Parte cinco: questionar

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Desta vez, então, devemos saltar algum espaço tempo e deixar que o próprio Leonel Joel explique o ocorrido em sua Solidão.

Acordei no outro dia, completamente embriagado, e vomitei como nunca o fiz antes. Mas não por conta do álcool... este já sou demasiado acostumado. Eu o fiz quando acordei encoberto de sangue, do sangue da minha mãe.

Confesso que não senti remorso algum, apenas um sentimento de... vingança, talvez. Vingança pelo que ela causou à minha mente, vingança por ter vendido a filha por alguns milhares. Talvez algum dos carros voadores que vigiam a fazenda tenha acionado a polícia, não sei ao certo o que se sucedeu após o ataque de Mariazinha. Mas sei que o cachorro foi sacrificado e eu vim parar aqui, neste maldito julgamento. Talvez Leopoldino fosse o homem que realmente deveria continuar naquele lugar, assim ele não teria me trazido para cá, decerto. Pobre homem, taxado louco e incompreendido por todos. Uma pena sua morte, chorei quando soube.

— Narrei a história até aqui — disse o juiz, sempre com sua voz calma. — Meu dever é julgar o réu condenado ou não. Você assume seus crimes, rapaz? — como se fizesse diferença negá-los.

— Com todo o prazer que um dia pude sentir.

O narrador desta desgraçada história bateu o martelo três vezes e disse a tão famosa frase:

— Eu o considero culpado e sentenciado a pena de morte.

— Gostaria de pedir apenas uma última azeitona. Maria amava o fruto.

Umsuposto ocorrido trágico, que na verdade foi um erro questionar.    

Joel e MariaOnde histórias criam vida. Descubra agora