Filosofia de um Diário - Inconstante Alma

DORES E DORES

Dores e dores

As vezes, quando quieto e sozinho os pensamentos se formam na minha mente, pego uma folha e escrevo o que penso, mas desconfio que eu escrevo nas incertezas, pois sei que dialogar comigo mesmo é dialogar com as incertezas. Eu sei que preciso de outras pessoas e novas relações para fugir daquilo que faz lógica apenas a mim e entender o mundo e as pessoas por outros ângulos. A vida precisa ser observada de todos os ângulos, essa é a aventura dos ousados.

Um dia, enquanto eu estava só, observando o vai e vem de pessoas cumprindo suas rotinas e eu incendiado por uma leve dor, pensei sobre os propósitos, era justo eu querer que todos os propósitos da vida comigo fossem bom, que todas as dores agora fossem para um propósito maior. Porém, é observável nessa vida que o estado natural das coisas - o estado da vida, desejos e vontades - é o tédio, é a dor, a insatisfação e a inquietação. As satisfações, acomodações e gozos apenas nos distraem por entreatos desse status quo da vida. Fazendo crer que os propósitos nem sequer existam, é apenas a inclinação natural humana para voltar ao estado natural das coisas. Não minto, reforço aqui como dito antes sobre o remédio e a dor que citei outrora, a dor é um vício insconsciente e natural porque ninguém opta por ela porém a sua fissura por ela sempre nasce novamente e a felicidade é a droga de cada dia que sacia esses malditos vícios de caras e formas diferentes.

Estamos todos os dias lutando contra o vício maldito e inconsciente da mente humana e todos os dias nos drogando, remediando com felicidades falsas e verdadeiras, apenas me faz crer em Schopenhauer; a vida é um combate sem tréguas e morremos com as armas em mãos.

Aproveitando o ensejo, afinal que tipo de dor é essa que inspira as grandes almas? Acredito que a dor do fim de um romance é a inspiração para os poetas romancistas; a dor de buscar à sabedoria e se aprofundar na angústia disso é a inspiração para as almas inquietas diante os mistérios. Sendo assim, cada dor, cada angústia, por diferentes que sejam, por nos tirar das distrações, essas inspiram aqueles ousados curiosos e inconformados pela dor.