Um novo caso

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Fiquei surpreso com aquele envelope que apareceu do "nada" na minha gaveta.
Depois de não ter tido sucesso com a Gabriela, voltei à minha sala para poder abri-lo. Me sentei, meus olhos estavam fixo naquela caligrafia, havia beleza e mistério em simples palavras. Peguei o estilete e fui abrindo delicadamente o envelope para não estragar o conteúdo que ali havia.

"Se estou querendo deixar esse caso mais misterioso? Realmente estou, não vou assinar esse bilhete, ou melhor, essa carta. Para facilitar, sou uma mulher, tenho 32 anos e preciso de sua ajuda.
Não sei se sabes ou se lembras, um assassinato que aconteceu fazem 3 anos, um homem, ou melhor, meu futuro marido Rodolfo, de 29 anos, foi assassinato no salão da igreja São Sebastião que fica no centro da cidade. Foi esfaqueado horas antes do nosso casamento, ferimentos horríveis, porém, algo surpreendeu a todos, não havia vestígios algum do crime, nem sangue, nem digitais, a arma utilizada para mata-lo, também não estava ali. No seu pescoço havia uma gravata vermelha, um vermelho sangue que chamava atenção de todos que viram a cena. Para não deixar dúvidas, a gravata que ele usaria para o casamento, era borboleta e de cor preta. Não descobriram quem fez isso até hoje, o caso está prestes a ser arquivado.
Semana passada, um jovem foi assinado na véspera do casamento, e
também não tinha vestígio algum e aquela maldita gravata vermelha estava lá. Não sei se vai lhe ajudar, mas ele também iria se casar na igreja São Sebastião, a pobre viúva sabe que estou te escrevendo e disse que posso estar lhe passando o contato dela, para te ajudar. Mais uma informação, já houveram outros assassinatos do mesmo jeito, isso me preocupa!
Espero que consiga me ajudar e ajudar os futuros casamentos. Parece loucura, mas não tenho a quem recorrer, a polícia não se importa com esse caso.
Agradeço desde já!"

Homens sendo mortos na véspera do casamento, coisa de um psicopata maníaco, nunca tinha visto um caso dessa maneira, principalmente porque parecia loucura. Havia mais um bilhete dentro do envelope

"Penelope Machado de Góes.
Endereço: Copacabana, edifício 1.205, número 15, andar 3. Telefone 4567-1599"

Fiquei paralisado por um tempo, observando o nada, fiquei completamente surpreendido, peguei minha carteira de cigarros e fui novamente em direção da janela, acendi um cigarro, estava ansioso para começar investigar. Peguei o bilhete com as informações da tal Penelope e levei para Gabriela.

— Sim, minha cara! Tenho um novo caso. E diria que um caso totalmente surpreendente em comparação a todos que já investiguei.

— Posso saber detalhes?–Ela percebeu minha eufória

— Creio que ainda não. Mas por favor, entre em contato com essa moça e  por gentileza, marque um encontro com ela, claro que se possível. Deixe ela informada que eu sei do acontecimento e cite meu nome, não deixe ela com a desconfiança apitando. Cuide de tudo pra mim –Ela pegou o papel e leu com cuidado as poucas informações que ali continham.

— Um caso grave?– Percebi o entusiasmo em sua voz também.

—  Acredito que um caso de um completo psicopata. Vou dar uma saída, tente falar com Penelope. Tentarei voltar logo. Até já!– Disse indo em direção a saída

— Senhor Bruno?– disse Gabriela me chamando

— Sim?– Olhei para sua face

— Não vai levar sua maleta?

— Meu Deus!– Comecei a ri — Você tem razão.

Voltei para minha sala, peguei minha maleta extra que ficava perto do armário, blocos de anotações, canetas e meu gravador, estava quase me esquecendo do meu distintivo. Parei um pouco olhando o local e pensando se esqueci de alguma coisa, peguei o porta retrato da minha esposa, foi aquele sorriso que me chamou atenção, ela fazia parte da guarda civil, foi em um caso que à conheci, seu cabelo ruivo, pele branca, olhos verdes, tudo aquilo complementava a beleza que ela tinha por dentro. Em um piscar de olhos, voltei minha atenção para a maleta, deixei ela pronta para encontrar Penélope, caso ela concorde com o nosso encontro, deixei a maleta num canto fácil para encontrá-la. Peguei as chaves do carro e minha carteira que estava ao lado da máquina de escrever, antes de fechar a porta, olhei para o relógio da parede, marcando 11:45, estava perto do horário do almoço de Gabriela

— Algum resultado?– Perguntei a minha secretária

— Ela não está em casa. Passei o número do escritório para a empregada e disse que qualquer coisa eu entrava em contato.

— Quero acreditar que ela realmente vá entrar em contato.– Observei o livro que ela lia– Sidney Sheldon?

— Sim, ele e Agatha Christie, são meus escritores favoritos.

— Te compreendo bem– Passou um flash de memória. Lendo Agatha Christie que me deu vontade de ser o que sou hoje, lógico que Sherlock Holmes tem um pouco de influência.— Vou dar uma saída, tentarei voltar logo. Se quiser sair para almoçar, fique a vontade. Até mais.

— Tudo bem, obrigada.

O vento estava mais gelado e o céu mais nublado, tudo indicava que iria chover. Fui em direção ao meu carro, antes de entrar, coloquei minha mão no bolso do sobretudo procurando minha carteira de cigarros, "Otimo, perdi mais uma carteira", entrei no carro, liguei o motor e fui dirigindo pela rua movimentada.

O Assassino da GravataOnde histórias criam vida. Descubra agora