A Sopa de Frango

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Século XV

De manhã, bem cedo, Clésia saltou animada no leito de Samia, a mulher reclamou que era cedo demais, virou-se para o lado oposto e se embrulhou dos pés à cabeça, ação que teve por consequência diversas travesseiradas da daminha.

- Levanta, Samia! As servas estão indo para o alojamento! - exclamou, sacudindo o corpo sonolento da concunbina.

- Hoje não, querida - recusou solenemente - Estou com minhas dores de mulher.

- Ah, me desculpe... - lamentou acariciando a da amiga - Mas quem me acompanhará?

- Se mais tarde me sentir melhor, levarei você.

- Claro, tudo bem. Melhoras.

Expressando seu desconforto, a mulher procura se acomodar melhor, já a menina, bem entendida dos sentimentos de sua próxima, afofa seu travesseiro, ajeita suas cobertas e dá-lhe um beijo de bom repouso; cantarola uma canção de sua terra natal e fica ao seu lado até adormecer. Nada demora para a dama ficar aborrecida, não com Samia, mas com as circunstâncias que a atrapalhavam. O conde lhe despertava doces sentimentos; mediante tamanhas tristezas, ela nunca o deixaria infeliz, e para isso aproveitaria o máximo de oportunidades a fim de estar com ele e fazê-lo sentir o mesmo.

E quando menos percebeu, estava deixando o harém às escondidas.

Se escondendo dos eunucos e evitando os guardas, ela seguiu em direção às torres de compartimento militar, era lá onde ficava o alojamento dos jovens cativos. A cada degrau que subia sua felucidade aumentava, queria fazer uma surpresa ao conde, queria fazê-lo feliz com o pouco que tinha.

    No interior das paredes do alojamento as servas alimentavam os cativos, faltavam poucos minutos para estes serem mandados a ala de treinamento e eram pressionados a terminar a refeição o quanto antes

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No interior das paredes do alojamento as servas alimentavam os cativos, faltavam poucos minutos para estes serem mandados a ala de treinamento e eram pressionados a terminar a refeição o quanto antes. E embora a ordem de um adulto fosse lei para a indefesa criança que o conde era, ele limitava-se apenas a encarar sua tigela, tomado pelo terror. Estava mortificado assim como o que fazia parte da comida, e já estava decidido, aquela sopa não chegaria a seus lábios, assim como também as peles, pernas e a medonha cabeça de galo flutuando na mesma.

- Ei garoto, o que está esperando? Coma! - sussurrou o jovem Alper ao pé de seu ouvido.

- Não tenho apetite - ele respondeu tristonho.

- Por quê? Está doente? - Ivailo supôs com preocupação.

- Sente alguma dor? - subjetivou Kaan.

- Não mais do que esse pobre animal sentiu - lamentou o menino.

Os três jovens demoraram um tempo até entenderem o que tinha de errado com o conde.

Segredos de Vlad(PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora