E finalmente era o dia de partir do hospital, arrumei minhas malas, enquanto minha mãe esperava no lado de fora, com o carro. Antes de sair, eu fui me despedir de Aly, ela está se recuperando bem, voltamos a nos falar normalmente, e nunca mais tocamos naquele assunto, nem queremos.-Aly?- Bati na porta de seu quarto.
-Em!- entusiasmada abre a porta e me abraça em seguida. - Soube que você está indo embora, eu irei sentir tantas saudades, eu tenho uma coisa pra você, entre.- Disse ela me puxando pelo braço.
-Calma, você vai acabar arrancando meu braço!- Nós duas rimos, entrei e me sentei no sofá, que tem perto da cama, ela pegou um colar com uma bailarina e me entregou.
- Esse colar, é importante pra mim, e eu quero que fique com você, pra cuidar de você, já que eu não estarei mais por perto.- Disse ela pegando o colar da mão, e passando pelo pescoço.
- Aly, ela é linda, Obrigada- passei os dedos pelo colar, já em meu pescoço. - eu também tenho algo pra você- tirei do meu bolso um pingente e a entreguei. - Pra nunca se esquecer da nossa amizade.- Ela sorriu e me abraçou, ficamos alguns minutos assim.
- Agora, eu tenho que ir, amo você Aly- seguro suas duas mãos, a encarando-a.
- eu também amo você Em!- E assim nos despedimos, sai do seu quarto, e fui em direção a saída.
Minha mãe estava estacionada de frente ao hospital, era mais uma clínica pra falar a verdade, peguei minhas malas e fui em direção ao carro, abri o porta-malas, despachei as malas, e entrei no carro, o cheiro de cigarro era muito evidente, minha mãe tentava esconder que ela fumava, mas eu já sabia, então fingia não saber.
-Oie Mãe - Falei, batendo a porta do carro.
- Emma finalmente você saiu, tenho uma surpresa pra você, em casa.- Ela diz, empolgada.- você não me parece que está feliz
-Acho que estou, estou com medo, eu não sei se sou forte pra voltar a minha vida de antes- Passo o cinto e o aperto, minha mãe liga o carro, e fomos em direção a uma cafeteria.
-Claro que é Emma, de qualquer forma,você ainda tem sua terapeuta, e você vai ter a surpresa que eu vou te dar- Dessa vez ela liga o som, em altura razoável, pra mostrar sua felicidade.
- Que surpresa é essa mãe ? Você sabe que eu não gosto de surpresas, das últimas que a senhora aprontou, não acabou muito bem. -Digo, relebrando-a.
-Essa você vai gostar, tenho certeza, agora pare de ser chata, e curte o som- Ela aumenta ainda mais um pouco, e começa a cantar, eu nunca a vi assim, mas de qualquer forma, me faz feliz.
...
Quando chegamos na cafeteria, minha mãe ainda dentro do carro, começou a dá uns retoques na sua maquiagem, eu a encarava, mas bom, ela não ligava muito, me olhei no espelho, e tive a sensação de que estava mais feia do que o normal, então apenas sai do carro, e entrei dentro da cafeteria.
Tudo era muito rústico, mas bonito, agora sei o porquê minha mãe se arruma tanto, para uma cafeteria, o balconista, ele é simplesmente lindo, olhos claros, pele morena, minha mãe sabia escolher. Encontro uma mesa perto da janela, e me sento esperando a senhora Beth Carter entrar.-Filha, demorei ?- Minha mãe se aproxima, senta, da uma última olhada no espelho, e se prepara para seu jogo de sedução.
-Um pouco ...- Digo desconfiada. - Mãe, a senhora ta tentando impressionar o balconista ?
-Eu ... eu ? Claro que não meu bem, que besteira.
Eu a olho desconfiada,ele é previsível, então eu sei que ela está tentando conquistar o balconista, eu não me importo, meu pai nos abandonou, quando eu tinha apenas 3 meses de idade, ela quer voltar a sentir o amor de novo, eu a entendia, então não ligava.
- Mãe, pede algo pra nós, eu irei ao banheiro.- Me levanto, e vou até ao banheiro, eu não gosto de espelho, então evito em me olhar em um, mas naquele momento, parecia que o espelho me chamava, foi onde tudo começou, em um banheiro, com um espelho,
Eu estava quase entrando em uma das minhas crises, quando ouço alguém me chamar.-Emma? Emma Carter? -Uma garota de cabelos claros,curvas e peitos enormes, aquela garota que eu posso chamar de menina padrão "com certeza".
-Lucy Miller?- Eu a olho reconhecendo-a, eu não estava empolgada por ve-la novamente, mas também estava me sentindo mais segura, por ver um rosto conhecido.
Lucy era minha amiga de infância, brincávamos de tudo, não podíamos ver árvores, que queremos subir ou bonecas, nós podíamos nos chamar de típicas melhores amigas, Lucy sempre foi inteligente e muito linda, querida do papai, as vezes eu a invejava, pois eu não tinha um pai, em que eu pudesse ser querida.- Eu senti tantas saudades sua Em- Ela veio em minha direção e me abraçou, fiquei sem reação, mas retribui seu abraço.- você sumiu, sua mãe disse que você tinha viajado.
- É ... viajei sim- Minha voz saiu baixa.
Mentira, eu não tinha viajado, eu estava internada, em tratamento, pois eu tinha tentado me matar, mas eu tinha que parecer normal, não uma menina louca suicida.- amanhã a noite, eu e alguns amigos, vamos sair pra uma lanchonete, venha com a gente Em, eles vão te amar- Ela aperta meu ombro
- Não sei não Lucy, eu acabei de voltar de viagem, sabe ...
- por favor Em!- Ela estava praticamente implorando.
- Tudo bem, eu vou- Digo cedendo a sua súplica. Ela me abraça, se despede e sai do banheiro.
Eu não sei o porque de ter aceitado, eu posso estragar tudo, e voltar pra clinica, eles podem não gostar de mim, ou tirar sarro por eu ser gorda, eu tenho tantas razões para não ir, mas por algum motivo, eu aceitei.
Voltei para a mesa, minha mãe estava pedindo algo para o balconista, ou melhor, seduzindo o balconista, eu ignorei, e comecei a observar as pessoas, o modo que agiam, o modo de olhar, de falar, eu gostava de observar o jeito das pessoas, cada um tinha seus proprios problemas, uns resolviam, outros não, todos muitos diferentes uns dos outros.
Minha mãe voltou para a mesa, com nossos lanches, com um sorriso ponta a ponta.- Então mãe, conseguiu ? -Disse, abrindo um dos meus sorrisinhos
-Consegui!- Ela praticamente gritou, empolgada. - amanhã a noite, vamos a um encontro!
- Que bom mãe!- comecei a comer meu lanche, minha mãe fez igualmente, assim terminamos, e fomos para casa.
...
- Mãe, já posso abrir os olhos ? - pergunto, andando em direção ao meu quarto, minha mãe estava com as mãos em meus olhos.
-Tamtam!!- Ela tira as mãos de meus olhos, para me mostrar sua surpresa.
- Um gato ?- pergunto, surpresa.
-É! Ele é lindo não é ?- Minha mãe pega o gato de cima da minha cama e entrega em meu braços.
- É lindo mãe, mas ...
-Vamos Emma, tente, você vai gostar, agora irei dormir um pouco, enquanto isso, tente dá um nome pra ele.- Ela me dá um beijo, e sai de meu quarto.
Deitei em minha cama, e levantei o gato, para que eu pudesse olhar para ele, durante alguns minutos pensando, resolvi chama-lo de Sheldon, durante um tempo, adormeci.
...
Acordei na manhã seguinte, e fui ao banheiro, entrar naquele lugar, era como entrar numa cena de crime, a cada canto em que eu olhava, era uma lembrança, do que eu tinha feito, balancei a cabeça, para espantar essas memórias, e tomei um banho.
Hoje era o meu primeiro dia de aula, eu não piso na escola, já faz tempo, eu não sei se estava preparada para aguentar o ensino médio, as piadinhas, tudo. Mas precisava começar de novo, ou tentar começar.
Me arrumei, com meu calções e blusas enormes, era sempre as mesmas roupas, o mesmo cabelo, eu era dessa forma, e isso doía em mim.
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I'm Fat (Eu sou Gorda)
RomansEmma Carter, uma garota de 17 anos, que foi internada ao tentar se matar, dentro de seu banheiro, sua escola não facilitava, e no seu ponto de vista, seu corpo, era o fim pra ela, mas tudo mudou, quando conheceu o seu destino, como ela diz, o seu fu...