Prólogo

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27 de Março de 2002.

A sombra se levanta de sua cama em um salto quando um de seus homens abre bruscamente a porta da pequena cabana, este com o medo estampado em seu rosto observa a sombra que bate o pé impaciente.

- O que foi Henry?!

- Ela nasceu de novo! - disse Henry ainda em choque na porta de entrada.

O rapaz que a pouco comemorava sua vitória agora ardia em puro ódio. Uma áurea escura pairou sobre o ser e a energia do cômodo se tornou sombria e pesada.

- Como ela ousa renascer depois de eu tê-la matado?! Como ela renasce assim, sem mais nem menos?!

A sombra esmurrou uma mesa alí perto a deixando em pedaços no chão empoeirado, sua voz já não era a mesma, era mais perversa e agressiva como se algo horrivelmente maligno o dominasse...

- Terei de cortar pela raiz enquanto ainda tenho chance! irei matá-la de novo se for preciso!

A sombra saiu irada pela floresta sem iluminação sendo seguida por Henry, seu braço direito. O vento balançava violentamente as árvores, derrubando diversas folhas pelo caminho escuro.

De pé em frente a grande mansão mágica a sombra aguardava o fim da festa de comemoração do nascimento dos gêmeos, para o desprazer da sombra que deixava explícito em seu olhar um misto de ódio e ansiedade esperando pelo grande momento.

Seus homens haviam cercado toda a casa camuflando-se nas árvores, à espreita, prontos para avançar a qualquer instante, bastava seu sinal para estes agirem.

Quando as luzes se apagam, a sombra toma a frente se direcionando à uma janela do quarto dos gêmeos no segundo andar do casarão. Já do lado de dentro lançou o sinal de ataque aos seus homens, indo em direção ao berço dos bebês logo em seguida e posicionando a adaga no pescoço da menina.

- Sinto em desapontá-lo garotinho, mas terei de matar sua irmãzinha.- disse a sombra se dirigindo ao irmão da menina ao lado.

O garotinho começou a chorar e os soluços ecoaram na cabeça da sombra o fazendo perder sua pose de vilão.

- "Não faça isso, Lowis! Este não é você!"

A voz feminina dizia.

- "Faça isso filho! só assim poderei voltar!"

Rebatia a voz masculina.

- "Não deixe que o mal o controle, filho! ouça o seu coração!"

O rapaz caiu de joelhos diante dos berços enquanto as sombras desapareciam de seu corpo, os estrondos da batalha começavam, mas o rapaz não era capaz de trava-la, não no fim de uma possessão.

- Droga! maldito lado! maldita fraqueza!

Lowis sabia muito bem que havia fracassado a partir do momento em que as sombras se foram, enquanto tentava controlar suas emoções causadas pelo seu lado bom, se teletransportava de volta a sua cabana.

O que ele sentia era a dor da culpa e tormento com a lembrança de séculos atrás, sequelas mentais devido a perda do pai e a disputa incontrolável do bem e o mal em sua mente...

Ele não podia controlar aquelas vozes em sua cabeça e em seu coração uma briga interna entre a luz e a escuridão... Encolhido em sua cama ele tentava suportar tudo aquilo, na esperança de que algo o salvasse...

Renascida - Origens Onde histórias criam vida. Descubra agora