Regentes – Ano 4003 D.C.
A luz matutina adentrava preguiçosamente o amplo quarto de cores claras, fazendo cintilar os detalhes dourados dos móveis de aspecto rústico, mas de muito bom gosto.
Os dedos de luz, pareciam brincar com os lençóis brancos, caminhando delicadamente por sobre o corpo do homem adormecido, acordando-o com suavidade.
_ Bom dia, meu amado! – A voz suave lhe sussurrou.
Angantýr sorriu, abrindo os olhos, vendo a imagem borrada focalizar gradativamente, uma imagem da mulher jovem de olhos acinzentados e um rosto não muito diferente da maioria das mulheres, sempre com um rubor natural nas bochechas proeminentes e um delicado sorriso na boca pequena de lábios finos.
Os olhos dele aos poucos se acostumaram com a luz do novo dia.
_ Bom dia, minha Rainha! – Disse o homem de cabelos grisalhos, mas ainda jovem, porte de guerreiro, algumas cicatrizes das guerras que participara, apareciam por seu corpo e uma grande lhe cortava o rosto, próxima a sobrancelha. Sentou-se na cama, enquanto falava com a esposa.
Iná, a Rainha das Terras de Reliqueai, já aprontava as roupas para que o rei, seu marido as vestisse. Não que ela precisasse, mas ela amava seu marido e fazia questão de lhe fazer pequenos agrados ao longo do dia, pois acima de tudo, ele era um bom homem.
O Rei levantou-se, lavando seu rosto em uma bacia de prata. Ao terminar de se vestir, ouviu o bater na porta.
_ Quem é?
_ Lino, Majestade!
_ Entre.
Lino adentrou o quarto com os olhos pesarosos e assustados. Ele era pajem do Rei e viera lhe comunicar algo.
_ O que houve, rapaz? Por que está assim?
O jovem pajem de aspecto frágil, ainda era um menino, possuía os cabelos em forma de cuia e avermelhados, a pele desbotada pela falta de Sol, os olhos marrons desesperados. Gaguejou por um momento e então por fim disparou.
_ Sr. meu Rei, é o príncipe Armandur; seu irmão...
_ O que houve? Ele voltou? – Angantýr perguntou, com uma ponta de esperança na voz.
Seu irmão havia deixado o reino, após se revoltar contra a coroação de Angantýr; apesar de não ser o primogênito, Armandur achava que a coroa e o domínio das Terras de Reliqueai deveriam ser seus, principalmente por considerar seu irmão um Rei de "coração mole", em suas próprias palavras.
Quando jovens, eles foram muito unidos, mais do que pelos laços fraternais, principalmente pela amizade, mas com o passar do tempo e a idade adulta, Armandur fora consumido pela fome de poder, pela ganancia e pela cobiça ao trono, deixando o reino por mais de uma década.
Agora ele estava voltando, Angantýr sentiu uma pontada de alegria saltar dentro do peito, mas que foi minada pelo medo que lhe congelou o estômago e que não identificava de onde vinha.
Lino prosseguiu.
_ Sr. meu Rei! Soldados que faziam patrulha, foram informados que um grande exército marcha para cá; um exército de Lótus Negras, comandados pelo príncipe Armandur.
Angantýr sentiu a garganta secar.
Sem palavras, sentou-se na cadeira próxima a mesa onde estava a bacia de prata; como se um espectro sugasse suas energias.
Iná apressou-se até o marido.
_ O que vamos fazer? – Ela olhou-o suplicante.
Angantýr pareceu não ouví-la, os olhos perdidos em direção ao bosque que se expandia atrás da moldura da janela, como se fosse um quadro vivo.
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Herdeiros de Reliqueai - Discípulos de Nornir
Fantasy***SINOPSE*** A aventura se passa no ano de 4013, quando as Guerras Mundiais e o desrespeito ao meio ambiente terrestre e espacial, causaram a destruição do planeta como nós conhecemos. Toda a tecnologia e seus criadores não existem mais. O mundo re...