Ele sorri. Agora um casaco de couro longo e preto cobria seus braços e costas, mas seu peito debaixo da camiseta ainda estava exposto.
“vim agradecer pela ajuda que prestou hoje camarada”
“estava tentando salvar minha própria bunda grande e redonda. Só isso”
De repente me lembro de quando ele me bofetou alguns minutos atrás. Ele parece ter lembrado também.
“é grande mesmo”
Reviro os olhos levantando e sentindo o sangue seco em minha roupa já endurecido.
“bom, se já não há mais ninguém tentando te matar… acho que posso ir embora, certo?”
Ele chegou mais perto me encarando com grandes e pensativos olhos azuis e tentei desviar o olhar para não parecer tão presa nesse fluxo. Era como se ele me controlasse toda vez que fazia isso.
“é claro… você pode ir se quiser”
“se eu quiser?” dou uma risada sarcástica “é claro que vou embora seu sausmench”
Começo a andar até saída, mas sua mão me impede. Preparo meu palavrão mais sujo quando, agora, seu braço grosso e forte envolve minha cintura.
“você pode ficar se quiser…”
Tento continuar firme, não demonstrar o quanto esse toque me afetou, mas duvido que esteja conseguindo.
“não obrigada… Nicola Rans Fiedler não nasceu para ser a senhora do crime”
Ele sorri.
“então seja meu senhor do crime, Russell”
Em minha cabeça, começou a tocar Every Breath You Take porque desde que ouvi Sting pela primeira vez, essa merda americana invade meu subconsciente em momentos como esse.
Sou uma/um idiota mesmo.
“seu saumensch” digo.

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Nicola Rans Fiedler
FantasiUma drag queen precisa lutar para continuar viva numa realidade alternativa de Berlim pós queda do muro. Em meio a muito rock, pop e baladas neon, ela descobre que seu maior inimigo, também pode ser seu maior amante.