IV - Mala Direta

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Jim foi de carro até Tacoma depois de se dar uma folga; ele era integralmente e unicamente dedicado ao trabalho, portanto isso não ia matá-lo.

Isso significava não participar do Jantar da Cabala Heterossexual com os convidados surpresa Ben e Liddy. Mas todo mundo deu a ele crédito quando souberam que isso seria por Ed e alguns idiotas de Hollywood que queriam fazer um filme sobre o martírio de Ed depois do assassinato de Carmen.

Ele prometeu a Ben que iria em sua nova casa no próximo fim de semana. E jurou a Mimi que faria o Jantar de Poder da noite de sexta do próximo mês. E fez um monte de outras promessas que ele sabia que teria de cumprir ao entrar em sua caminhonete e se dirigir para Tacoma.

Eles pensavam ser a prova do excelente caráter de Jim que ele fosse tão dedicado a Ed. Fazendo visitas, ligações e enviando dinheiro. - mas apenas o contador de Terry e Jim sabiam do dinheiro. Independente do que o homem precisasse, Jim cuidava.

Ele tinha até um ajudante local marcado na discagem rápida do smartphone que corria para cuidar de coisas que Ed precisasse. Jim não se importou em carregar esses fardos. Ed tinha muitos. Outros faziam o que podiam, mas a ligação de Jim a Ed estendia-se para áreas além de alimentação e telefonemas de check-up.

Jim sabia que Ed estava morrendo. Um exame há alguns meses revelou que Ed tinha câncer no pâncreas em estado avançado, e a única pessoa, fora seu médico que sabia disso, era Jim. Junto com o prognóstico, Jim conhecia todas as vontades de Ed; em que casa funerária ele queria ser tratado e onde a escritura de tudo o que possuía estava mantida.

Durante a última visita, eles discutiram o que Jim faria com a casa e o caminhão. Ed lidou com a coisa toda com naturalidade. No grande esquema da vida, não foi a pior coisa que já aconteceu com ele. Jim conheceu seu realismo com sua própria marca de estoicismo protetor. Eles eram uma boa dupla, isso era certo.

Às vezes, Jim se perguntava se não era uma culpa equivocada, não apenas por não conseguir ver a justiça servida, mas seus próprios problemas com o pai, que morava em Vancouver em uma casa de repouso de luxo, com atendimento 24 horas por dia e o melhor de tudo fornecido por estranhos. Ou talvez culpa por ele não ter feito mais para colocar Tripp Ingersoll na cadeia.

Ou apenas o matar algumas semanas após o julgamento; justiça antiquada de vigilante com Jim alegando insanidade temporária. Ele sabia, com vergonha e segurança, que se Ed pedisse ou desse permissão, ele poderia ter feito isso.

Então, deduziu que o seu relacionamento com Ed tinha muito a ver com culpa. E pena não era um bom sentimento para uma boa relação.

***

O escritor e a atriz eram legais, quase bons demais. Daisy Baylor era uma autêntica estrela de cinema - até Jim a tinha visto em algumas coisas, e ele só foi ao cinema...

Bem, ele nunca foi ao cinema. Ela era toda brilhante com cachos ruivos perfeitos e um vestido que ele suspeitava custar mais do que todos os quatro de seus últimos pneus de neve juntos. Ela era carinhosa e gentil com Ed, e Jim o viu se iluminar possivelmente pela primeira vez. A única coisa que se aproximou disso foi quando Ed entrou em um humor melancólico ocasional e decidiu falar sobre Carmen e Délia.

Jim suspeitava que Daisy Baylor lembrasse a Ed um pouco de Délia no auge de sua juventude, os anos antes que as coisas ficassem feias, com Carmen crescendo, se metendo em confusão e, eventualmente, fugindo. Isso, combinado com o avanço do câncer, sem dúvida colocou na mente de Ed que ele queria fazer esse acordo agora.

Jim entendeu, mas não gostou. O escritor usou o tom perfeito para convencer Ed. Isso fez com que Jim suspeitasse. - "Toda essa seriedade, honestidade e nota de súplica em sua voz deve ser falsa." - Jim também achou Griffin muito bonito de um jeito meio geek; e Jim suspeitava que ele tinha um senso de humor afiado sob todo aquele show formal.

Amor & Lealdade (Fidelidade, Amor e Devoção #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora