Capítulo 4

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Engoli em seco sentindo minhas mãos suarem enquanto eu estalava os meus dedos. Olhei em seus olhos, intimidantes. Abri os lábios brevemente buscando palavras, mas o que eu diria?

A mulher na minha frente franziu o senho e cruzou os braços pigarreando.

— Em que posso ajudar? — Ela perguntou. Respira, Lauren.

— Bom dia! — Sorri forçadamente e lhe mostrei meu crachá do hospital. — Eu sou Lauren Jauregui, médica do hospital onde Girassol estava.

— Ah, o que deseja? — Perguntou. Ela parecia um pouco desconfiada.

— Gostaria de saber se tem alguns minutos para que eu possa conversar com você! — Inspirei. Meu cérebro precisava começar a trabalhar e rápido. — Camila Cabello, certo?

— Isso! — Ela respondeu — Sobre o que deseja falar?

— Acredito que tenha ocorrido um equívoco com relação a alta de Girassol! — Respondi desviando meus olhos dos seus, que me encaravam tão árdua e secamente.

— E é normal os médicos irem até a casa dos pacientes para relatar um equívoco? — Indagou e eu suspirei.

— Para te ser bem sincera, não! — Respondi firme, começando a me cansar do joguinho. — Mas tudo bem, se você não deseja saber o que me preocupou tanto ao ponto de me fazer vir até aqui, eu entendo e agradeço... Estou indo embora! — Ameacei sair, mas ela segurou levemente um dos meus braços me encarando. Seu olhar passava um misto de preocupação e desconfiança.

— Entre! — Ela disse me dando passagem e eu adentrei sua casa suspirando por ter vencido a primeira parte. Analisei todo o ambiente a minha volta, estava a procura de algo suspeito, algo fora do comum.

Sem me dizer palavra alguma, ela saiu andando em minha frente, como se esperasse que eu a seguisse, e assim eu fiz. Seguimos por um corredor até uma porta que estava entreaberta, por onde eu pude ver ser, aquele, um escritório. Entramos e nos sentamos. Eu sentia o meu coração batendo em minha garganta. E se ela fosse mesmo uma pessoa agressiva? O que eu faria? Simplesmente não tinha a menor ideia, mas meu coração gritava para que eu ajudasse aquela menina.

— Então, doutora, posso te oferecer alguma bebida? — Perguntou e eu estranhei. Sentia como se eu estivesse em uma daquelas cenas de negócios dos típicos filmes norte americanos.

— Ahn, não, agradecida! — Respondi no automático e percebi, pelos seus olhos analíticos, que ela procurava identificar de onde vinha o meu sotaque.

— Certo. — Respondeu simples. — Então vamos ao que interessa! — Ela dizia tranquilamente, ali, sentada na minha frente, ainda sem camisa, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Acredito que não seja o melhor para Girassol que ela tenha voltado para casa, talvez fosse melhor que ela ficasse internada! — Comecei minha estratégia, tentando ver se, de uma forma ou de outra, eu conseguiria tirar a menina de dentro daquela casa por algum tempo, até que eu pudesse ter certeza que é um lugar seguro e que todas aquelas marcas são mesmo dos esportes e das mordidas.

— Não entendo, conversei com a chefe da pediatria e ela disse que tudo bem voltar para casa se ela mantivesse uma rotina de descanso e repouso até que as fraturas nas costelas cicatrizassem... — Ela respondeu e eu suspirei.

— Mas esse é um processo doloroso, a criança precisa ser medicada e ter o auxílio de alguém para ficar com ela constantemente... — Comecei mas ela me interrompeu.

Girassol  • CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora