Pequena Luz

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    "Parece simples, mas
tente cantar essa canção
no escuro total da sua vida".

    "Parece simples, mastente cantar essa cançãono escuro total da sua vida"

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Século XV

    A escuridão prevalecia no coração do pequeno conde, bem antes da noite que já havia chegado. As tochas acesas iluminavam a masmorra, mas não o menino. Como sempre sentado no canto, observando o vazio da parede oposta. Os pensamentos o pertubavam, imaginando onde sua companheira poderia estar naquele momento, se peguntando se a mulher que a levou estava cuidando bem dela, se ela estava feliz e se lembraria dele no futuro.

    Ou pior, mesmo que desejasse esquecer de seus tristes dias naquele castelo, será que a dama se esqueceria dele também?

    Foi assim durante o decorrer das semanas - não poucas - o conde passava os dias pensando naquela mocinha, em seu jeito esquivo, seus olhos castanho-claros, seu cabelo escuro e longo, achava isso bonito nela, e especialmente, lembrava do momento em que ela hesitou em sair da cela por receio de deixá-lo só. Como ele gostaria de dizer-lhe o quanto foi grato por isso...

    Seu rosto machucado provavelmente já devia estar são, o garoto supôs, imaginou a face límpida e bela que ela devia ter, imaginou o sorriso lindo que haveria de existir no lugar de seu choro; se lembrou de quando a manteve em suas mãos, a pele dela era macia, clara e tão bem cuidada... óbviamente ela não era uma plebéia, talvez sua família fosse rica, bem sucedida, fizesse parte da corte de algum outro reino...

    O conde se perdia nesses pensamentos devido a falta de afazeres no lugar em que estava. Se houvesse algo que o distraisse, a ponto de privá-lo de pensar dama, ele assim o faria, pois até mesmo pensar em seu nome o fazia sentir sua ausência e ele não esqueceria de jeito algum, ficara gravado em sua memória.

- Eclésia... - repetiu para si mesmo.

    Ele adormeceu naquela noite pensando em Eclésia e sonhou com ela, sonhou com o dia em que se conheceram, quando cuidou de seus ferimentos e a observava dormindo serenamente após o longo tempo em que derramou lágrimas e gemeu com sofrimento.

    Vê-la sofrer tanto foi atordoante, doloroso para aquele que não pôde fazer nada para amenizar sua dor. Ele não ousou dormir aquela noite, teve medo de que alguém voltasse para levá-la e a fizesse sofrer novamente, e num sonho esse medo ganhou vida quando, para o seu terror, uma figura sombria flutuava ao lado da garota na cela.

    Coberta por uma capa negra, a figura acariciava os cabelos de sua pequena dama, não tinha mãos ou pés, afinal, não se passava de um capuz vazio, seguido de uma capa longa, tocando Eclésia como se o tecido trevoso fossem suas mãos.

    Ele logo relacionou aquela estranha entidade com o perigo, determinado a proteger a companheira correu ao encontro da capa com acoragem que só teria em sonhos. A agarrou-a e sentiu o tecido em suas mãos, e embora tivesse o aspecto de seda, era macio como veludo.

E então ele acordou com uma doce voz a chamar seu nome.

- Vlad... - sussurrava num misto de carinho e súplica.

    O conde não acordou atordoado de seu estranho sonho, pelo contrário, acordou em um leve inspirar. Levantou-se devagar do chão em que estava, dirigiu sua atenção para a porta da cela, onde, com um candelabro de ouro na mão, alguém conhecido o chamava.

- Eclésia?

Segredos de Vlad(PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora