Prólogo.

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~Diana Albuquerque, ou simplesmente Daya.~

São Paulo, meados de 2023.

    É notável o quanto penso exageradamente, talvez seja este o motivo de muitos "Adeus",ou como dizem por aqui "A gente se vê por aí", talvez estar apaixonada pelo meu amigo a quase dez anos seja o problema. Ou o mais lógico, eu não sirvo para a coisa, afinal, se nem o CDF mais esquisito olha para mim, quem sou eu neste montarel de piranha?


    Virei mais uma dose de vodca que descia queimando por minha garganta, nunca entendi como as pessoas conseguem ingerir altas doses de álcool em uma noite, olhei para o ambiente parcialmente iluminado, as luzes piscando incessantemente, me deixa tonta, o som alto ao fundo me embriagando, tornado todos os meus sentidos pulsantes. As pessoas dançando vulgarmente grudadas uma nas outras é patético.


    Deveria ter feito esses tipos de coisa quando me formei no colegial, curtir com meus amigos, beber até entrar em um estado de coma alcoólico, mas não, fui a responsável, a neta, filha e sobrinha (quase filha) perfeita, o exemplo para todos da família. Só que não! Eu queria ser um pouco humana apenas uma vez, e por isso estou aqui, que inferno, não deveria estar aqui, esse lugar por inteiro não se encaixa comigo. Tentei, eu juro que tentei, mas já não consigo, peguei a minha bolsa e paguei o que consumi, sair daqui o quanto antes é o melhor que eu posso fazer por mim mesma. Com meus vinte e dois anos mais pareço uma velha, não que a minha aparência seja ruim, é mais a forma a qual me comporto e maneira que interajo com a sociedade. Um bando de hipócritas que nos julgam superficialmente! Como a Beth uma garota que se acha a mulher Maravilha. Insuportável é o que ela é.

    Fico irritada com o caminho percorrido pelos meus pensamentos, tenho que sempre pensar na peste que me persegue a vida inteira, desde o fundamental dois ela perturba a minha existência, me diminui, humilha sem motivos aparente. Antigamente não me afetava tanto pois tinha o meu anjo comigo, meu melhor amigo, o único que sempre esteve ao meu lado, independente do que acontecia estávamos juntos um apoiando o outro, éramos o nosso pilar de sustentação. Tínhamos tudo, até que estragou. Ao menos eu tinha tudo, ele saiu em busca de algo melhor, uma namorada.

    Peço desculpa aos casais que acabo esbarrando sem intenção alguma, até que alguém segura meu braço após me chocar contra seu corpo, olho em seu rosto já começando a me irritar, seus olhos verdes que é facilmente confundido com o azul do céu cobertos com uma mecha loira que insistia em cair me passava uma sensação familiar, reparo por inteiro em seu rosto até ver uma pequena pinta quase coberta pelos cabelos.

- Gabriel?!- Exclamo surpresa e ele sorri de lado.- Meu Deus você voltou.- Pulo em seus braços, como se eu voltasse ao passado, quando tínhamos nosso anos de juventude, e ele me abraça mais apertado ainda.

As Cores do OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora