"Em sete dias o mundo foi criado.
O sétimo dia é o dia do
descanso.
Devemos perdoar
setenta vezes sete.No dia sete
o vampiro nutre
sua maldição
Porque alguém em algum lugar
decidiu pisar em tudo que ele
ainda tinha fé.Século XXI
Dedos gelados repousavam sobre o peito sem pulsação, a garra arisca de um indicador batia com insistência no tecido marfim, o corpo tão rígido e quieto de senhor D não deixava revelar os sentimentos que o atordoavam naquele quartinho. Era iminente, já não aguentava mais, estava sem dormir há três dias desde sua instalação no hospital, precisava dormir, seu corpo já dava sinais. Pouco tempo atrás estava enfraquecendo e cambaleando de sono, necessitava recuperar as forças e, mesmo que fosse preciso, o preocupava. Para renovar as forças, duas coisas deveriam ser feitas. A primeira já estava acontecendo.
– Maldição, maldição! – a fúria escapava contorcendo entre os dentes, os lábios começavam a se suplantar, logo não teria mais a capacidade de movê-los.
Também não tinha êxito na simples tarefa de piscar os olhos, por estarem bem abertas, as pálpebras pareciam estar costuradas para fora das órbitas, os olhos avermelhados seriam afetados muito breve, então o início do pior aconteceria. Com toda certeza ele tinha o direito de reclamar e maldizer o quanto quisesse.
Aos poucos seu corpo foi endurecendo, começou com uma fraqueza seguida de formigamento, o suficiente para alertá-lo. Deitou-se na cama e aguardou o inevitável acontecer, mas antes de ceder por completo à escuridão que o sugava, escutou o canto matinal de um pássaro ao pé da janela, a idéia de que conseguiria atordoar os sintomas se alimentando um pouco antes de adormecer por completo veio sem custos. Tentou usar uma de suas habilidades favoritas para atraí-lo, mas sua mente já estava apagando para o exterior, andava em cima da linha que separa sonho e realidade, estava quase para dormir, mas antes de acontecer, ouviu batidas na porta, sentiu um cheiro de ferro e poeira odiáveis para a ocasião, e quando menos percebeu, as batidas que escutava eram dadas no portão de seu castelo de veraneio na Transilvânia.
O vampiro se viu novamente trajado com seu terno escuro e sua capa favorita, o ambiente vasto inundado de escuridão e isolamento onde se encontrava foi reconhecido de imediato, as paredes de pedra escumunais, o solo tapeado de veludo-sangue, as janelas sempre fechadas, impedindo a entrada da luz frustrante, tudo limpo em consequência de falta de afazeres de um príncipe preso em seu próprio castelo, tudo arrumado e em ordem, do jeito que se lembrava, todas as coisas intocadas e conservadas em seus lugares, mas as batidas eram novidade. Com um leve vestígio de curiosidade nos olhos o nosferatu, imóvel no centro da sala, é surpreendido por um feixe de luz, a porta foi aberta, revelando algo além de 1/4 do cenário lá de fora, o necessário para deixar bem a vista o rosto quadrado de um moço com o aspecto de um jovem universitário, loiro, inglês, remetente de olhos azuis e um semblante amigável, como quem procura agir como um excelente procurador, ou o ajudante de um.
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Segredos de Vlad(PAUSADO)
VampirDas catacumbas de um castelo romeno, um incomum caixão é enviado para a Grã-Bretanha, resultando no livramento do conde Drácula, contudo, este famigerado vampiro decide viver no mundo moderno de maneira um tanto inusitada, ou viveria, caso os mistér...