LAUREN'S POV
Não queria, mas acabei ouvindo a conversa das meninas. Senti vontade de entrar e dizer alguma coisa, mas eu não podia. Eu nem mesmo sabia o que dizer, então apenas voltei para o meu quarto e resolvi espera-la. Mas ela nunca veio. Fui ao quarto da Ally, mas ela já estava dormindo, assim como Dinah e Normani, então segui para o primeiro andar e nada. Apaguei as luzes e quando estava prestes a subir as escadas, ouvi um soluço vindo da área da piscina. Tentando não fazer barulho, andei sorrateiramente até lá, encontrando Camila sentada em umas das espreguiçadeiras, abraçando os próprios joelhos enquanto chorava.
Fui até ela, a puxando para o meu colo e me sentando onde ela estava. Camila passou os braços em volta do meu pescoço escondendo o rosto no mesmo, e ficamos por horas assim. Resolvi não perguntar e nem falar nada. Eu havia me apegado a essa garota de uma forma que chegava a me assustar, e vê-la sofrer doía em mim. A apertei em meus braços tentando consola-la.
Os soluços pararam aos poucos, enquanto sua respiração suavizava, indicando que ela estava mais calma. Levantei com ela em meu colo, e segui para meu quarto, fechei a porta com o pé e a deitei na cama.
Fui até a janela e fechei a cortina para que o sol não a acordasse amanhã, voltei pra cama me deitando ao seu lado, a puxando para mais perto. Depois de um tempo velando o sono de Camila, eu acabei dormindo também.
(...)
Acordei no dia seguinte com o barulho da porta do banheiro abrindo. Camila vestia moletons e os cabelo estavam molhados, ela parecia envergonhada, pois nem olhou nos meus olhos direito. Tomei um banho rápido, me troquei, escovei meus dentes e voltei para o quarto. Camila estava sentada na minha cama assistindo televisão, peguei meu celular pra olhar as horas, eram dez da manhã. Caminhei até a cama e me sentei ao seu lado.
"Você está bem?"
"Estou. Me desculpa, não queria que me visse daquele jeito."
"Não tem que pedir desculpas. Sei que você fica se segurando para não desabar na frente dos seus pais e da Sofia..." Seus olhos encheram de água. "Não, não chora, por favor."
"Eu sinto tanto."
"Pelo o que?"
"Por tudo." Falou entre soluços. "Por ter acabado com a vida dos meus pais, por ter acabado com todas as economias deles, por fazê-los perderem a infância da Sofia, por ser uma péssima irmã, por estar morrendo..."
"Camz, para."
"Não Lauren, eu não posso brincar com a minha irmã direito sem sentir uma palpitação. Meus pais nunca puderam fazer uma festa de aniversário para ela. Quando ela tirava uma nota alta na escola, ou quando ela aprendeu a andar de bicicleta sozinha, ou quando aprendeu a ler, eles não podiam dar a ela a devida atenção, porque meu coração tinha falhado de novo, ou porque os remédios ficaram mais caros ou..." Não a deixei terminar a fala, colando nossos lábios.
"Para de falar, pelo amor de Deus." Sussurrei, ainda com os lábios colados aos seus. Voltei a pressionar nossos lábios, dessa vez pedindo passagem com a língua, que Camila cedeu gloriosamente. Seus lábios delicados, macios e quentes contornavam os meus enquanto minha língua explorava sua boca. Levei uma mão até sua nuca, aprofundando o beijo. Nossas línguas travaram uma batalha gostosa por controle. A senti sorrir contra meus lábios quando encerrei o beijo com vários selinhos. "Você tem que me prometer que vai parar de pensar essas coisas. Seus pais te amam e Sofia te idolatra." Camila ainda tinha os olhos fechados, e um singelo sorriso nos lábios. "Promete?"
"Prometo que vou tentar." Sussurrou com o rosto colado ao meu.
"Já está bom para mim." Sussurrei de volta, a fazendo rir lindamente. "Assim que eu gosto." Roubei mais um selinho, a abraçando apertado. "Quero você sorrindo e não chorando."
"Obrigada, Lo."
"Sempre que precisar, Camz. Vamos descer por que estou morrendo de fome." No caminho para a cozinha, tomei a mão de Camila, entrelaçando nossos dedos, sentindo os seus apertarem os meus. Era uma boa sensação.
"Olha quem resolveu aparecer."
"Bom dia, para você também Verônica. O que está fazendo na minha casa?" Perguntei puxando Camila para se sentar ao meu lado, e não pude deixar de reparar nos olhares que recebemos das duas.
"Ora, vim participar da suruba."
"Podre." Revirei os olhos.
Reparei nos olhares penalizados das amigas de Camila para a mesma, o que me fez lembrar que eu precisava conversar com Dinah. Enquanto Camila tomava seu café conversando distraidamente com Verônica, peguei meu celular e mandei uma mensagem para Dinah.
Eu:
Preciso falar com você.
Dinah:
Sobre?
Eu:
Sobre a conversa que vcs tiveram ontem.
Dinah:
Ouvindo atrás da porta, Jauregui?
Eu:
DINAH.
Dinah:
Ok, vai para área da piscina que daqui a pouco eu vou.
Acabei de comer minha torrada, enchi minha xícara de café, beijei a bochecha de Camila e deixei a cozinha. Já na parte de trás da casa, sentei-me na beira da piscina e esperei Dinah aparecer, o que não demorou muito.
"Ta legal." Sentou ao meu lado. "Antes que me diga o que tem dizer, quero saber uma coisa."
"Hum?"
"O que você fez para Mila está com aquele sorrisinho no rosto?"
"Ah... Eu a encontrei aqui ontem à noite chorando e a levei para o quarto..." Dinah arregalou os olhos. "Não, não é nada disso."
"Tem certeza por que..."
"Nós apenas nos beijamos, Dinah."
"Oh."
"É."
"Significou algo para você?"
"O que?"
"O beijo Lauren." Revirou os olhos. "Não sei se você percebeu, mas a Mila tem uma queda por você." Olhou sobre seus ombros para se certificar que ninguém estava ouvindo. "Ela está muito abalada, e não tem auto-estima então..."
"Eu nunca a magoaria Dinah, não de propósito."
"Isso é bom porque ela realmente gosta de você."
"Você acabou de entregar sua amiga, e ah eu também gosto dela."
"Ela não precisa saber. E que legal que é reciproco, agora me fala logo o que você tem para me contar, porque eu tenho que voltar lá para fazer um interrogatório sobre o o seu primeiro beijo e..."
"Espera o que?"
"O que o que?"
"Eu fui o primeiro beijo da Camila?"
"Você não sabia?"
"Não."
"Isso é ruim?"
"Definitivamente não."
"Não seja tão emocionada. Agora, desembucha."
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O Som do Coração (Intersexual)
FanficLAUREN INTERSEXUAL Lauren Jauregui se sente incompleta, mas nunca soube ao certo o que faltava. Camila Cabello guardava consigo a lembrança de um amor de infância, um amor que fazia seu coração, já falho bater mais rápido. Duas mulheres perdidas s...