Dia Especial: Nome

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Sehun entrou correndo na escola enquanto seu pai vinha atrás carregando o material do menor. O homem entrou no prédio e começou a olhar a lista afixada nas portas das salas do jardim II, até encontrar Oh Sehun em uma delas. Eles entraram, o pai colocou as coisas ao lado da cadeira onde seu filho sentara, falou com a professora e foi embora para o trabalho. 

Sehun não ficou mais um minuto sentado. Levantou-se e foi se misturar com os coleguinhas. Eles correram de um lado para o outro e logo depois a professora os colocou para pintar. Cada um mantinha sua atenção exclusivamente no papel e nos lápis de cor. Nesse cenário inesperadamente tranquilo, uma coisa estranha aconteceu. 

Sehun se sentiu atraído por algo. Levantou sua cabeça e olhou para trás. Naquela hora havia entrado na sala uma aluna. Ele não sabia por que a observava (afinal de contas, era muito pequeno ainda). Ela então o notou. Ambos olharam fixamente nos olhos um do outro por um segundo, assemelhando-se, no entanto, a uma eternidade. O tempo parecia estar congelado, porém, logo em seguida a menina mostrou a língua para ele, correndo para perto das outras alunas. Ele deveria ter ficado bravo ou irritado, mas apenas riu. 

Isso marcaria o começo de uma longa história para os dois, cada um com o papel já definido pelo destino. 

- Teve um bom dia na escola filho? – a mãe perguntou, tirando a roupa do pequeno. 

- Sim mamãe! – Sehun falou todo animado. Ela continuou: 

- Fez muitos amigos? O que aconteceu? 

- Nós brincamos muito de pintar, correr... Huuuum, pintar... – ela riu, vendo como seu filhote era fofo e o levou ao banheiro para tomar banho antes de almoçar. A mãe de Sehun trabalhava de manhã como secretária em um órgão federal enquanto o pai dele era um economista. A mulher buscava o filho na escola, pois os horários do marido eram incertos. Havia dias em que ele almoçava em casa e dias em que almoçava no escritório. 

Após comer, Sehun assistia televisão sentadinho para fazer a digestão, até que caia no sono e sua mãe o carregava para dormir mais confortavelmente em sua cama. Quando acordava, fazia o dever de casa e lanchava. Quando o pai estava em casa eles brincavam. Quando não, Sehun assistia mais televisão ou ia xeretar pela casa. Aí comia de novo e depois ia dormir para um novo dia na escola. Sua rotina era assim. 

No segundo dia de aula ele ficou observando a menina que usava marias-chiquinhas. Queria saber o seu nome, mas ela sempre ficava perto das outras meninas e ele não queria ficar sozinho no meio de tantas delas. No terceiro dia foi a mesma coisa. No quarto ele quase conseguiu, porém na hora que se aproximou ela deu língua para ele novamente e saiu correndo. Naquele dia ele foi tristinho para casa. 

Na sexta-feira, bem na hora do recreio, as crianças estavam saindo da sala para lanchar. Sehun estava do lado de fora, do lado da porta, esperando sua coleguinha passar. No entanto, ela estava demorando. Ele decidiu entrar na classe para ver o que acontecera. Ela estava com uma cara zangada, procurando algo dentro da mochila. Mas ela não encontrou e começou a bater os pés com raiva. Ele se encheu de coragem e decidiu se aproximar, largando a lancheira no chão. 

- O que você está procurando? – perguntou com sua vozinha infantil e olhinhos curiosos. Ela virou para ele com lágrimas escorrendo pelas bochechas e disse: 

- Eu peguei um chocolate da geladeira sem a mamãe ver e coloquei na minha lancheira, mas agora não acho em lugar nenhuuuum. – Ela ficou choramingando e colocou as mãozinhas no rosto. Sehun não sabia por que, mas seu coração doeu ao ver a menininha chorando. Ele olhou dentro da lancheira dela e só encontrou biscoitos e iogurte. Na mochila, nem sinal do chocolate. Ele então se lembrou de que na própria lancheira havia uma barrinha de chocolate. Sem pensar duas vezes abaixou-se e pegou o chocolate de dentro da bolsa. 

- Toma. – ele disse, sorrindo. Ela tirou as mãos dos olhos e viu as mãozinhas deles estendidas com a barrinha no meio delas. Ela olhou para ele, insegura. – Pode pegar. – ele insistiu e ela pegou o chocolate. Quando começou a comer, ela deu um sorriso de satisfação. Aquele sorriso tinha o poder de aquecer algo dentro do menino. 

- Obrigada. – eles sentaram no chão e partilharam o lanche. 

- Qual é o seu nome? – ele finalmente perguntou o que queria saber desde o começo da semana. Ela olhou para ele e respondeu: 

- Park Vitória. – ele sorriu ao escutar o nome dela, mas depois fez uma expressão confusa. 

- Bi...-Bito... – ela gargalhou e ele ficou vermelho ao perceber que não conseguia falar o nome dela. – Não é grande demais? É muito complicado. 

- Não se preocupe, você vai aprender com o tempo... – ela parou e perguntou – Qual o seu nome mesmo? 

- Oh Sehun... 

- Não se preocupe, eu vou ensinar até você falar direitinho Sehun. – ele sorriu de orelha a orelha ao escutá-la dizendo o nome dele. 

Naquele dia Sehun foi muito além de feliz para casa, sem entender direito o motivo. Contudo ele sabia que aquele tinha sido um dia bem especial, por fim havia conseguido saber o nome dela, mesmo sem saber pronunciar. E ele estava animado porque sabia que Vitória iria conversar bastante com ele, agora que tinha que aprender o nome dela. 

Love is Never Easy - She is The CauseOnde histórias criam vida. Descubra agora