R U Í N A
Eu caminhava apressadamente atravessando o campus da faculdade para conseguir chegar logo no meu apartamento, visto que o tempo estava fechando e uma chuva estava por vir.
Foi então que eu ele, o garoto da lanchonete, Harvey.
— Ei, você. — tocou meu antebraço e tudo pareceu congelar ao meu redor.
Só existia apenas nós dois.
Eu ainda consigo lembrar do momento em que nos conhecemos.
Do toque macio e doce que ele plantou.
E do Jardim florido que ele deixou.
Harvey era todos os pecados existentes. Ele era o pior de todos os pecados.
— Eu não fiz algo que eu devia ter feito aquele dia na lanchonete. — sorriu de lado, colocando as mechas rebeldes de seu cabelo para trás.
E como uma verdadeira garotinha virgem do colegial, eu suspirei procurando minha sanidade.
— Eu não pedi seu número.
Meu coração se aqueceu quando ele sorriu presunçoso mostrando a fileira de dentes brancos e bem alinhados, enquanto pousava suas mãos dentro do seu bolso da calça jeans surrada.
— E quem disse que eu vou passar?
Voltei a andar apertando a alça da minha mochila com força. Estar lado a lado com Harvey estava me deixando nervosa.
— Está escrito na sua testa: Eu quero você para mim. — respondeu estalando a língua no céu da boca, esperto.
Eu sorri.
Droga. Eu sorri, como uma verdadeira idiota.
E se eu soubesse de tudo que estava por vir, eu teria dito não.
Eu teria saído correndo e nunca mais olhado naqueles olhos tão intensos e profundos.
Desde o momento em que eu bati meus olhos nele eu sabia que ele era encrenca. Harvey exalava encrenca. E talvez tenha sido isso que me atraiu nele;
Eu amava encrencas.
Quando eu era criança meu pai costumava dizer que a vida era feita de escolhas e, junto com elas, consequências.
Eu escolhi amar Harvey e como consequência, eu quebrei.
Eu quebrei de um jeito tão ruim que ninguém nunca poderia juntar meus cacos novamente.
Só ele.
Somente ele.
[...]
— Você tem se alimentando bem, filha? — minha mãe perguntou do outro lado da tela do meu notebook.
Eu estava sentada no sofá assistindo algum seriado qualquer que passava na televisão.
— Sim.
— Brooklin Hayes... — me repreendeu, olhando torto me fazendo suspirar
— Pizzas e lanche contam? — sorri falsa piscando meus cílios.
— Misericórdia, Brook. E isso lá é comida? — indagou me olhando torto. — Eu sabia que essa ideia de você ir morar fora não era uma boa. Agora você está passando fome!
— Não é pra tanto mãe! — exclamei revirando os olhos.
— Escuta, cadê aquele loirinho de olhos azuis? Eu gostava de falar com ele. É Harry, não é? Vocês formavam um ótimo casal. Aliás, eu acho que seria uma boa se vocês viessem pra cá nas férias, ele parece ser...
— Mãe, terra chamando! — cortei sua fala. — Eu não namoro mais ele. E é Harvey, não Harry. — suspirei fundo vendo o sorriso da mulher murchar.
As vezes eu acho que ela gosta mais dele do que de mim, sua própria filha!
— Ah... — disse apenas.
O som da campainha tocando me fez franzir o cenho.
— Mãe, eu preciso desligar.
— Tudo bem mas olha, não esqueça de se alimentar bem para não virar um palito de fósforo e vê se aprende a pelo menos fritar um ovo.
— Tá bom.
— Beijo, te amo.
— Te amo. — mandei beijo com as mãos e acenei logo fechando meu notebook e suspirando, me colocando a caminhar em direção da porta, visto que a pessoa não parava de tocar a merda da campainha. — Já vai, inferno... — a frase ficou no ar quando vi quem estava tocando minha campainha.
— Olá, anjo. — ele disse, sorrindo cínico.
Harvey, mais conhecido como minha ruína, estava ali, na porta da minha casa, sorrindo.
Minha doce e cruel ruína.
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Um pedido de socorro •HC•
RomanceQuando se ama alguém, nada mais importa, apenas aquela pessoa é importante. Saber se ela está bem é importante, ser o motivo dos sorrisos bobos dela é importante. Estar ao lado dela é importante. Era assim que Brooklin se sentia em relação a Harvey...