We Begin By Coveting What We See Every day

Where's Lecter?

Ouvi a campainha tocar e fui atender a porta.

– Boa noite, Starling.

– Sr. Crawford... boa noite.

– Posso entrar?

– Claro. Entre e sente-se.

Ele se sentou no sofá e com uma expressão séria, disse:

– Starling, não quero te atrapalhar. Só gostaria de comunicar que estamos pensando em tirá-la do caso de Lecter.

Fiquei chocada.

– O quê? Como assim me tirar do caso dele? Não podem fazer isso! Eu analisei ele e sei como ele pode reagir às coisas! Sei que ele não virá atrás de mim, mas eu preciso ir atrás dele!

– Mas...

– Sr. Crawford, por favor. Eu não terei paz enquanto não encontrar Lecter.

– Ok, Starling. Concordo que você o analisou e o conhece bastante, ou pelo menos acha que conhece.

– Exatamente por isso que sou a mais qualificada a cuidar desse caso.

– Vou falar com minha equipe e ver o que posso fazer.

– Muito obrigada, sr. Crawford. De verdade.

– Por nada, Starling. – disse ele, sorrindo.

Jack Crawford se levantou e eu o levei até a porta.

– Boa noite, sr. Crawford.

– Igualmente, Clarice.

*FLASHBACK ON*

"– [...] Clarice. Posso chamá-la de Clarice?"

*FLASHBACK OFF*

Eu me perguntava o porque de que a maioria das coisas que eu fazia me lembravam o dr. Lecter. As mínimas coisas no meu dia... por que diabos esse psicopata não saía da minha mente? Era algo inexplicável e incontrolável.

Como já era tarde, fui tomar um banho. Assim que saí e me troquei, fui até a cozinha preparar um chocolate quente para tomar enquanto assistia ao noticiário na TV.

Tudo o que eles passavam era sobre a fuga de "Hannibal The Cannibal", como o chamavam. O FBI queria muito capturá-lo, pois era uma das maiores ameças à vida humana.

"Eu irei pegá-lo. De qualquer jeito!" – pensei.

Acabei adormecendo no sofá.

O que eu havia dito à Crawford estava certo. "Eu não terei paz enquanto não encontrar Lecter", com certeza foi por isso que mais uma vez acordei de madrugada com o insuportável grito dos cordeiros.

Desde então não consegui mais dormir direito, como todas as vezes. A minha sorte é que eu não iria trabalhar neste dia, pois era sábado, o meu dia de folga.

Saí para comprar o jornal e quando voltei pra casa havia um envelope na minha caixa de correio.

Já suspeitei de quem era, então peguei minhas luvas e o abri cuidadosamente.

Obviamente, havia uma carta dentro, dizendo:

"Olá, Clarice.

Veja só: nos falamos ontem e eu já estou com saudades.

Sim! Sinto falta do nosso "quid pro quo", lembra? Afinal, querida Clarice, você havia prometido que iria me contar quando os cordeiros parassem de gritar. Eu quero muito saber, mas não agora. Já lhe garanti que não irei procurá-la, mas sei que você virá atrás de mim. Tente me encontrar, Clarice; e se conseguir, será um prazer recebê-la.

Seu amigo,

Hannibal Lecter."

Onde está você, doutor?