Capítulo 12

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"Mesmo quando nossas esperanças fogem da realidade, e nós finalmente temos que nos render à verdade, isso só significa que perdemos a batalha de hoje. Não a guerra de amanhã."

⊹ 𝑻𝒉𝒆 𝑲𝒊𝒍𝒍𝒆𝒓𝒔 ⊹

Você já sentiu o peso 'fantasma' do mundo em suas costas? A primeira vez que isso 'apareceu' foi apenas como uma agonia que foi quando eu terminei o ensino médio, mas todos me diziam que isso era normal então apenas acreditei neles e me permiti sonhar com dias melhores. A segunda vez foi a mais dolorosa e assustadora, foi quando eu senti meu corpo todo formigar e resfriar, era inverno e a noite estava sufocante de tão gelada, em minha cabeça tinha sangue e algumas partes do meu corpo tinham cacos de vidro. Eu senti como se o universo fosse desabar e não é necessariamente uma metáfora, estava tão assustando que quase acreditei nisso.

A terceira foi quando eu acordei uma semana depois do acidente e recebi a notícia da família que tinha morrido, meus pais não me julgaram e também não comentaram ou questionaram nada além da notícia que tinham me dado. Isso definitivamente não foi um alívio, eu queria que eles agissem como pais e me dessem uma bronca, um castigo, uma lição de moral, que ficassem dias sem falar comigo, e o principal, queria responder na delegacia pelo meu erro para que assim eu fosse uma pessoa melhor e pagasse pelo que fiz.

Eles apenas me disseram que tudo estava resolvido e que poderíamos voltar ao normal. Eu não podia voltar ao normal quando havia causado um acidente, mas agora eu "entendia", meus pais são empresários e além disso são os mais talentosos cirurgiões do país. A reputação deles acabaria assim que eu fosse presa por dirigir embriagada.

A quarta vez foi saber que eu estou noiva de uma pessoa que eu não vejo a mais de 15 anos. Eu por acaso era um objeto qualquer que podia ser usado para resolver os problemas dos outros? Quando foi que minha opinião passou a ser inválida? A minha vida já estava toda feita desde que eu nasci, tudo foi uma  grande mentira.

E droga eu nunca quis casar e construir um lar porque eu nunca tive verdadeiramente isso. Parecia que tudo e todos me odiavam.

A mulher em minha frente estava super calma explicando isso pra mim. Eu iria me casar em um ano e seria a líder do grupo TK.

Tudo isso sempre foi falso. Odiava a sensação de medo, odiava sentir e algumas vezes odiava estar viva. E agora eu odiava meus pais por me tratarem como alguém que seria usado, é errado invejar famílias felizes dos contos de fadas? No final eu era apenas boba, eles não eram nem meus pais verdadeiros e já fizeram um grande favor por me suportar todos esses anos.

– Aliás o traste do George quer te ver! - Anne fala sem esboçar nenhum sentimento.

Concordo com a cabeça e saio do restaurante sem nem raciocinar direito, seco as lágrimas e ajeito minha roupa andando reto. Devo ser a garota perfeita dos Parker, pelo menos na frente do mundo.

[...]

Bato a porta da casa simples de cor laranja e uma senhora abre a porta com um sorriso aconchegante, ela me dá um bom dia e um abraço desajeitado  e pede para que eu entre. George estava sentando consertando um ventilador e sorri assim que me vê.

– Oi pai - o comprimento.

– Minha doce Lina! - ele sorri e mesmo receoso me abraça.

– Vocês estão bem? Usou o dinheiro que eu te dei? - pergunto.

– Não posso aceitar seu dinheiro minha princesa. - responde envergonhado.

– Pai, o senhor não tem trabalho certo e nem aceita um condição melhor de vida, o dinheiro que eu te dou não é dos Parker, é o meu dinheiro como médica.

– Ei sei querida e é exatamente por isso que não posso aceitar, você trabalha o tempo todo e dá tudo de si, ficando longas horas sem dormir. Não mereço seu dinheiro, nunca consegui te dar nenhum brinquedo enquanto ainda estava comigo.

Sabe pai eu queria ter crescido ao seu lado, teria aprendido a ter o seu caráter e ver a vida com uma linda visão. Seria amada nesse lugar mesmo não tendo nada, eu daria tudo para ter isso.

– Mas não se preocupe com seu pai agora, estou pegando serviços bons que dá para alimentar e pagar as contas, eu e sua vó nos viramos. - a senhora que antes estava no quintal chega na hora e confirma. – Minha prioridade sempre foi você e mesmo sua mãe me proibindo de ver vocês, fico feliz que sempre teve tudo, mesmo a Anne sendo fria você tem seu irmão que é muito gentil e o Robert que levava você na praça para eu te ver, eu sou tão grato a ele.

O papai era realmente gentil e carinhoso, mesmo sendo extremamente reservado e cheio de trabalho, ele cuidava de mim o tempo todo e eu nem era filha de sangue dele.

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