Sunflower |L.P|

Capítulo 3

Sunny

Saio da cozinha com intenção de voltar a ver o moreno de olhos brilhantes, mas o mesmo já não se encontra no balcão.

Em cima do mesmo encontra-se a sua caneca, mas personalizada, esta tem nela impressas o nome 'Monstro das Bolachas :) Obrigada xx' e eu vejo-me sorrir para a caneca na minha frente. Pego nela e certifico-me que a tinta já está seca para a mesma puder ser lavada.

A tempestade lá fora acalmou e agradeço por isso, não ía conseguir voltar para casa caso contrário.

Quando acabo tudo o que tenho a fazer, a minha gabardine beje protege o corpo e eu saio da pastelaria trancando a mesma. 'Sunflower' é o meu mundo mesmo e eu sinto-me tão orgulhosa sempre que olho para tal. É uma parte de mim que está marcada neste local e eu não podia estar mais feliz com o meu negócio.

Eu na verdade não tenho uma vida triste. É verdade que não tenho montes de amigos e que não vou a festas estúpidas em discotecas. Não uso roupas curtas e oferecidas e não uso quilos de maquiagem. Mas tenho conhecidos e colegas que se preocupam, tenho uma casa minha, um emprego estável e bom, água e luz e uma cama onde dormir. Não tenho nada que me queixar nem nada a pedir. Simplesmente estou bem. Não maravilhosa e explendida, mas bem.

Entro no carro que, por sinal, é o único no estacionamento e acelero até casa só querendo chegar e embrulhar-me nos cobertores em frente à lareira. Amanhã é Sábado e eu agradeço por esse ser o único dia em que não trabalho pela parte da manhã, sendo Olivia a abrir. Olivia tem apenas 18 anos mas é uma rapariga extraordinária e muito responsável, e ela estava a precisar de emprego na altura em que a conheci e, como uma pessoa a mais faria jeito, não hesitei em ajudar a rapariga guerreira que ali estava. A mesma é uma ótima amiga e apoia-me muito.

Já Victoria, mesmo que boa trabalhadora e pontual, é demasiado atiradiça, a todos os clientes, o que já mostrou causar alguns problemas, não que ela se importasse na realidade. Boa rapariga eu não dúvido que a mesma seja, apenas um pouco... galdéria.

Deixo-me de tais pensamentos e concentro-me no ser de olhos castanhos que ajudei. Uma vontade intensa de beber chocolate quente atravessou-me e, mesmo tentando travá-la, não consegui e quando dei por mim já estava a preparar o mesmo. Bebi-o todo de uma vez, tentando não me arrepender, mas tarde de mais. Já estava a correr para a casa-de-banho caindo em frente à sanita para vomitar o mesmo. Forço o vómito e quando acabei lavei os dentes indo para o quarto. Dispo-me e olho para a minha figura no espelho arrependendo-me quando vejo o quão gorda continuo. Visto rapidamente o pijama com o intuito de retirar a imagem nojenta da minha mente.

Deito-me no colchão e deixo as lágrimas fluir pela minha face. Odeio isto. A minha vida era perfeita se eu não fosse como sou. Odeio-me.

Deixo-me adormecer ao som do meu próprio choro.

...

Assim que acordei vi que estava atrasada e corri para a casa de banho para me arranjar. Vesti umas calças de ganga e a habitual camisola de girassóis que sempre uso para ir trabalhar. Os meus botins pretos fizeram uma aparição nos meus pés e o blusão de cabedal deslizou pelos meus braços. O meu cabelo castanho claro foi preso num coque no topo da minha cabeça e coloquei apenas o medalhão que sempre uso. Peguei no telemóvel fazendo-o deslizar pelo bolso de trás das justas calças e peguei na minha mala a correr. Saí para a rua sem me importar minimamente com a neve e corri para o carro fazendo o caminho para a pastelaria. E só quando lá chego e a vejo aberta é que me lembro.

Hoje é sábado, não sou eu a abrir.

Esbofeteio-me mentalmente por não me ter lembrado, mas decido ficar por aqui, visto que há bastante movimento e já cá estou, porque não ajudar Olivia?

 Entro no meu estabelecimento e cumprimento todos em geral com um 'Bom Dia' e um sorriso. Vejo a atrapalhada Olivia olhar-me surpresa mas simplemente entro no balcão começando a ajudá-la.

"Que fazes aqui Sun?" a mesma pergunta quando tudo acalma.

"Esqueci-me que hoje era Sábado e vim para aqui a correr, literalmente. Só quando vi isto aberto é que me lembrei." rimo-nos as duas um pouco. "E como já cá estava, não valia a pena voltar para trás, além disso, parecias aterefada com tanta gente a entrar e sair." sorri-lhe amavelmente.

"Então obrigada." ripostou apenas continuando a atender clientes.

Passado algum tempo senti o meu telemóvel vibrar dando indício de uma mensagem. Como tudo estava calmo avisei Olivia que ia tomar um café e fazer uma pequena pausa.

Assim que chegui às traseiras retirei o telemóvel do bolso e sentei-me no banco que lá se encontrava.

Desbolqueei-o e vi uma mensagem de um número desconhecido.

'De: Desconhecido.

Olá Sunny. Ainda tens a minha caneca? Estava a pensar passar aí para o pequeno almoço, se aí estiveres. Beijos, Monstro das Bolachas xxx'

Decidi responder, não o ía deixar na ignorância. Primeiro guardei o número, nem sei porque o fiz, mas talvez por ser a única pessoa que alguma vez me mandou uma mensagem, mesmo sem me conhecer.

'Para: Monstro das Bolachas.

Liam? Como é que tens o meu número? Não era suposto eu estar na pastelaria, mas estou, e sim. ainda tenho a tua caneca. Aparece se quiseres, és bem-vindo. Sunny xxx'

Enviei e esperei pela resposta, que chegou momentos depois.

'De: Monstro das Bolachas.

Tu estás em imensos jornais, apenas procurei um pouco ;) Estou aí em 15 minutos, até já xx'

Sorri um pouco com a sua resposta e voltei para o trabalho.

Olivia encontrava-se na outra ponta do balcão a atender os clientes. Tentei equilibrar-me no banco para limpar as prateleiras mais altas. O meu pé acidentalmente escorregou e, quando estava prestes a bater de rabo no chão, umas mãos fortes seguraram-me.

"Boo." uma voz rouca e suave sussurrou ao meu ouvido.

*Heyy everyone!

Bem, aqui está mais um capítulo, eu peço desculpa pela irregularidade de postagem, mas eu estive quase um mês de férias, sem net praticamente, e só agora consegui postar. Mas também não é como se alguém lesse isto so yeah...

Acho que não tenho mais nada para dizer, bah!

I hope see you soon,

-C