- ME SOLTEM AGORA !- eu gritava e chorava, tentando me soltar do montinho de enfermeiros e médicos que tentavam me segurar e me acalmar, aplicaram uma injeção em meu braço e aos poucos fiquei sonolenta, até não ouvir e ver nada, adormeci....
Despertei no dia seguinte do acontecido, meus olhos ainda um pouco embaçados, mas aos poucos voltando ao normal, abri o meu melhor sorriso, ao ver minha mãe ao meu lado sentada na cama.
-Mãe? - a chamei com minha voz rouca e tão baixa que quase nem eu mesma conseguia me ouvir.
-Oie querida!- Ela passou sua mão em meu cabelo e me respondeu da forma mais doce que eu não pude me conter, e fechei meus olhos, sentindo seu toque.
- Eles me ligaram ontem, eu corri para o hospital o mais rápido possível, mas quando cheguei, você já estava adormecida, então, apenas fiquei aqui do seu lado.-
Ela abre o seu sorriso único, mas pude perceber a tristeza que também transmitia dele.- Estou bem agora mãe, por que não vai pra casa e descanse um pouco ? - peguei em sua mão, e dei um sorriso.
- você tem certeza? - o tom de preocupação em sua voz é clara - eu posso ficar e cuidar de você.
- Não se preocupe, estou bem, agora vá. - soltei sua mão, ela se aproxima, beija minha testa, e sai do quarto.
Mas não era verdade, eu não estava bem, eu estava naquele lugar, porque dias antes, eu estava tentando tirar minha própria vida, estava desesperada, e descontava em comida, descontava em mim, tudo pra mim era um inferno, principalmente minha escola. Lá se passaram meus piores dias, minhas piores noites, em que eu passava chorando e planejando, como iria me matar.
Até que um dia, eu tentei, com várias pílulas em minha mão, me olhei no espelho, pensando coisas ruins sobre mim, me maltratando, até que engoli, minha mãe me encontrou, ela abriu a porta e me viu ali, jogada no chão, com espumas saindo da minha boca, e desesperada ligou pra ambulância, e me internou por dias aqui.
Eu tenho crises, quase todos esses dias que fiquei aqui, tem noites que acordo aos gritos, e tem noites que eu apenas me desespero, e pra mim, minha única saída, é a comida, vou até a cantina do hospital, mas não consigo entrar, eu entro em crise, eu grito, eu choro.
...Resolvo levantar um pouco, e passear pelo jardim do hospital, sentir o ar fresco sobre meu rosto, e dispensar da minha mente, tudo que aconteceu, eu queria aquele momento só pra me sentir livre de mim mesma. Sento no banco, e no gramado há alguns pombos, que estão sempre pra lá e pra cá, o que me faz refletir sobre a vida, minha vida.
-Emma!- ouço uma voz me chamar, e viro o rosto pra reconhecer quem é.
-Aly!- Respondo a reconhecendo, Aly era uma amiga que eu havia conhecido no hospital, ela foi uma das únicas em quem conversei sobre tudo, nós nos tornamos boas amigas, até demais, diria eu.- O que faz aqui? Não deveria está descansando?
-Eu fugi- Ela riu e se sentou ao meu lado no banco, e se juntou a mim para observar os pombos, a olhei com reprovação. - ah qual é Em! eu não podia ficar o dia todo, deitada naquela cama, olhando pra cima, sentindo o maior tédio do mundo, ainda mais, quando você está aqui.
- Eu não irei contar nada, só dessa vez- Ela sorriu, se ajustando no banco. - Mas só dessa vez- repeti a avisando.
Já fazia meses que Aly estava naquele hospital, nunca soube ao certo o que realmente ela tinha, mas de acordo com seu padrasto, ela surtou em uma noite, e o agrediu, ele diz que ela sente falta da mãe, que faleceu a um ano, mas eu não consigo acreditar nele, nem um pouco, toda vez que eu pergunto algo de seu padrasto, o seu jeito muda, sua voz, seu olhar, ela fica tensa de uma forma que eu a nunca vi antes, ela só fica assim, quando o assunto são agulhas, mas nem com as agulhas, ela ficara tão tensa.
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I'm Fat (Eu sou Gorda)
RomansaEmma Carter, uma garota de 17 anos, que foi internada ao tentar se matar, dentro de seu banheiro, sua escola não facilitava, e no seu ponto de vista, seu corpo, era o fim pra ela, mas tudo mudou, quando conheceu o seu destino, como ela diz, o seu fu...