SUBLIMINAR

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Samantha observa pelos noticiários toda comoção da morte, dos integrantes da família Gonçalo. Ela está junta com seus pais na sala.

As cameras, parecem, desejar, somente filmar a dor do caçula.

— Quanta dor esse pobre rapaz está sentindo. — Dona Cândida, fala emocionada, olhando a TV com a mão direita tampando sua boca. — Perder tudo assim... Numa fração de segundos.

— Ele está muito abatido. — Comenta Seu Paulo. — E os pais dele pareciam ser muito queridos... Olha o coral cantando.  — Vocês não são amigos?

— Nunca fomos.

— Mas, aquele acidente de transito, não foi entre vocês? — Pergunta Seu Paulo curioso.

— Sim, mas nem por isso somos amigos. — Samantha responde com a voz seca.

— E a carona? Você não pegou uma carona com ele?

— Pai, aquela carona foi uma maldição. E não quero mais falar sobre isso! Vixe! Quantas perguntas!

— Não vejo assim. — Seu Paulo insiste com a conversa. — E se você continuasse na parada de ônibus e fosse assaltada?

— Eu não quero voltar nesse assunto, por favor. — Samantha ajeita-se no sofá de três lugares.

— Minha filha, nesses útimos quatro meses... Sua tristeza é notória!

— Será que tem a ver com o fato de meu namoro ter acabado? E por culpa de uma maldita carona?

— Você sabe que sim, mas está errada em achar que seu namoro acabou por causa da carona. Se, o namoro acabou, é por que a base de sua relação estava construída sobre qualquer coisa, menos no amor. Desculpas está tocando no assunto, mas, mesmo assim, não lhe dá o direito de responder de me responder dessa forma.

Samantha abaixa a cabeça.

— Verdade, o senhor tem toda razão. Tenho sido muito grossa ultimamente. Desculpas.

Paulo sorri para a filha.

Samantha para de falar, ao ver Enzo tirar os óculos escuros para falar com os jornalistas. Foi até sem querer, a forma sensual dele tirar os óculos.

— O que vai ser das empresas agora? — Pergunta um repórter careca e alto, usando óculos escuro.

— Desculpas, mas sobre a empresa,  falarei em momento oportuno.

As perguntas são lançadas para Enzo, iguais a vários pescadores, jogando suas iscas de pesca, procurando fisgar um peixe.

— Meu Deus, o pessoal cai em cima como urubu! Nem respeitam o luto. — Comenta Dona Cândida olhando o noticiário ao vivo, e com os jornalistas, sem darem trégua fazendo mais perguntas:

— As empresas parecem que tiveram mais um trimestre de queda na Bovespa.

— O senhor vai voltar para Inglaterra? O acordo vai ser aceito?

— Qual grupo vai comprar a VOAR?

— Senhores, sobre as empresas da família, nada vai mudar. Agora, — Enzo para de falar e fica cercado, igual a um chocolate arrodeado por formigas e continua: — Não quero ser deselegante com vocês, mas preciso inteirar-me de tudo que está acontecendo, e no momento certo, todos vão saber por mim, o que vai acontecer e como nossa empresa vai se portar.

Como um balé sincronizado, os jornalistas recolhem seus microfones e gravadores, fazem novas perguntas e estendem as mãos novamente.

— Caramba... Ele foi inciso com os jornalistas. — Fala Paulo, olhando para sua filha. — Foi uma mudança de postura, posso está enganado, mas, esse Enzo não é de roer a porca não (Termo usado aqui no Nordeste, para quem aguenta muita pressão)!

D-DOG - Romance Hot. +18 - COMPLETO - Lançado 03/05/2018 Onde histórias criam vida. Descubra agora