Cap. 02

309 4 0
                                    

       O tempo passou, deixei a escuridão da dor me afundar algumas vezes, mas Maria Clara sempre estava lá, ajudando-me, sendo a luz para minha escuridão, a luz que me guiou para fora do túnel de dor.

       A cada dia que se passava me apegava mais, o sorriso dela virou o meu sorriso. Eu necessitava dela pra respirar.

         Sentado com a carteira colada a dela, meu braço em volta de seu pescoço e a cabeça deitada em seu ombro, mexendo conforme seus lentos movimentos, seu cheiro de frutas cítricas me alucinando, pude rever os dois meses desde a grande tragédia, que hoje é só mais um acontecimento. Eu finalmente consegui superar Alice. O buraco que havia ficado, sumiu. Minha vida finalmente voltará ao normal.

       Desencosto do ombro de Maria Clara, dando espaço para ela. Ás vezes me acho um pouco pegajoso demais. Maria Clara parece não se importar, mas é bom não arriscar. Nossa amizade foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos.

                                    - Ei. - Sua voz me assusta. - No que tanto pensa?

                       - Em você. Não sei pensar em outra coisa. - Ela sorri de um jeito sexy, suas bochechas recebem um tom de rosinha.

                             - Que bom. Pois também estu pensando em você. - Tentei compreender seu olhar, mas há muitas emoções.

         Maria Clara se aproxima, dando um beijo no canto da minha boca, colocando sua mão sobre minha mesa, brincando com alguns pedacinhos de papel. Puxo sua mão quente, tirando a aliança de compromisso, guardando-a dentro do bolso do meu casaco.

       Faço carinho em sua mão, usando-a para aquecer as minhas. O tempo parece ter parado, as pessoas a nossa volta sumido. Quero ficar nesse momento para sempre.

                            - Devolva minha aliança,Gustavo. - Fala ela, quebrando o momento perfeito. Sinto uma pontada no coração.

                       - Você fica mais bela sem. - Ela olha no fundo dos meus olhos,minha alma se aquece e o brilho em seus olhos me dá uma estranha sensação, um sentimento estranho.

                         - Mas é como estar nua. - Maria Clara ficaria muito bem. Eu adoraria vê-la nua, tendo-a só para mim,penso,mas não tenho coragem de dizer.

        Ela tenta colocar a mão no bolso do meu casaco. Sorrio das tentativas.

                        - Não vou entregar.

                       - Por favor,Gu. - Ela choraminga.

                   - O que eu irei ganhar? - Fito seus lábios perfeitos. Ela dá um sorriso safado,que me excita.

       O professor acaba de sair da sala, Maria Clara se levanta, sentando em meu colo, dando um leve beijo em meus lábios. Fico sem entender essa atitude repentina, minha expressão é de espanto.

                   - Relaxa,ninguém viu, ninguém vai saber. - Ela enfia a mão no meu bolso e pega sua aliança.

        Ela sai do meu colo, e eu continuo imóvel. Eu não iria gostar de saber que minha namorada fez isso em outro cara, mas como não sou namorado dela,não tenho que achar ruim.

        Durmo o resto da aula. Quando acordo faltam apenas alguns minutos para o sinal tocar. Olho para Maria Clara que está conversando com Felipe e comendo uva.

                       - Eu quero. - Sussurro em seu ouvido, dando um beijo em seu pescoço.

        Maria Clara se arrepia,vira-se para mim colocando uvas em minha boca. Eu me senti a última coca-cola do deserto.

       Quando o sinal bateu saímos da sala juntos, sentando em frente ao restaurante. Aquele tinha se tornado nosso lugar mágico. Ela encostou a cabeça no meu ombro e eu coloquei o braço em suas costas.

         Ela começou a me contar que as coisas não estavam indo muito bem entre ela e Humberto ( seu namorado há dois anos). Seus olhos lacrimejam. Desejei que ela não ficasse triste. Vê-la assim me parte o coração. Fiquei sentando ali com ela, acalmando-a e dando força, até o pai dela chegar.

       Depois que ela se foi senti um vazio no coração/alma. Fui na banca e comprei um cigarro. Encostei-me em uma árvore para fumá-lo. Fico pensando em como o dia tinha sido,sobre tudo o que ocorreu, sobre esse vazio que existe agora.

         Abri a porta de casa, jogando a mochila no chão e me deitando no sofá. Ligo a televisão e procuro algo interessante para assistir, mas a única coisa legal que está passando é um pornô lésbico, só que não estou muito a fim de me masturbar. Desligo a televisão e vou até meu quarto.

          Pego minha guitarra, aumento o som do amplificador e começo a tocar. Fico tocando por um longo tempo. Maria Clara não sai da minha cabeça, o que me deixa agoniado. Deixo a guitarra de lado e pego um caderno. No início começo a rabiscar, mas logo os rabiscos viram palavras, tornando-se um poema, que encaixado com algumas notas daria uma música.

          O poema fala claramente de Maria Clara, de como seu sorriso amarelo é apaixonante, sua voz envolvente, seu cabelo seco que cai perfeitamente sobre seu rosto. Sua boca pedia pela minha. Seus olhos com brilho amargo eram como arco-íris para mim. Sua bunda pequena, quase inexistente me deixava com o membro rígido. Sua barriga que eu tinha que beijar. Mordiscar seus seios. Eu necessitava dela para tudo.

         E foi aí que eu percebi que o que sinto por ela é mais que sentimento de amigo. Eu realmente queria que ela sentisse o mesmo.

         Peguei o celular e me assustei com a hora. Havia passado a tarde toda dormindo. O sono e o desejo por ela tomaram conta de mim.

                                                                           ***

        Está ensolarado. Ela está mais bonita que os outros dias, usando batom vermelho e o cabelo meio preso.

           Sento no final da escada e ela senta ao meu lado, mas logo a puxo fazendo com que ela se sente entre minhas pernas, encostando a cabeça dela em meu peito e fazendo cafuné.

            Ela começa a contar sobre seu término com Humberto e lágrimas começam a rolar por seu rosto, mas foi em meio a essa situação que vi a oportunidade de tê-la para mim. Eu vomitava arco-íris por dentro.

            Quando ela vai embora me sinto até triste por ela, mas só conseguia ver o meu lado. Realmente, estou sendo egoísta,mas nas atuais circunstâncias nada me deixa tão feliz como uma notícia dessas.

             

         

Desejos OcultosOnde histórias criam vida. Descubra agora