Dia 22

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"22- Pegue o livro mais próximo de você, abra na página 27, leia o primeiro parágrafo e escreva algo baseado nisso"


A tarefa é muito simples, não é, amigos? Errado. Quando se trata de mim, e principalmente, quando se trata de mim e a escrita, é claro que há um jeito de complicar até os detalhes mais simples da vida. Ah, eu posso tornar uma cartinha manuscrita de frase única tão difícil quanto uma monografia sobre matemática. Esta sou eu. 

Mas qual a dificuldade em escrever algo baseado no primeiro parágrafo da página 27 de um livro? Você, caro leitor, me pergunta. Eu, caro leitor, me pergunto. A resposta é tão extensa e detalhada quanto (perdoem-me o linguajar) a merda deste desafio.

Primeiro que é algo específico demais. Eu gosto de especificidade, me é de grande ajuda, principalmente em dias de crise (lê-se: dias de criatividade em falta). Porém, como tudo na vida, deve haver equilíbrio. Nem de mais, nem de menos. É algo matemático, filosófico e, até mesmo, químico. O equilíbrio é essencial e, claramente, não está presente nesse desafio. Já começa por aí. 

Segundo, o livro que eu tenho por perto é um livro de psicologia. Não, eu não sou psicóloga, não faço faculdade de psicologia, não faço curso, não tenho nenhuma aula do tipo em minha grade de estudante de Ensino Médio. Comprei o livro por livre e espontânea vontade porque, obviamente, sou um caso de leitora (e de ser humano) peculiar. Certo, o livro é de psicologia, e aí? Aí que é nesse detalhe mora toda a complexidade do negócio. Para começar, eu nem cheguei à página 27 do livro, eu mal li o primeiro capítulo do exemplar, parei na introdução (essa é a mais realista representação de como está minha vida de leitora nos últimos meses). Então, li o primeiro parágrafo da página 27 e, como eu desconfiava, é uma coisa de nível absurdo escrever algo baseado naquilo. Para uma leiga como eu, é impossível. Eu sequer compreendi o parágrafo, parecia grego, cheguei a me questionar o que eu tenho na mente para ter comprado esse livro (é muita aleatoriedade para uma pessoa só). 

Então, você leitor pode até dizer: ah, mas você não tem outro livro? Ter, até tenho. Uma prateleira inteira. Mas, sente-se aí leitor, porque, como mencionado anteriormente, a arte de complicar é minha área de domínio. Os demais livros estão todos um ao lado do outro, ou seja, mesma proximidade de minha pessoa. O desafio pede que seja o livro mais próximo. Eu olho para aquele monte de livros, todos à mesma distância, nenhum deles é o mais próximo porque o mais próximo entitula-se O Estilo Emocional do Cérebro, então, chego à conclusão de que eu  não posso escolher entre eles. Acabaria com a graça do desafio. Além de que sou muito indecisa para isso, mas, por uma questão de gentileza, fingiremos que isso não é verdade.

O fato é: eu poderia me desdobrar na melhor psicóloga sem diploma para escrever algo baseado no primeiro parágrafo da página 27 do livro O Estilo Emocional do Cérebro (o desafio é tão detalhado que chega ser chato de descrevê-lo), ou de um outro livro aleatório. Mas eu, em toda minha loucura de escritora e de ser humano, preferi escrever esse desabafo sem nexo só para preencher o espaço. Até porque, convenhamos caros leitores, se não fosse desse jeito, não seria eu.

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