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Uma das coisas que vocês vão ler aqui é bem estranha mas completamente comum. Eu já estou morto.

Essa merda toda começou no meu nascimento, claro. Eu deveria ter nascido morto, quando minha mãe completou oito meses e meio de gestação, eu, um feto já formado estava morto. Meu pai, quando soube da noticia não queria aceitar o fato de eu não estar mais vivo, minha mãe não queria me tirar da barriga, insistia que eu não estava morto, que escutava e me sentia dentro dela, e que sentia meu coração.

Meu nascimento foi bem incomum, como podem imaginar. Minha mãe sofreu por uma semana completa. Trancada no quarto dizendo que teria seu filho sozinha, e que eu iria nascer.

Então, segundo a história de meu pai, ela disse ter visto um anjo muito bonito, ele era quente e brilhava como brasa fervente.

Esse ser disse a minha mãe que de fato, eu estava morto mas que eu ainda poderia reviver e ele a ajudaria, mas ela teria que dar permissão para ele. Minha mãe, como qualquer outra desesperada por salvar minha inútil vida disse que faria qualquer coisa.

Então o anjo a deu um caderno pequeno e uma caneta, e disse para ela guardar bem. Esse foi o meu presente de 19 anos, um caderninho.

Ele disse também que eu seria saudável e nada me faltaria.

Mas eu saberia como iria morrer e isso seria meu peso, se eu tentasse adiantar não daria certo, eu viveria, até morrer com esse fardo.

Minha mãe não se preocupou disse que cuidaria de mim.

Mas a criatura disse que o preço da minha vida teria que ser pago com outra alma, a alma dela.

Onde há morte sempre haverá morte.

Depois de explicar tudo à minha mãe, ela em prantos aceitou. E ele a abraçou, envolvendo-a com suas asas e corpo, e ela sentiu tudo queimar em si, de dentro pra fora. A dor, segundo sua descrição, foi como engolir um carvão quente, doloroso e intragável, mas ela o fez por mim.

Depois disso, ela perdeu a consciência entrando em um coma que durou uma semana, nesse tempo ela dizia meu nome vez ou outra, seu corpo estava sempre quente demais, mas uma coisa incrível, era perceptível eu me mexia dentro dela. Quando acordou, depois de uma semana no hospital, ela entrou em trabalho de parto e nesse mesmo dia me deu a luz.

E minha mãe me deu não só a luz, mas também a própria vida.

You'll Love Me? ♦ TaegiOnde histórias criam vida. Descubra agora