MADEIRA DE LEI

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— Para onde estamos indo? — Verônica pergunta ainda extasiada com o rumo da reunião, até parece que o corredor diminuiu, encurtou, devido à euforia, que ela está sentindo.

— Para a sala de meu pai. Vou pedir comida para nós dois. O dia promete.

— Verdade, mas não precisa! Minha mente ligou o modo turbo! Está fervilhando.

— Seu parecer foi espetacular! — Enzo elogia, piscando o olho para Verônica. — E sua sagacidade também. Esperou o momento certo, para incendiar.

— Obrigado, reconhecimento nunca é demais! — Verônica sorri para Enzo. — Mas, há algo estranho no ar. Você percebeu?

— Sim, percebi! Eu podia sentir na pele deles. Porém, acho que a maioria não está sabendo de fato o que está acontecendo. — Enzo, abre a porta da sala do seu pai. Verônica entra falando:

— Mas, seu blefe com a injeção do bilhão foi genial. — A moça olha para trás, e percebe o rapaz ainda parado... Eles não entraram juntos. Ele continua parado igual uma estátua de pedra.

Enzo observa cada detalhe da sala e comenta:

— Desculpas, são tantas coisas acontecendo que não percebi...

A sala, continuava organizada como sempre foi. O sentimento, que brotou, onde, seu pai em poucos minutos, entraria na sala, com seu irmão foi latente e inconfundível.

Ele rumina para si:

— Não temas.

Depois, Enzo vai passando a mão direita sobre o móvel da mesa. As fotos de família sinalizando a devoção do patriarca pela família.

Enzo, acaricia na foto moldurada sobre a mesa, os rostos do seu pai e sua mãe, abraçados. Com o sorriso deles, que era inconfundível.

— Não sei como mamãe, o convenceu a deixar a sala de reunião em aço escovado e couro preto. Papai, sempre gostou da madeira... Você conhece a canção: "Madeira que Cupim não rói?", do Mestre Capiba? — Enzo vira-se para Verônica, que está abraçada ao seu computador. Ela balança a cabeça negativamente.

— Ele, sempre me falava que "madeira de lei, cupim não rói", acho que era uma alto-afirmação... Uma lembrança da sua firmeza.

— Sim, e do seu caráter. Seu pai era um homem de fibra, íntegro, os poucos dias que passei trabalhando com ele, sua mente era precisa igual um relógio suíço. Não tinha duas conversas!

Enzo fica com os olhos marejados. Sua garganta arde. Ele suspira e olha para o teto.

— Você tem isso dele. — Verônica fala, tocando gentilmente no ombro dele.

— Não sei, — Enzo segura a foto com as duas mãos. — a minha vontade, ali na frente deles, era perguntar qual era o local que deveria assinar e voltar para Inglaterra...Obrigado pelo apoio. — Ela, recebe um olhar de pura gratidão.

— Como você vai conseguir o dinheiro? — Verônica, pergunta para poder despistar... Limpar uma lágrima que escorre pelo seu rosto.

— Não estava blefando. Eu vou injetar o bilhão. Há um nicho na robótica que estamos desenvolvendo na Inglaterra, e que os chineses estão de olho, visando a entrada deles na sucessão espacial.

— Os chineses?

— Sim! Eles vão ser os próximos a conquistar o espaço.

— E como eles entram nisso tudo?

— A divisão da Inglaterra, havia subestimado o mercado de próteses, pensando apenas no mercado hospitalar... Enxergavam apenas as próteses como uma substituição de membros. Porém, ainda aqui em Recife, conheci uma ex-patinadora de gelo, que sofreu um horrível acidente numa apresentação e teve que amputar a perna.

— Meu Deus coitada... A baixo estima deve ter ido para o chão!

— Ela viajou comigo... E sempre a escutava reclamar que se pudesse voltaria a patinar e faria o Triatlon Europeu, mas o mercado para esse público era muito acanhado e caro.

— Entendi, com a experiência dela, as ideias e aprimoramento foram acontecendo.

— Na verdade, foi ela quem desenvolveu, testava, errava, tentava novamente, adaptava-se... Eu possuía os recursos, ela o sonho. Foi a combinação explosiva perfeita.

— Maravilha...

— Sim, mas maravilha mesmo, foi vê-la novamente patinando... Seus movimentos graciosos são únicos, e poder assistir toda aquela apresentação gratuitamente foi sem palavras. Mas daí, o telefone tocou, e estamos aqui. — Enzo olha para Verônica. — Os chineses, souberam das modulações das próteses e seus mecanismos para empuxo e equilíbrio, no mecanismo, que adaptava-se perfeitamente ao corpo, e o sucesso de vendas, onde um atleta subia, corria, pulava, nadava com a prótese, ajudando-lhe sem ser um peso, mas um aliado.

— Fantástico!

— Mas, não é esse o mercado que eles estão mirando... Qual o ambiente mais instável para o ser humano?

— Um ambiente sem gravidade!

— Acertou em cheio. Estamos desenvolvendo mecanismos que vão procurar adaptar o ser humano a uma realidade sem gravidades, mas, como se existisse. A nossa meta é andar na lua como andamos aqui na na empresa.

— Puta que pariu!

— A Houng Group, está investindo dez bilhões de dólares por ano, nessa corrida espacial!

— Meu Deus, então eu não estou aqui só pela V. O. E!

— Lógico que não! Entendeu agora? A sua experiência com Joint Venture vai nos livrar de contratos que mais a frente possamos nos arrepender. A EDy, vai ser uma consumidora de mercados na mecatrônica.

— Eu estou sem palavras. Gostei do nome da empresa.

— Fico feliz que tenha gostado... Verônica, seu potencial é magnífico... E você trabalhando no que é seu...

— Verdade, você tem que está antenado a tudo! Essa sua nova empresa.

Enzo percebe que ela ainda não se ligou no jogo de palavras.

— Rita, vai está trazendo um contrato para abrirmos sua firma aqui em Recife.

— Sim, o contrato de trabalho! Já havia esquecido! Preciso assinar.

— Não Verônica. O de sociedade. Você é nossa sócia... A EDy vai precisar de toda atenção dos donos!

Verônica pisca os olhos dezenas de vezes em poucos segundos. — Eu? Dona? Mas...

— Eu tenho os recursos e preciso das melhores cabeças ao meu lado. E quando consigo agregar confiança, lealdade e inteligência, só vem mais certeza que vamos arrebentar!

— Olha, tem um ditado que sempre digo: Posso perder o amigo, mas não vou perder a piada... Eu havia pensado que a minha vinda a Recife, só havia válido pela foda, fodástica, mas vi, que me enganei!

Eles gargalham juntos e se abraçam, selando o momento.

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D-DOG - Romance Hot. +18 - COMPLETO - Lançado 03/05/2018 Onde histórias criam vida. Descubra agora