Capitulo 1

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Folks é uma pequena e pacata cidade na península olímpica, ao noroeste do estado de Washington — a qual, antigamente, ficara conhecida pelos assassinatos brutais que aconteceram por anos sem fim, arrancando a força sua simplicidade e calmaria. Rodeada por montanhas e florestas de pinheiros e araucárias. Um lugar que parece ter se esquecido de se atualizar do mundo moderno e, está quase que constantemente coberta por nuvens. O inverno de janeiro cobre com nevasca suas construções em estilo americano antigo. o vento cortante dança entre as folhas das árvores, já rígidas pela leve camada de gelo recém formada.

Frio. Me remexo na cama de casal incomodado com a falta de calor. relutante abro meus olhos. shindou, meu namorado havia roubado minha parte do edredom.

— Babaca — resmungo baixo. observo o relógio decorando a parede branca — Céus! Já é esta hora.

— Nos vamos nos atrasar — disse afagando seus cabelos, com meu rosto próximo ao seu, o que deixou um leve sorriso aparecer. Virou a cabeça para o outro lado. 

— Você sabe que precisa — insisti — e subi em cima das suas costas, sussurrando em seu ouvido — Vamos, amor, já é tarde. Por favor, você prometeu.

shindou se virou embaixo de mim, fazendo minhas pernas contornarem sua cintura, seus olhos se abriram preguiçosos.

— Você fica tão lindo pela manhã... inclusive, sua voz está meio rouca — disse alisando minha garganta com seus dedos.

— Sinto-me estranho desde que cheguei aqui.

— Acho que encontrei a culpada — apontando para a janela aberta fazendo as cortinas brancas voarem soltas  — revirei os olhos e tombei de volta para a cama —  Tudo bem, posso ter esquecido desta vez.

— Depois você me culpa, não é? Que mal, midoriya — riu e se aconchegou atrás de mim, me abraçando — Você promete voltar logo? Vou cozinhar hoje.

— Você? — Me virei e o encarei. Shindou odiava cozinhar.

— Algum problema?

— Você não precisa ficar preocupado, só vamos nos separar por algumas horas e, sei me virar bem.

— Bem — coçou a nuca, procurando alguma desculpa — Ao menos você não se atrasa como sempre, adora um lanche — Ele sorriu divertido e eu lhe dei um soco leve.

Shindou estava preocupado, seus olhos não mentiam. Nós mudamos de Phoenix a apenas dois dias, apressados. Desde que descobri a verdadeira história do meu nascimento. Sempre soube que meus pais eram adotivos, mas não fazia ideia de que fora aqui, nesta cidade onde não há calor, onde as pessoas ainda se encaram com pavor uma das outras, que fui deixado para morrer ainda bebê, envolto a alguns trapos de couro no coração da floresta. Os pesquisadores me encontraram sem estimativa de vida, haviam cortes profundos em meus braços, marcas de mordidas na parte de trás das minhas pernas. Hemorragia generalizada. Mas, minha mãe não desistiu, ela tinha me visto chegar definhando no antigo e único hospital da cidade, enfermeira de plantão, foi a primeira a me socorrer, desde então, não me tirou mais dos seus braços. Me levou para casa, me chamou de Midorya — o que significa Vale Verde. Ela diz que combinava com o tom dos meus cabelos, explicando a minha genética grotesca. O que surgiu agora, no fim dos meus 17 anos, ela me contou. Deixei tudo, encarei a realidade gélida que é o coração de uma mãe biológica, Não que isso me importe, mas não deixa de martelar aqui dentro. Shindou decidiu vir junto, mesmo com a minha insistência que deveria encarar o meu passado sozinho. Professor de educação física, logo que chegamos foi a escola mais próxima e conseguiu o que aqui, chamam de "bico", também conseguiu alguns alunos para aulas particulares — ele riu contando o quanto as pessoas daqui gostam de novidades.

Ômegas não gritam Onde histórias criam vida. Descubra agora