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Meu pescoço doía, minha cabeça também. Mas nada doía tanto quanto as minhas costas.
— Pode começar a imobilizar. — Disse a mulher que segurava com firmeza a minha cabeça enquanto colocavam algo em meu pescoço. Ela tinhas olhos e cabelos escuros, pele bastante clara e seus olhos eram puxadinhos. — Vai ficar tudo bem! — Ela dizia me olhando com um grande sorriso.
— Pode me dizer seu nome? — Um homem negro perguntou, ele também estava vestido com um macacão preto com detalhes vermelhos, como a mulher. — Com quem você está? — Ele continuava me perguntando, mas eu não queria conversar. — Algum de vocês sabe com quem ela está? — Ele perguntou bem alto olhando para as muitas pessoas que se mantinham ao nosso redor.
— Vamos lá, garotinha, nos diga qual o seu nome e quantos aninhos você tem. Que tal? — A mulher continuou tentando me incentivar a responder.
Quando se tem seis anos não costumamos saber de muitas coisas, mas eu já sabia de bastantes.
Onde, afinal, estavam as borboletas? Tentei me sentar, mas não consegui, tentei virar a cabeça, mas estava impossível.
— Okay, garotinha, você precisa ficar parada, não pode se mexer! — Ela disse ainda segurando a minha cabeça firmemente, me impedindo de sair dali, de qualquer forma eu não conseguiria mesmo.
Eu já tinha visto pessoas usando aquelas roupas uma vez e, só de lembrar, senti algo estranho em minha barriga. Puxei-me com toda a força que ainda me restava e escapei das mãos da moça me jogando para o lado colocando tudo para fora. Minha mãe costumava me ajudar quando eu passava mal e vomitava assim.
— Droga! — A moça exclamou apreensiva. — John, quando a ambulância chega? — Perguntou frustrada.
— Um minuto e meio! — Ele respondeu olhando em algo que parecia um rádio. — Podem se afastar por favor? — Pediu mais uma vez e as pessoas deram alguns passos para trás.
Voltei a minha posição inicial, olhando para o céu enquanto a mulher e o homem me mantinham parada em uma posição específica. Eles me diziam algumas coisas e provavelmente me perguntavam algo; eu sei disso porque, de relance, eu via os seus rostos, seus olhos me fitando e suas bocas se mexendo. Eles estavam apreensivos, enquanto o homem alto e negro mexia em meus braços e pernas me perguntando algumas coisas, mas eu não estava.
Sempre gostei do sol, e agora, ele estava bem e acima de mim, deixava o chão quente e as pessoas mais cansadas, mas eu nunca me importei, porque o seu brilho é maior do que qualquer coisa ruim que possam falar sobre ele.
O sol tem muito a ver comigo.
Ou tinha.
Não sei ao certo.
— Chegou! — O homem, que se chamava John, disse. Ele tinha uma voz muito marcante.
Eu também já conseguia ouvir a sirene. Aquelas luzes e aquele barulho marcavam alguns dos meus sonhos. Não sou muito fã de ambulâncias e hospitais.
Fechei meus olhos em pura angústia quando o barulho já estava bem mais próximo e as pessoas vestidas de preto e vermelho já começavam a me mover para dentro do veículo. Eu podia escolher não vê-los, mas infelizmente não podia escolher não ouvi-los.
— Identificação? — Alguém perguntou, provavelmente outro homem.
— Não sabemos ainda, aparentemente não tinha ninguém com ela no local e ela parecia atordoada com a queda para poder nos responder. — Era a voz daquela mulher.
Eu não estou atordoada, apenas não quero e nem devo conversar.
— Acha que foi a batida na cabeça? — Outro alguém perguntou.
— Pode ter sido, apresentou provável dispepsia através do vômito. — Ela tornou a responder.
— Parece que a pancada foi forte! — Houve um suspiro. — Lesão ou concussão?
— Nada aparente, mas a queda foi grande, dois metros em média!
— Vocês não tinham dito que ela estava consciente? — Perguntou. Eu estou consciente!
— Ela estava! — Respondeu John.
Abri meus olhos encarando aquelas quatro pessoas naquele veículo apertado e então os fechei novamente.
— Ela está! — Constataram.
— Okay, pode nos dizer o seu nome e sua idade? — Um deles me perguntou.
— Eu já tentei isso, mas ela não responde! — Bufou, era a mulher que estava comigo antes. — Vamos lá, eu sou a doutora Akira, pode me dizer o seu nome e sua idade? — Esperou alguns segundos pela minha resposta e quando percebeu que eu não falaria algo, tornou a se manifestar. — Sei que está com medo, mas será que poderia nos ajudar? Estamos tentando te ajudar, mas precisamos da sua colaboração também! Abra os olhos. — Pediu e assim o fiz.
— Olá, eu sou o John, aqueles são Daniel e Joe, estamos aqui para te ajudar!
— Pode nos dizer seu nome e sua idade? — Foi a vez de Joe falar.
Eu estava em dúvida, não sabia ao certo o que responder, estava com medo de fazer alguma besteira, mas eles pareciam confiáveis. Eu deveria confiar neles, não deveria?
— Akuma... — Respondi baixinho e os vi suspirarem por finalmente ouvirem minha voz. — Seis anos.
— Akuma? — Repetiu a médica Akira franzindo a testa e eu confirmei com o olhar.
— Chegamos, encaminhem direto para o trauma e chamem a pediatria! — Disse Daniel enquanto abria a porta.
— John e Joe façam a transferência que eu chamo a Jauregui! — Akira disse saltando do automóvel assim que a porta já havia sido aberta.
— Acha que é caso para a Jauregui? — Perguntou John parecendo confuso enquanto me removiam do veículo com a maca.
— Sem dúvidas! — Ela respondeu correndo e adentrando as portas principais do local onde havíamos acabado de chegar.
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Girassol • Camren
FanficLauren Jauregui, médica. Ela sabe o que é sentir a dor, tão pura e tão pesada que chega a ser visceral. Ela perdeu tudo o que tinha de mais precioso e se afundou em um mar de tristeza, angústia e culpa tão grande que precisou ser afastada de sua pro...