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Com o passar dos dias nós tentavamos reunir mais informações, mas às vezes só relaxavamos também. Foi bom estar com ele, cada segundo foi como um presente e os momentos carinhosos são os que eu vou sempre levar comigo.

- Guinho- eu chamei, sabia que ele ficava irritado, mas era fofo.

Estávamos a 2 semanas juntos, reescrevendo aquela história e revivendo momentos que eram para nós pesadelos em nossas vidas, tudo pra tentar parar aquilo.

- Já disse que não gosto disso Tae.- ele tentou ser frio mas pude ver um sorriso pequeno em seus labios.- O que você quer?

Estávamos em seu apartamento, ele estava deitado no sofá segurando seu caderno preto nas mãos, fazendo rabiscos na última folha. Eu estava na bancada que dividia a cozinha da sala também com meu caderno em mãos, que diferente do dele estava em branco e sem a frase na frente, eu nem sequer o tocava. Mas ele não, ele parecia confortável em escever e rabiscar sobre a folha amarelada, Nem parecia que aquele objeto tinha todo o peso de uma vida.

- A quanto tempo sua frase apareceu?- tentei ser delicado enquanto falava. Ele enrrigeceu o maxilar, as mãos pararam os movimentos e seus olhos se tornaram frios.

- Mesmo tendo recebido com 15- ele disse amargurado.- A frase foi aparecer apenas a onze meses.- completou

Eu me senti mal no momento que ouvi suas palavras. Tão novo, como ele deve ter sofrido com todo o peso de ser a suposta salvação de alguém, a minha salvação.

-Pera aí, tá me dizendo que faz 6 anos que você tem ele?- ele assentiu- Como foi?

Seus olhos mostravam tempos que nem ele mesmo gostava de se lembrar, monstravam um sonho distante, talvez um pesadelo? Quem sabe.

- Pois é- sua voz era calma, mas seus olhos não encaravam um ponto fixo- Foram anos tentando me afastar de tudo pra me sentir seguro, eu me tornei solitário, e mesmo não querendo aprendi a viver sozinho. E olha agora- ele se virou para mim com um olhar um tanto quanto divertido - eu tô deitado na sala segurando o meu caderninho da morte com meu suposto assassino na cozinha da minha casa- sorriu sinicamente em minha direção

De repente o clima pesou e eu senti sua angústia.
A verdade que eu entendo só agora é que mesmo não querendo eu o amei desde o início, eu o protegi, pelo menos tentei. Mas não pude protegê-lo de mim mesmo.

Eu só queria vê-lo feliz.

-Bom, para sua sorte esse "suposto assassino" sabe fazer ótimos biscoitos- disse animado- Então pelo menos de barriga vazia a gente não fica, né?

Foi uma tarde tranquila, ele me ajudou a achar as coisas na cozinha, ficou escrevendo pacientemente em seu caderno. Uma vez ou outra eu sujava sua cara de trigo o que o deixou puto o suficiente pra me bater com uma frigideira. Nós rimos, e comemos juntos.
Foi um dia bom, um de poucos dias juntos que tivemos.
A cada olhar que trocavamos, a cada mão que tocava a pele alheia eu sentia um calor confortante. Eu estava me apaixonando por ele aos poucos, me colocando na beirada do penhasco mas não poderia pular, não até ele se sentar comigo. Apesar de ser confuso eu queria ter sua companhia mas não queria que ele caísse comigo.

Mas isso aconteceu, mesmo eu evitando que ele me achasse ele me achou, ele me viu e veio atrás de mim.
E um dos erros mais dolorosos que eu ja tive foi deixar que acontecesse.

You'll Love Me? ♦ TaegiOnde histórias criam vida. Descubra agora