Epílogo: Salvação

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Eu quero muito, muito

Muito, muito...

~ ♡ ~

Aquela reunião estava tão entediante que Taehyung, mesmo sendo o chefe principal, não conseguia mais prestar atenção nos gráficos cheios de estatísticas que já havia decorado de cor.

Os negócios iam bem, mantendo um lucro estável, pois estava cercado de funcionários competentes e, modéstia à parte, tinha um certo dom para administração, além da ótima lábia para convencer os investidores a confiar que sua rede de hotéis seria uma ótima fonte de renda.

Da ponta da mesa, suspirou, rabiscando algo qualquer na folha de anotações e mirando a enorme janela de vidro com vista para o mar.

As ondas quebravam tranquilamente na areia, iluminadas pelo forte brilho do sol de meio-dia e, mesmo estando no ar-condicionado, surgiu-lhe uma vontade repentina de dar um mergulho.

- ...e essas são as últimas sugestões para manter a rede de hotéis Vante no topo das procuras por turistas, principalmente coreanos. O que acha, sr. Kim?

O jovem empresário fitou a mulher que discursava em frente ao painel, apontando para a última foto dos slides que passavam.

- Perfeito, sra. Jung.

Ela assentiu, e os demais funcionários presentes nas laterais da mesa retangular fizeram rápidas anotações.

- Agora, sobre as notícias da mídia... Alguns famosos andaram nos elogiando.

Em poucos minutos, a reunião foi dada por encerrada, e Taehyung dispensou o pessoal.

Assim que saíram, o homem de quase vinte e oito anos espreguiçou-se na cadeira antes de levantar, andando até a janela com as mãos no bolso.

Sua mente, então, voa longe, assim como os pássaros sobrevoando o mar.

Mais precisamente, para cerca de um ano atrás, quando tomou coragem para adentrar o confessionário de Jungkook naquela noite de sábado, a última do mês.

Por semanas, havia estudado seus passos, além da frequência dos fiéis no local, para deduzir qual seria o dia e o horário mais provável para a igreja estar vazia quando fizesse o que tinha que fazer.

Corria o risco do Jeon expulsá-lo imediatamente, é claro, como se exorcizasse um demônio; entretanto, quando este não o fez, sentiu uma faísca de esperança nascer em seu peito, apesar de toda a mágoa carregada até então.

- "Fugir"? Como assim? - Jungkook indagou, confuso, observando o Kim se desvencilhar de si para pegar suas roupas espalhadas pelo chão.

- Eu trabalho no Havaí. - explicou, vestindo-se, enquanto Jungkook, espantado, fazia o mesmo - Sou dono de uma das maiores redes de hotéis da região. Expandi os negócios da família. Aí, de vez em quando, venho à Coréia matar a saudade e tentar encontrar possíveis clientes. Mas é lá que eu vivo oficialmente agora. E é onde você pode viver também.

- Tae... E-eu não sei...

- Você pode recomeçar a vida. Ninguém vai saber quem você é ou era aqui. Não precisa mais ser o "padre Jeon". Só... "Jeon Jungkook". - segurou seu rosto, fitando-o com ternura - Meu eterno Kookie.

Os olhos do mais novo marejaram.

- Não sei se posso fazer isso. Não falo inglês tão bem, não tenho muito dinheiro, só virei padre há poucos meses, então nem a passag-

- Eu já comprei.

- O quê? - exclamou, atônito.

Do bolso da calça, Taehyung retirou um pequeno papel dobrado.

Padre Jeon 🕯 TaeKookOnde histórias criam vida. Descubra agora