ʚ Primeiro dia ɞ

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Meu dia começou como todos os outros, a luz do sol atravessava a janela aberta esquentando meu rosto. A brisa leve da manha trazia consigo o cheiro suave da vegetação molhada na noite que se passara.

A Rainha da Neve perdia suas flores, deixando os galhos sozinhos, a chuva forte tinha arrancado-as, mas as que ficaram brilhavam a luz do sol. Era lindo, mas não me fazia esquecer das pétalas brancas que se infiltravam em meu quarto trazidas pelo vento. Recolhi todas e as acariciei por um tempo, apreciando sua beleza e delicadeza. As vezes eu desejava secramente ser uma pétala, tão magnifica que me tirava o fôlego. Saí dos meus pensamentos e as deixei em cima do criado mudo, juntamente com alguns livros e outras flores e pedras que eu apelidei carinhosamente de meus pequenos tesouros.

Ainda era cedo pois o sol tinha acabado de nascer. Marilla ainda não tinha acordado. Desci as escadas e fiz minha própria comida. Estava ansiosa para chegar a escola.

Essa semana a Srta. Stacy estava focando em história e das poucas coisas que ela sabia sobre o passado que podia nos ajudar e nos fascinar no presente e futuro, tinha um conhecimento aprofundado sobre a Europa. Estávamos aprendendo sobre a Grécia e ela sorria toda vez que alguém mencionava o nome da cidade ou referia-se a ele. Filosofia, matemática, medicina... Era interessantíssimo ler e descobrir mais sobre isso.

Mas nossas partes preferidas eram as historias sobre as divindades de sua cultura, tinham poderes e relações entre si, seus defeitos e grandes qualidades. Cada amor, traição, ódio, guerra... Era tudo tao grandioso quando se referia aos deuses.
Deixei um bilhete em cima da mesa depois de comer e lavar a louça.
Estava realmente cedo, o frio mais intenso devido a chuva, o ar úmido dificultava a respiração. Me agasalhei e sai de casa. O caminho até a escola estava escorregadio, mas corri mesmo assim, não cabia em mim mesma de tanta ansiedade.
Pingos caiam das copas das árvores e me faziam rir quando acertavam-me. Um foi na ponta do meu nariz. As tranças batiam em minhas costas quando corria, e o vento gélido acariciava meu rosto.
Cheguei na metade do caminho e desacelerei aos poucos, estava ofegante. Mas antes de conseguir voltar a andar normalmente, escorreguei numa folha molhada, já prevendo o estado do meu vestido quando caisse na lama gelada.

Mas não caí.
Braços fortes e acolhedores me seguraram e quando olhei para o seu dono, preferi ter caído.

Gilbert Blythe me segurava, no estilo noiva.
- Me solta! - comecei a me debater e ele riu de mim. ELE RIU.
- E dessa vez? Tem mais algum dragão que precisa ser morto?
- Não! E se tivesse, eu mesma aprenderia a lidar com eles depois da última vez.
- É, estou vendo como você "lida" com eles.
- Não pedi que me salvasse! - disse ríspida, e ele abriu um sorriso de lado me olhando nos olhos e nesse momento eu notei que prendia minha respiração.
Me debati novamente, me soltando dos braços dele e levantando, bati na saia do meu vestido que tinha ficado um pouco suja. Percebi que ao me "salvar" ele tinha ajoelhado, ao levantar, suas calças estavam imundas, mas ele não ligou para isso, continuava a me encarar com aqueles olhos cor de avelã.
- O que faz aqui tão cedo? - perguntei com o maior desgosto que consegui colocar na voz, seus olhos vacilaram, mas logo respondeu.
- O que você faz aqui?
- O mesmo que você eu presumo. Indo para o colégio!
- Então realmente somos dois. Vamos? - suspirei revirando os olhos e comecei a andar, Gilbert me acompanhou.
- Tenho certeza que está tão ansiosa quanto eu não é? Para estar indo tão cedo.
- Eh. - tentei dar uma resposta seca, mas o assunto me interessava - Vi que a Srta. Stacy trouxe novos livros, quero pegar o meu logo. - dei um pequeno sorriso, e ele sorriu de orelha a orelha.
Ao chegar na estrada que dava a escola corri na frente, dando de cara com a escola vazia. Onde estava Ruby quando eu estava sozinha com o Gilbert?
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A Srta. Stacy, eu e Gilbert discutimos durante muito tempo até outros começarem a chegar. Agradeci mentalmente quando Ruby, usando um maravilhoso vestido rosa, atravessou aquelas portas e sentou atrás de mim. Pelo menos podia fingir que aquela sensação de estar sendo vigiada não era por ele estar realmente me olhando mas a loirinha.
A aula começou e finalmente iríamos pegar os livros.
- Esses livros foram uma doação feita pelo museu que esta sendo inaugurado semana que vem em Charlottetown. O dono me contactou e nos ofereceu uma excursão de graça para lá, pelo fato de sermos a única escola na zona rural da região. - ela distribuiu os livros grossos com capa de couro. Abri as primeiras páginas e o índice mostrava nomes e mais nomes desconhecidos. Não sabia se isso era bom ou ruim. Os primeiros eram coisas básicas, como o Olímpo. Mas a cada capítulo a história se complicava.
Era fascinante a forma como eles eram divindades mas sentiam algumas coisas até mais intensamente que nós, humanos.
A aula acabou num piscar de olhos e só percebi que não ouvira nada, fiquei o tempo inteiro com o nariz enfiado no livro.
- Não se esqueçam de trazer dinheiro para a passagem, sairemos na terça, tem até segunda. - disse a Srta. Stacy enquanto saia da sala. Imediatamente me virei para o lado.
- Vocês não estão entusiasmados para essa emocionante viagem que tenho certeza que será cheia de descobertas? - perguntei a Diana que parecia animada também.
- Folheei o livro um pouco, parece ser muito interessante. O que você achou de mais incomum nos mitos? - abri a boca na mesma hora, mas nada saiu. Não havia como escolher uma história mais diferente! Todas eram fantásticas!
- Acho que não é possível decidir entre todos eles! Cada um tem a sua particularidade e significado único. Seria um crime dizer que um é melhor que o outro ou algo do tipo. É tudo tão complexo, delicado e profundo.
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Chegamos a cabana que reconstruimos. Eu, Ruby e Diana, (sem o Cole que nos visitava so de vez em quando), voltamos a criar histórias ali. Mas naquele dia, as duas ficaram muito silenciosas enquanto ouviam a minha criação, até mais que o normal.
Quando terminei Ruby tinha lagrima nos olhos.
- Mas por que ela foi tão cruel com seus próprios filhos? Sua própria família! - Diana sorria solidária.
- Ei, calma Ruby. Acho que a Anne chegou num nível que as suas histórias são tão realistas e ao mesmo tempo romantizadas e trágicas que não tem como não cair em lágrimas. - seus olhos estavam úmidos.

Depois disso contei outras histórias mais felizes (sem deixar a parte trágica de lado é claro) até a Ruby parar de soluçar. A minha história nunca a impactara tanto.

Tinha sido baseada na história primordial do livro. O surgimento de tudo. Achei uma boa ideia iniciar essa nova aventura no mundo mitológico adaptando o conto de Gaia e Urano.

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Oi genteee, esse capítulo foi basicamente um parto para escrever aqui pq minha irmã tava usando o MacBook pra estudar pra o ENEM e não conseguia escrever já que o caderno onde tava a história tava com Aline (ela q escreveu esse capítulo eu so ajeitei, passei p o wattpad e mudei umas coisinhas hehe). Mas enfim ta aqui kdksk. Teve bastante interação do otp nesse cap entao so se preparem pra mais skkdks
Espero muito que vcs tenham gostado caso tenham alguma crítica pode dizer q a gnt ta aceitando♡

♡Beijos icones♡

〘Greek Museum〙 ˗ˏˋShirbert fanficˎˊ˗Onde histórias criam vida. Descubra agora