O espetáculo

O pássaro (parte 2)

E lá estava o pássaro (ainda na gaiola), olhando a luminosidade, deixando toda luz que vinha de fora entrar dentro de si, se  encheu de euforia, então pensou no dia em que voltaria para o céu.

Mas e se esse dia estivesse longe? E se estivesse perto? Ele saberia o que fazer? Saberia voar de novo? Saberia os seus limites? Não soube responder.

O pássaro tinha o sonho, de que tudo pudesse voltar ao normal um dia. Que num descuido, deixassem a gaiola aberta e ele pudesse fugir para sua natureza de volta.

Ah sim, não contei, ele conheceu o autor de sua prisão. Era um senhor com óculos de fundo de garrafa e cabelos brancos, beirava os 70 anos, falava com o pássaro todas as manhas, chamava ele de topetinho, e se enchia de alegria ao ver o pássaro cantar, mal sabia ele, que seu canto era um pedido de socorro. Mas não era um homem mau, havia pego o pássaro apenas para cuidar dele, mas gostou muito dele, e talvez não quisesse mais o soltar.

Mas o pássaro ainda não sabia o que era melhor para si, talvez ainda não estivesse totalmente recuperado, talvez o senhor de óculos não fosse tão mau assim. Mas o pássaro sabia de poucas coisas, não conseguia pensar em tudo.

Mas voltando ao início, quando o pássaro tomava um banho de sol, pensava em sua vida com os olhos os céu. Rezava para que um dia tudo desse certo, e que se merecesse, voltasse a ser um pássaro normal, pois sentir se preso não era para ele.

Sentia se numa montanha russa, em determinados dias acordava melancólico, só pensando em como nunca sairia de lá.

Em certo amanhecer olhou para o jardim do vizinho, que ficava longe mas na frente da garagem em que ficava, observou que havia outro pássaro em uma gaiola, mas diferente dele este pássaro estava pendurado em um ganchinho em uma árvore, pensou que só de poder estar em contato com outros animais, fora de uma garagem com quinquilharias, já seria demasiadamente mais interessante.
Lamentou-se, e foi deitar.