Capítulo 7 - Queda da janela

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Assim que Adam saiu do seu quarto, Madison bufou, se jogou na cama lançando um último olhar às estrelas e murmurou: "Sorte a de vocês, que ficam aí em cima, não sofrem, não tem problemas. Vocês apenas brilham, iluminam tudo e todos. Não são julgadas, não cometem erros, são sempre admiradas".

Madison estava chateada com quase tudo: que os comensais mataram Tânia, que tinha tanto para viver; que Emma estava sofrendo; que Megan havia recebido uma carta de McGonagall e não lhe contara o que era, e o mais fatal motivo: Megan afirmou que ela não poderia usar o vira-tempo para salvar Tânia. Madison discordava.

Quando percebeu, havia adormecido.

Acordou com o vento forte vindo das janelas, as cortinas beges ― que uma vez já foram brancas ― dançavam no ar. Madison entreabriu os olhos e observou o quarto, Safira e Isabelle dormiam tranquilamente com seus cobertores grossos.

Ela se levantou e foi tentar fechar a janela, pois, fazia muito frio e a agitação dos ventos fazia com que os cabelos de Madison ficassem balançando e isso a incomodava. A garota debruçou para fechar a janela e esticou o braço para tentar puxar uma parte da janela de cada vez.

Conseguiu puxar a primeira parte, embora o vento não estivesse nada favorável. Ela puxava para fechar e o vento exercia força para abrir. Confusão. Travou a parte que conseguiu puxar e foi tentar puxar a outra.

O vento soprava cada vez mais impiedosamente, Madison usava toda sua força para tentar puxar a janela. O vento soprava forte demais dessa vez, com a força que a garota fazia, ela acabou desequilibrando e sendo pulsionada para frente.

Madison teria caído se sua mão não estivesse segurado rapidamente numa parte da janela. Ela ficou pendurada, com o vento soprando muito forte e quase a balançando como uma folha numa árvore.

― Ai Merlin, o que eu vou fazer? ― murmurou no meio da escuridão da noite.

Foi aí que ela olhou para o céu novamente. As estrelas que iluminavam o quarto antes dela adormecer, não estavam mais presentes. Agora, apenas a escuridão tomava conta de tudo, a noite estava sombria demais, nem o brilho da Lua conseguia ultrapassar a nebulosidade daquelas nuvens cinzentas.

― Há algo errado, sei que há ― afirmou Madison com convicção ― Não posso pensar nisso agora, preciso descer daqui.

A janela tremia e balançava de um lado para o outro, mas, Madison segurava com firmeza. Quando achava que a mão não iria aguentar segurar sozinha, tentava cravar as unhas na madeira. Olhou tudo à volta para tentar ver uma saída, mas, nada enchergava na escuridão. Talvez ela poderia acordar uma das meninas, mas, elas não poderiam fazer muito. Talvez ela poderia pular, mas, com a escuridão, será que o chão estava longe?!

Madison tinha várias saídas, mas, nenhuma parecia muito certa. Tentou escalar pela parede. Segurou com apenas uma mão na janela e a outra na parede. Porém, a parede era lisa demais para ela poder escalar.

― Acho que vou ter que pular ― bufou Madison lamentando-se.

Ela olhou para baixo ― em vão, pois não conseguiria "mesmo"enchergar nada ―, respirou fundo e olhou para as mãos cravadas na janela. "1" murmurou respirando mais fundo ainda. "2" murmurou olhando para baixo novamente. "3" murmurou fechando os olhos e soltando as mãos da janela.

Madison se sentiu extremamente leve em sua "queda", o vento que batia parecia levar embora muitas de suas preocupações. Precisava se preocupar com o futuro, pois ora, o passado a gente acerta depois.

Sentiu que estava ganhando um pouco de velocidade e se arrependeu, parecia que era muito alto. Aliás, onde é mesmo que ela iria cair? Pombas, ela não pensara nisso, poderia cair em cima de uma casa, em cima de qualquer coisa, mas, ela caiu justamente em cima de um terreno baldio ― graças a Merlin.

Quando ela se chocou com a terra no chão, parecia que um par de mãos saira da terra e a segurara, pois sua aterrizagem foi suave. "Aposto que foi magia" pensou "Seja quem quer que me ajudou a aterrizar suavemente, obrigada".

Madison se ergueu do chão rapidamente e olhou para cima, Isabelle parecia ter acordado, porque viu de relance uma cascata de cabelos castanhos fechar a última parte da janela.

― Para ela foi tão simples ― disse Madison com uma certa amargura e um certo humor ― Como vou fazer agora?

Vagalumes apareceram literalmente no nada e se acenderam indicando um caminho. Madison resolveu seguir, não tinha nada a perder, aliás, comensais não poderiam controlar vagalumes... ou poderiam? Provavelmente não.

Quando a trilha de vagalumes chegou ao fim, Madison se viu novamente de frente para a entrada do Caldeirão Furado. "Se pelo menos eu tivesse minha capa de invisibilidade" lamentou-se. Ela entrou devagarzinho e não viu ninguém ali em baixo. O bar geralmente ficava aberto a noite, havia seguranças, mas, se o seguranças tivessem vendo-a, provavelmente a reconheceria.

Subiu as escadas pisando levemente em cada degrau e quando entrou no seu quarto, Safira estava sentada na cama com as mãos na cabeça e Isabelle encostada na janela.

― MADISON! ―Isabelle quase gritou ― Onde você estava? Acordei para fechar a janela e não vi você na cama. Aí eu vi aquela escuridão lá fora, ficou louca de sair essa hora da madrugada? São 3 da manhã!

― Fala baixo ― censurou Safira colocando a mão no peito e respirando aliviada.

― Eu fui fechar a janela e acabei caindo ― Safira e Isabelle arregalaram os olhos quando Madison contou ― Então eu fui guiada por vagalumes até a entrada do bar, e cá estou eu.

― Você machucou? ― perguntou Safira preocupada analizando Madison que aparentemente só estava descabelada.

― Não, alguma coisa amorteceu a minha queda ― esclareceu Madison ― Essa história está muito estranha aliás, amorteceram minha queda, fui guiada por vagalumes, e o céu está"muito "escuro.

― Acho melhor não me metermos, nem devemos nos preocupar com isso agora ― disse Safira com firmeza ― Andem, vamos dormir. Amanhã precisamos acordar cedo para conversarmos com Emma.

Isabelle e Madison se entreolharam, Safira nunca fora de falar de modo tão "mandão" assim. As três deitaram novamente e quase de imediato, adormeceram.

As Marotas IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora