CAPITULO V

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O Segredo – Ano 4013 D.C. – Dias Atuais

Na pequena Vila de Alluios todos se conheciam.

Jamais acontecia nada interessante ou diferente desde que o homem que cometera a maior de todas as maldades imagináveis desaparecera.

Muitos acreditavam que ele havia morrido durante as batalhas contra os Guerreiros da Luz. Outros duvidavam disso, uma vez que a força daquele ser era imensa e o mal emanado por ele ainda era palpável.

Ainda haviam os que não se atreviam a tocar no assunto, tamanho o pavor que tudo aquilo lhes causava.

Mas a verdade é que, sem contar as brigas e discussões corriqueiras que acontecem em toda parte, Alluios bem poderia ser apelidada como "A Vila da Tranquilidade".

Era a última semana de Março, o outono mostrava sua força e havia muita neblina naquela noite, quando um alto e robusto estranho chegou em um bretão marfim com uma longa crina e olhos cor de prata.

O capuz de sua longa capa escondia suas feições.

Ele desmontou em frente à estalagem e levou o cavalo até o cocho para beber.

Dentro do estabelecimento, à mesa do jogo de "dados da mentira", um rapazinho magro e muito alto ganhava várias rodadas seguidas.

Contrastando com sua pele branca pálida, os cabelos de tamanho mediano, negros e meio despenteados caiam em frente aos olhos verdes muito vivos dando-lhe um aspecto quase infantil.

Sua sorte o fez também ganhar a antipatia de outros jogadores.

_ Arregace as mangas, moleque, quero ver o que tem debaixo delas!

_ O senhor falou comigo?

_ Com você mesmo, trapaceirinho!

_ Está enganado! Eu não estou trapaceando!

O homem tirou uma longa faca do cinto e a apontou para o estômago do rapaz, que levantou os braços.

_ Arregace as malditas mangas e mostre os dados chumbados que tem aí... Ou vai me mostrar seus intestinos ao invés disso...

A lâmina brilhou sob a luz do candelabro.

O garoto arregaçou as mangas lentamente e mostrou os braços nus.

_ Eu não estou trapaceando, senhor...

_ Deve estar nas calças então!

Nesse momento, o estalajadeiro interviu:

_ Pare com essa palhaçada, Budd! Sem brigas aqui dentro, eu já te disse!

O homem com um sorriso sarcástico, pôs-se a empurrar violentamente o rapazinho em direção à porta e então para fora. Foi seguido por vários agitadores que gritavam incentivando uma luta.

_ Mostre os dados, seu bastardo magricela!

_ Eu não tenho dado algum, já disse!

_ Vai ver que os engoliu! Vamos ver se estão aí dentro...

Ele estava encurralado em um círculo de bêbados e tinha uma faca encostada na garganta. Fechou os olhos e imaginou sua mãe recebendo a notícia de que deveria enterrar o filho assassinado em uma briga de Taverna.

_ Solte a faca!

O rapaz abriu os olhos.

Viu vários dos homens que o fechavam no círculo, jazendo desacordados no chão e Budd estava preso em uma gravata aplicada pelo homem desconhecido de capuz. Seu rosto suado e ensebado começava a azular.

Herdeiros de Reliqueai - Discípulos de NornirOnde histórias criam vida. Descubra agora