Padre Jeon 🕯 TaeKook

Transgressão

Beije-me, não tem importância se doer

Apenas me aperte rápido o suficiente para eu não sentir mais dor

Querida, não tem problema se eu ficar bêbado

Vou me embriagar de você, de um uísque chamado “você”

~♡~

O Jeon fecha os olhos com força, como se quisesse apagar as memórias reprimidas que, de repente, vinham à tona.

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Talvez aquela fosse a dupla mais improvável, à primeira vista, para alguém pensar que pudessem ser amigos, principalmente num domingo ao meio-dia, quando Taehyung esperava Jungkook sair da missa.

Estava sempre com roupas despojadas, orelhas perfuradas de piercings e óculos escuros de hastes roxas, mascando chiclete enquanto lia fanfics de conteúdo gay no celular, um de seus passatempos preferidos e que, de certa forma, só o ajudou a ter mais certeza do que já desconfiava sobre si mesmo.

Recostado no carro que pegava emprestado dos pais desde que aprendera a dirigir, torcia para o tempo passar logo, até que, descendo as escadas da catedral, avistou o amigo de blusa social, calça preta, cabelo impecavelmente arrumado e postura um tanto rígida, entregando a Bíblia que segurava para o sr. e a sra. Jeon antes de correr em sua direção.

Dava-lhe um abraço contido, enquanto Taehyung fazia questão de apertá-lo contra si, inalando o cheiro do shampoo de morango viciante que, secretamente, era o seu favorito.

Mas seu maior vício era estar com Jungkook.

- Taehyung, querido, você é tão bonito, mas pra que tanto piercing? Parece uma garotinha. - a mãe de Jungkook comentava, fitando-o com pesar - E essa calça rasgada?

- Mãe… - Jungkook sibilou, constrangido, enquanto o Kim permanecia impassível.

- Ainda dá tempo de se endireitar, filho. - seu marido completou - Não precisa andar nesse caminho perdido.

- Espero que nosso Jungkook consiga te fazer entender isso um dia. - acariciou o topo da cabeça do garoto, que fitava o chão, incapaz de falar.

- Obrigado, sra. Jeon. - forçou um sorriso para ela e o homem ao seu lado, levantando o óculos - Mas creio que existe algo chamado "livre arbítrio", não é?

- O livre arbítrio deve andar de mãos dadas com o bom-senso. - o sr. Jeon respondeu, estreitando os olhos.

- Bom, eu acredito que tenha bom-senso para me vestir. Mais criativo, até, do que a maioria das pessoas. Mas, pelo menos, estou sendo eu mesmo. Ou talvez seja só questão de perspectiva? - sorriu ainda mais, constatando o semblante embaraçado no rosto dos dois - Agora, precisamos correr, ou não vai dar tempo de almoçar antes do filme. Tenham uma boa tarde.

- Boa tarde, e… Juízo. - a mulher falou, sem tanta veemência quanto antes.

Então, Jungkook se despediu de seus pais, o Kim abriu a porta do carona para o amigo se sentar, e logo deu a partida no veículo.

- Desculpa pelas coisas que eles falam sempre que te vêem. - o mais novo murmurou, juntando as mãos sobre o colo.

- Acho que já me acostumei. - deu de ombros, parando no primeiro sinal.