다섯

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Assim que minha tia me deu esse caderno que me contou todo o meu destino, eu fugi de casa. Eu corri sem rumo até chegar na estação de metrô e me sentei no chão contra a parede.

Meu mundo estava desabando e eu só pensei em quanto tempo teria de vida, e quantas coisas ainda seria capaz de fazer até que o anjo venha me levar.

Foi então que escutei alguém descer as escadas da estação. Aquele lugar estava vazio e eu quase pedi para que fosse alguém ruim com uma arma para acabar com tudo o que eu sentia ali mesmo.

Mas não era ninguém ruim.

Eu vi um garoto mais ou menos do meu tamanho, pele branca e magro, os cabelos pretos estavam desgrenhados como se ele tivesse os puxado, o rosto vermelho e as orbes castanhas tão quanto.

Naquele momento meu mundo parou por um segundo.
Eu nunca havia despertado interesse por qualquer pessoa, mesmo indo a escola e outros lugares nunca achei uma paixão. Também nunca vi problema em gostar de garotos e garotas. Óbvio , eu havia beijado pessoas e até gostado de algumas, mas nunca o mesmo sentimento que meu corpo produziu quando vi aquele rapaz. Talvez meu coração me dizia que era ele, talvez ele já soubesse o que aconteceria. Acho difícil, mas ele está batendo forte agora para calcular como chegou a essa conclusão.

Do canto que eu me encontrava não era possível ser visto por ele. Ele se sentou na beirada da vala onde passava o metrô e apenas ficou ali. Ele chorava muito e eu via suas roupas amassadas e sujas como se ele estivesse a dias assim, sofrendo.

Eu queria ir até ele perguntar o que houve. Nesmo naquela situação, mesmo depois de saber a verdade meu cérebro só me dizia uma coisa, me dizia para protegê-lo.

Eu fiquei ali o observando por não sei quanto tempo, tentando entender mais essa agora. Quando acordei dos meus devaneios estranhos escutei o barulho do metrô vindo, olhei o garoto e ele parecia chorar mais deseperado ainda. Meu coração apertou, como se fosse o meu choro. Naquele momento ele se levantou e, por impulso eu me levantei também, caminhando em sua direção.
Ele ficou na ponta da separação por onde o metrô passaria. Eu entendi o que aconteceria no momento em que a luz do transporte chegou ao terminal.

Tudo passou como um segundo, mas foi infinito. Quando ele se virou de costas para o buraco e ficou de frente pra mim, quando eu cheguei até ele, quando seus olhos encontraram os meus, quando segurei seu corpo em queda, e enfim o vento do metrô em alta velocidade nos atingiu. Ali, quando eu o segurei para impedi-lo de pular eu sabia...

Ele queria morrer, mas eu não pude deixar.

You'll Love Me? ♦ TaegiOnde histórias criam vida. Descubra agora