Ervas Daninhas

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Cidade de Silver Rose

Província de Belcourt


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O sol das três horas da tarde ardia em seus braços já queimados. O suor se acumulava em sua testa conforme seus cabelos morenos esquentavam sob o chapéu de pescador.

Mesmo usando luvas, suas mãos doíam pelo esforço de arrancar as ervas daninhas repetitivamente. Após arrancar uma última erva próxima a uma roseira e jogar a planta em um balde. Ela se permitiu relaxar os ombros tensos.

Após jogar as plantas na caçamba de lixo e remover as luvas, Alex se dirigiu ao quintal da mansão, onde se localizava uma grande fonte, várias roseiras bem cuidadas e uma mangueira.

Enquanto molhava o rosto, os cabelos morenos e os braços com a água fresca, Dolores Lance, dona da mansão, caminhava em direção à jovem com um bolo de dinheiro na mão.

"Vejo que fez um bom trabalho, como sempre." Disse observando o jardim com os meticulosos e perfeccionistas. "Aqui está." Entregou o dinheiro.

"Obrigada, senhora." Disse guardando o precioso pagamento no bolsa da calça cáqui.

"Amanhã à noite uma família de Três vem jantar aqui em casa. Gostaria de fazer alguns buquês e embelezar minhas rosas, isto é, se você não tiver ocupada amanhã de tarde." Disse a senhora de cinquenta anos. 

"Claro, sem problemas." Sorriu tentando não demonstrar o quão cansada estava.

Precisamos descansar. Já! Gritava o lado emocional e físico de seu corpo, que logo foram calados pelo lado racional.

Mais serviços significa mais dinheiro. Pensou Alex enquanto se despedia de Dolores e ia se preparar para ir à mansão dos Forbs.

"Espere!" Disse Dolores. "Venha para dentro, fiz chá de jasmin"

Alex se virou, surpresa. Desde que começara a trabalhar para Dolores, nunca fora chamada para entrar na mansão dela.

Sem questionar, a morena seguiu a senhora grisalha para dentro da casa chique digna de uma advogada do bairro nobre de Silver Rose.

A decoração era deslumbrante, prateleiras de carvalho lotadas de livros tão antigos, porém muito bem preservados. Vários quadros com jornais de Illéa estavam espalhados, a maioria eram dos feitios de Dolores ao mandar criminosos para a cadeia ou provar a inocência de seus clientes.

Ao chegarem à sala de jantar, Alex se sentiu envergonhada em entrar em um cômodo tão bem arrumado, uma grande mesa de madeira, com dez cadeiras com forro de veludo se localizava no centro da mesa.

Em um dos cantos, Millie, a Seis que trabalhava como doméstica, arrumava um belo buquê de rosas azuis em um vaso caríssimo no centro da mesa.

A adolescente estava nervosa com a situação. Ela estava suada, usando roupas esfarradas e largas que pertenciam ao seu irmão mais velho, quase parecia uma Oito. Agora ela iria tomar chá com uma das Dois mais respeitadas de Illéa.

"Millie, minha cara, leve a srta. Wolf para o banheiro dos hóspedes e traga vestimentas para ela." Disse Dolores com seu característico tom de voz frio e autoritário como o martelo de um juíz.

A empregada, uma jovem ruiva de olhos de cervo, levou a Sete até um banheiro luxuoso no andar de cima.

Mesmo sem entender, ela tomou um banho longo e vestira as roupas aue Millie trouxera, jeans cinza e uma camisa polo azul.

Ao descer e se sentar na mesa de jantar, no lado esquerdo de Dolores, Alex finalmente perguntara.

"Senhora, por quê está fazendo isso?"

Os olhos cinzas da idosa se encontraram com os violetas da jovem.

"Isso o quê, senhorita Wolf?"

"Você sabe... Sendo tão gentil comigo. Você nunca foi assim comigo antes..." Murmurou a última parte.

A Dois encheu uma xícara com o chá e a entregou à Alex. Sua expressão antes sempre séria agora havia se suavizado.

"Estou ciente da diferença entre nossas castas, e também da forma distinta que a sociedade nos trata. Mas após dois longos anos a observando... resolvi erguer a bandeira branca e lhe contar algumas coisas que necessita saber."

Alex não falara uma palavra, apenas assentiu e bebericou a bebida adocicada com sabor de jasmim.

"Como você sabe, eu nunca tive o privilégio de me casar ter filhos. E após te observar por tanto tempo, e ver o quão dedicada você é, não apenas pelo seu ofício, mas pela sua família... cativou-me profundamente." Dolores limpou a garganta e olhou profundamente nos olhos da menina. "Você é destemida, Alexia Wolf. Mesmo nos dias mais frios ou quentes, jamais desistiu de seus deveres, e isso é admirável."

"Obrigada, senhora Dolores. Mas eu ainda não entendo o porquê de me trazer aqui e..." Apontou para as roupas.

A idosa segurou as mãos da menina, marcadas por leves calos, mesmo com o uso frequente das luvas.

"Você é como uma neta que eu nunca tive, Alexia. E quero que saiba que, de hoje em diante, sempre será bem-vinda em minha casa, independente do motivo."

A Seleção da Sete [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora