que ele seja grande. Além disso o oceano é muito vasto, aviões e navios são relativamente pequenos, e a superfície das águas está perpetuamente em movimentação, graças às correntes superficiais e submarinas. Aviões e pequenas embarcações perdidas entre as Bahamas e a Flórida, aonde a Corrente do Golfo corre para o norte a mais de quatro nós por hora, poderiam ser levados a uma tal distância do ponto onde haviam sido localizados pela última vez, que fatalmente seriam dados como desaparecidos. A velocidade desta corrente é, entretanto, bem conhecida da Guarda Costeira, cujas missões de resgate e buscas conhecem bem as correntes e os desvios causados pelos ventos na área aproximada era que uma embarcação desapareceu. O raio imediato dado para uma busca circular a um barco grande é de cinco milhas, com dez milhas para um avião, e quinze milhas para um barco pequeno, com outros prolongamentos radiais de pesquisa de acordo com o rumo, as correntes, os ventos e a deriva. Alguns barcos foram ao fundo e mais tarde tornaram a boiar em outro local, como fez o A. Ernest Miles, que afundou com um carregamento de sal ao largo das costas da Carolina do Norte. Quando o sal derreteu, o navio fantasma tornou a voltar à superfície, onde foi posteriormente encontrado. Outro barco fantasma, ou melhor, outro destroço flutuante foi o La Dahama, que ergueu-se das profundezas do oceano e é um dos mais freqüentemente mencionados com referência ao Triângulo e que foi visto afundando em abril de 1935, tendo seus passageiros sido salvos pelo S.S. Rex. Tempos depois, o Aztec encontrou-a à deriva ao largo das Bermudas. A tripulação do Aztec não sabia que o navio havia afundado anteriormente e que seus passageiros haviam sido salvos pelo Rex e consideraram o La Dahama como um navio fantasma misterioso até que chegaram as notícias do Rex, já de volta ao seu porto de origem na Itália. Por que o navio tornou a flutuar é ainda um mistério. Restos de navios afundados e aviões no fundo do mar, além disso, podem facilmente desaparecer em bancos de areias movediças ou ainda serem recobertos por tempestades, e eventualmente tornarem a aparecer devido a outras tempestades, até serem redescobertos por submarinos ou mergulhadores. Mel Fisher, mergulhador há muitos anos e especialista em salvamentos submarinos (especialmente no salvamento de embarcações e suas cargas), tomou parte durante alguns anos numa exploração submarina sobre a plataforma continental dentro da área do Triângulo, tanto no Atlântico como no Mar das Caraíbas. Enquanto se ocupava de suas buscas ao ouro espanhol, do qual ele recuperou uma grande quantidade, fez outras descobertas surpreendentes no fundo do mar: achou coisas que haviam sido longamente procuradas na época de suas perdas, porém mais tarde esquecidas. Estas concentrações de metal são assinaladas por um magnetômetro, espécie de bússola com uma intensidade mil vezes maior, que indica a localização de metais submersos, uma peculiaridade que muitas vezes atraiu Fisher para destroços modernos em vez dos tesouros dos galeões espanhóis que ele estava buscando. (É importante anotarmos que os magnetômetros aperfeiçoados não estavam ainda em uso na época da maioria dos desaparecimentos dentro do Triângulo das Bermudas.) Quando os mergulhadores desciam ao fundo do oceano seguindo as indicações do
magnetômetro acontecia, com alguma freqüência, que em vez de galeões espanhóis, encontravam aviões de caça e particulares e vários tipos de embarcações. Já aconteceu até de achar, a muitas milhas da costa, uma locomotiva de estrada de ferro, que Fisher. deixou no fundo do mar para os arqueólogos marinhos do futuro. Mel Fisher é de opinião que alguns, entre os muitos desaparecimentos na área Flórida— Bahamas, tenham sido causados por bombas da Força Aérea que não explodiram, por torpedos ativados ou minas flutuantes, tanto de guerras passadas como de combates e exercícios de treinamento atuais. Em uma ocasião, mergulhando nas vizinhanças de um navio espanhol com um tesouro, ele principiou a levar para a superfície o que pensou fosse um antigo canhão espanhol, quando percebeu que o artefato recoberto de caraças tinha um bico pontudo, indicando que era uma bomba — e uma bomba não-de-tonada! Pelo grande número de destroços não-identificados que ele encontrou no fundo do mar enquanto procurava dois naufrágios especiais (dois galeões espanhóis com tesouros estimados em 400.000.000 e 600.000.000 dólares, o La Margarita e o Santa Maria de Atocha), Fisher conclui que centenas de navios encalharam nestes recifes durante as tempestades e que muitos foram enterrados pelas areias dos fundos. Até mesmo para alcançar alguns destes navios de tesouros ele já teve a necessidade, uma vez que o metal é indicado pelo magnetômetro, de escavar por baixo do fundo do mar para conseguir chegar até eles. Ele nos diz que existem areias movediças submarinas por onde a Corrente do Golfo passa ao largo da Flórida e que estas areias movediças podem facilmente engolir navios de grande porte. Os caprichos das correntes marinhas e dos fundos que não cessam de mudar de forma são então os responsáveis por muitas das buscas infrutíferas feitas a navios e aviões perdidos. Porém existem outras características submarinas no relevo daquela região que talvez possam ser responsáveis pela ocultação de evidências de certos desaparecimentos. São as estranhas "fossas azuis", espalhadas entre os penhascos calcáreos e outras formações calcáreas submarinas através das Bahamas com suas largas plataformas e profundos desfiladeiros abissais. Há milhares de anos, estes buracos eram cavernas calcáreas acima do nível das águas, porém quando estas subiram em resultado do degelo da terceira era glacial — talvez há doze ou quinze mil anos atrás — as cavernas se transformaram nas "fossas azuis", locais favoritos para a procura de peixes e, recentemente, de mergulhadores aventureiros com seus aqualungs. Estas cavernas e corredores calcáreos penetram dentro da plataforma continental e continuam por dentro de toda a estrutura calcárea, até uma profundidade de quinhentos metros. Outras são ligadas através de passagens submarinas a lagos interiores e lagoas das maiores ilhas das Bahamas. Apesar de estarem a muitos quilômetros de distância do mar, estas pequenas porções de água sobem e descem seus níveis com as marés do oceano. Peixes, transportados por correntes submarinas deste sistema submerso, aparecem de repente a quilômetros terra adentro. Um tubarão de mais de seis metros de comprimento fez uma aparição sensacional em um destes tranqüilos laguinhos internos, a mais de trinta quilômetros das costas, criando uma grande agitação entre os habitantes locais, acostumados a nadarem em seu pacífico lago. As "fossas azuis" dentro do oceano estão localizadas a várias distâncias da superfície. Mergulhadores que entraram nestes buracos submarinos notaram que as câmaras de cada caverna se ramificam em corredores exatamente como no caso de formações calcáreas na terra firme. Os corredores então se alastram em muitas direções, confundindo evidentemente até os
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O triângulo das bermudas
ActionAo mar e seus mistérios cujas revelações talvez nos façam saber mais a respeito de nós mesmos...