Inevitável

Michael Sullivan

Finjo que estou distraído, mas vejo o momento que ele sai da sala, eu vi sua cara de quem nao acreditava que mesmo depois do ocorrido tinha sido contratado. Na verdade nem eu acredito que o contratei. Posso ter feito a maior burrada da minha vida. Posso nesse exato momento estar arrependido ou não, realmente não sei o que se passa em minha cabeça. Estou numa eterna comfusão mental.

Não vou negar que estava muito puto com ele, mas também não vou negar que sua coragem me surpreendeu. Admiro muito as pessoas que tem coragem, o que eu estou falando? Admiração? Na verdade por aquele garoto só sinto raiva no momento. Quando avancei para cima dele a vontade era de matá-lo por ter falado daquele jeito comigo. Mas quando vi sua cara de desespero, e sua voz frágil pedindo desculpa eu só consegui me afastar um pouco. Ouviu o que eu disse um pouco. O meu corpo não queria sair de perto dele por mais que minha mente me mandasse para longe o mais rápido possível.

Eu não menti quando falei que ele era o mais qualificado. O que é impressionante para um jovem que acabou de se formar. E com honras em uma das melhores universidades de Nova York. Me lembrei do relatório dos candidatos que eu tinha pedido. Com certeza o dele deve ser o último que não tive tempo de ler. Pego o relatório e começo a folheá-lo.

Bryan Smith, 23 anos anos formado em administração, mora com dois amigos e não tem registro dos pais. Nesse relatório não tem quase nada relevante. E como assim sem registro dos pais? Mas ignoro, eu vou fazer a vida desse muleque um inferno. Por bem ou por mal ele irá aprender que com Michael Sullivan não se brinca.

A manhã passa voando, já era hora do almoço quando Jackson entra em minha sala sem bater.

- O que eu já falei sobre privacidade Jackson? Se não quer ser anunciado, por favor bata na porta, é o mínimo mal educado.- falo olhando para o computador.

- Hoje alguém esta com a macaca hein. Aliás quando não está não é mesmo? - fala deitando no sofá - Vamos almoçar comigo? Estou solitário hoje, abandonado e maltratado - coloca a mão no peito fazendo drama.

- Me poupe dos seus dramas.- falo revirando os olhos - Mas vou almoçar com você, nao tenho nada melhor para fazer mesmo. - dou risada da sua cara de ofendido.

- Obrigado pela parte que me toca maninho, me senti super querido agora. - fala se sentando no sofá. - Eu conheci seu novo assistente, pelo jeito ele é amigo do Mark - ele fala de um jeito que não sei decifrar.

- Ah sim - falo bufando já sentindo raiva subindo - Lembra que falei ontem sobre um moleque mal educado? Pois bem depois de ter batido boca com ele na rua, quem ne aparece hoje para a entrevista para a vaga de meu assistente? Se pensou no garoto impertinente acertou

- Ele me pareceu bem simpático, e também parece ser muito amigo do Mark. E você sabe que ele é um dos pouco que confio aqui. Esse rapaz deve ser igual. O Mark não teria amizade com alguém mal caráter. - ele fala com um sorriso.

- Você gosta mesmo dele hein. Para elogiar ele assim, sabe acho que nunca ouvi você colocar algum defeito nele. - falo e o vejo engolir seco.

- Ele é um ótimo profissional só isso, vamos logo almoçar estou morrendo de fome - ele muda de assunto e vejo seu desconforto.

- Vamos! - saímos do escritório e fomos para a área dos elevadores. Quando o mesmo para em nosso andar entramos e aperto o botão do estacionamento. Ele para no vigésimo quinto andar e Mark entra.

- Boa tarde senhor Sullivan - eu só aceno com a cabeça sem olhar em sua cara.

- Está indo almoçar Mark? - Jackson pergunta ao mesmo.

- Não senhor Jackson, hoje está um caos com tantos contratos para serem impressos e revisados, e ainda por cima a impressora do meu andar queimou, estou indo agora para o andar do RH fazer as impressões. - ele fala aparentemente cansado.