CAPÍTULO 6 - REDENÇÃO

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Ian desceu os degraus em direção a sela onde esteve cativo nos meses anteriores. O caminho, apesar de escuro lhe pareceu familiar e chegou até a porta sem grandes dificuldades.

Gritos agudos ecoaram pelo corredor, não muito longe dali, indicando mais criaturas haviam chegado ao local. Felizmente, o acaso lhe foi generoso, pois quando no caminho de volta, passou pela sala onde encontrara os armários antigos, a vela deixada para outrora, ocasionou um pequeno, porém promissor incêndio, que pareceu aumentar gradualmente nos segundos seguintes e que agora, já tomava conta do aposento.

Por outro lado, o garoto agora torcia para que o caminho continuasse pela direita, visto que esse ainda era um mistério.

_Ian! É você? _ Ellen sussurrou do lado de dentro enquanto o garoto tentava chave por chave, destrancar a porta. Mas a pergunta não foi respondida, visto que a porta logo cedeu aos encantos de uma das chaves, e rangendo alto, abriu caminho revelando o garoto, que imediatamente correu na direção de Ellen e a abraçou.

_Sou eu. Precisamos sair daqui logo – Disse enquanto buscava a chave correta que abrisse a algema presa na perna da garota.

_Você conseguiu descobrir onde estamos?

Por um segundo a imagem da besta que cruzou o caminho do jovem lhe veio a cabeça, causando-lhe um arrepio por todo o corpo, fazendo essa, uma pergunta não respondida, que passou ignorada quando Ian finalmente libertou Ellen das algemas, que caíram no chão segundos depois.

_Marcus. Vamos, agora é sua vez.

Ian tentou a primeira chave. Tentou a segunda. A terceira. Nada. Outro grito veio pelo corredor, pressionando ainda mais o garoto, mas as chaves, não pareciam responder as expectativas.

_Se acalma Ian – Marcos disse ao ver a inquietação do garoto, que agora tremia – Deve ser uma delas.

Mas ele tentou cada uma delas, e nenhuma das chaves funcionou. Ellen agora estava quase em pânico na porta, olhando pelo corredor, agora um tanto mais iluminado graças as chamas que tomavam conta do piso superior.

_Vamos meninos... Eu não tenho um bom pressentimento quanto a isso – Disse ela quando um pedaço de madeira se desprendeu do teto, caindo cerca de dois metros de distância da jovem, além disso, a fumaça começava a tornar o ar difícil a respiração e já começava a se acumular no teto.

__Elas não abrem. Nenhuma delas! – Disse Ian quando tentou a última chave do molho – São as chaves erradas! – Disse enquanto começava, sem perceber, chorar.

Tentou novamente. Uma por uma. Mas nada, ao que tudo indicava nenhuma das chaves casava com as algemas de Marcus. A fumaça começou a tornar o ar insuportável e já não era mais fácil respirar.

_Me dê. Deixe-me tentar – Disse Marcus tomando o molho das mãos suadas de Ian – Deve estar enferrujada. E dito isso Ian sentiu uma pancada na cabeça. De imediato, um flash tomou sua visão e foi substituído por imagens incompletas. Viu umas das madeiras que sustentava o teto caída ao seu lado. Sentiu algo quente escorrendo por entre seus olhos. Viu marcos, e viu a algema solta, caída ao lado, enquanto Ellen o segurava por um dos braços e Marcus por outro. Chamas, sombras incoerentes dançavam por todos os lados. A fumaça parecia querer abraçá-lo do qualquer modo e de repente a escuridão.

_Ian. Você não pode desmaiar – A voz, apesar de ofegante era doce. – Não agora. Precisamos sair daqui.

E tão breve quanto a escuridão se pôs, ela desapareceu, quando um rosto pálido apareceu em meio a uma tocha improvisada, não tão viva quanto se espera, mas que apesar de pouco, iluminava o estreito corredor por onde passavam. A água estava na altura se seus calcanhares. Lentamente começou a repor a consciência. A cabeça doía. Os braços doíam. A perna cintilava e parecia maior do que seu braço de tão inchada.

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⏰ Last updated: Jul 25, 2019 ⏰

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Filhos da TormentaWhere stories live. Discover now