Pequeno início

30 5 1
                                    

Era mais um começo de semana, segunda feira, para ser exato. Pessoas andam calmamente pelo famoso Calçadão, mas o que isso tem haver com a nossa história? Tudo começa nessa segunda, que era pra ser mais um dia comum, onde eu acordaria as 7 da manhã, tomaria meu banho e em sequência meu café e iria para o meu escritório. Antes que cogitem, eu não sou psicólogo, pensei nesta área uns 4 meses antes de tentar a bolsa na universidade de Portugal, mas mudei de ideia, talvez um pouco de mistério seria mais interessante do que problemas alheios (sim, eu pensava dessa forma, até descobrir que detetives também se envolvem em problemas alheios). Estava pronto para sair, peguei meu chapéu, meu sobretudo e minha maleta que continha alguns documentos e umas palavras cruzadas para poder disfarçar o tédio que as vezes acabava comigo. Olhei ao redor do meu pequeno apartamento, que por ironia do destino ficava isolado quando eu saia para o trabalho, peguei minhas chaves que estavam em cima do balcão, e finalmente sai. O silêncio era algo comum naquele edifício, tudo bem calmo, meus sapatos faziam barulho ao pisar, pois bem, tenho medo de elevador. Cheguei a portaria e Expedito, o porteiro, estava sentado com sua xícara de café e seu jornal.

- Bom dia senhor Bruno. Como está nessa manhã?- disse com um sorriso amarelado.
- Ansioso, eu diria e o senhor?
- Tudo tranquilo. E qual o motivo da sua ansiedade?- Fitei por um momento, e pensei em minha resposta Ansioso, eu diria, mas não havia motivos para tal ansiedade.
- Sinceramente? Não há motivos, mas estou ansioso. Vou indo que já estou atrasado- mentira, não estava atrasado, só não queria papo com aquele simples Senhor, que a maioria das vezes que me via, enchia-me de perguntas aleatórias sobre a minha profissão- Tenha um bom dia.

- Desejo o mesmo.

Assim que coloquei os pés para fora da portaria, observei aquela amanhã, estava cinza, o céu completamente nublado, o vento estava fraco mas gelado, as pessoas andavam com casacos que demonstravam ser quentes, estava um dia completamente contraditório ao verão, respirei fundo e fui em direção ao meu carro, um Fusca 1960, turquesa, tinha alguns arranhados na lateral esquerda, resultado de uma fuga, pois é, além do meu escritório, trabalho como detetive para a polícia, são os casos mais interessantes, mas sinceramente, quase não ganho mérito em relação a eles, por isso prefiro trabalhar sozinho, sei que é complicado, mas nada melhor que a sua liberdade, não é?

Meu escrito fica a certa de 5Km do meu apartamento, eu poderia ir andando, ir de bicicleta, porém, sou uma pessoa bem desanimada para isso. O trânsito nesse horário é tranquilo, algumas pessoas correm pelo calçadão, nada que seja incomum, gosto de observar as coisas por mais monótonas que sejam, aliás, sou um detetive, esse é meu trabalho.

Depois de 10 minutos, chego em meu escritório, Gabriela, minha assistente/mais secretaria que assistente, já estava lá, sentada em sua mesa, lendo o jornal da manhã

-Bom dia Senhorita- ela fechou o jornal e logo abriu um sorriso.
-Bom dia senhor Bruno, como está?- Gabriela era uma jovem de 20 anos, seus cabelos longos e escuros combinavam com a sua pele morena e com seus olhos cor de mel, tinha aproximadamente 1,60 de altura e sempre vestia uma calça social, uma camisa clara, suspensório e um blazer por cima, hoje um lenço fazia parte do seu vestuário, ela estagiava no meu escritório há 4 meses, era uma boa moça, bem eficiente, porém, as vezes intrometida demais.
-Estou bem e com você?
-Tudo tranquilo, gostaria de um café?
- Não, obrigado. Algum caso para hoje?- disse observando sua mesa, não havia nenhuma anotação, sinceramente me desapontou um pouco, no começo do ano sempre tem casos de desaparecidos.
- Infelizmente não. Mas avisarei assim que receber alguma ligação ou se chegar alguém.
- Está certo, vou para minha sala, qualquer coisa só bater.- Ela respondeu com um aceno de cabeça e voltou a ler seu jornal.

Entrei na minha sala, o cheiro de café, papel e cigarros faziam parte daquele lugar, a foto da minha ex esposa que ficava do lado esquerdo da minha mesa. Aaah, Laura, doce Laura, tão linda, pena que o câncer teve que estragar a nossa vida. Algumas pastas no armário que ficava no canto direito e um pouco de pó acompanhavam o ambiente, andei em direção a janela e a abri, um vento gelado tocou meu rosto, observei as ruas que começavam a ficar movimentadas. Voltei meu foco ao trabalho, e fui para minha mesa, olhei a velha máquina de escrever e percebi que precisava trocar a fita, abri a gaveta que tinha na minha mesa e havia um envelope pardo estava, meu nome estava escrito nele, com uma letra caprichada, estava perfeitamente lacrado, antes de abri-lo resolvi perguntar para Gabriela se ela sabia sobre o tal envelope, coisa que dúvido, pois sempre que há um caso, ela deixa em cima da mesa ou me entrega pessoalmente. Na recepção, Gabriela escrevia num caderno, provavelmente alguma coisa da faculdade.

- Gabriela...
- Sim?
- Você deixou esse envelope na minha gaveta?- Ela me olhou meio confusa
- Não, não me deixaram nenhum envelope. O senhor acha que é algum caso?
- Ainda não sei, mas irei descobrir!

O Assassino da GravataOnde histórias criam vida. Descubra agora