CAPÍTULO 9 - O ponto de partida

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"Todas as mudanças, mesmo aquelas pelas quais ansiamos, têm sua melancolia. O que deixamos para trás é uma parte de nós mesmos. Precisamos morrer em uma vida antes de entrarmos em outra." - Anatole France.

 

 

Em casa, depois de ter brincado um pouco com as meninas e pô-las para dormir, enquanto Sílvia organizava as coisas da cozinha, ele sentou-se à frente de seu computador e, pela internet, foi pesquisar sobre o significado dos sonhos.

 As informações colhidas foram as mais variadas possíveis.

Algumas, de forma bastante perceptível, eram exageradamente místicas. Outras traziam um cunho extremamente explicável pelo campo da parapsicologia e também da psicologia. Nenhuma delas, porém, despertou nele algum interesse.

Quando já estava desistindo da ideia da pesquisa, pois o enfado já começava a dominá-lo, eis que, em um dos sites relacionados ao tema, ele achou aquilo que poderia ser uma explicação mais interessante.

Era um site sobre o Espiritismo, onde podia se encontrar uma enorme variedade de temas. Nele, Luís Otávio encontrou uma explicação mais racional sobre sonhos e pesadelos, que, apesar de dar uma conotação um tanto tendenciosa em relação aos princípios básicos da Doutrina, foi a que mais lhe chamou a atenção.

O texto informava que os sonhos podem ser classificados como fisiológicos, que seria uma espécie de liberação das informações recebidas pelo cérebro, e liberadas durante o relaxamento causado pelo sono, e também poderia ser classificado como uma atividade do espírito, parcialmente liberto do corpo físico, pelo mesmo processo do sono, atividade essa que seria toda realizada no plano espiritual.

Informava também que durante essas experiências extra-físicas, o espírito desdobrado, ou seja, parcialmente liberto do corpo físico, poderia entrar em contato com outros espíritos, encarnados ou não, conhecidos nessa atual existência ou em outras, assim como poderia manter contato com espíritos desconhecidos, e que, nesses encontros, fatalmente encontraria, tanto os infelizes e inferiores - que em outras reencarnações, de alguma forma os prejudicamos, e que, movidos pelo ódio e pelo desejo de vingança, muitas vezes durante séculos de perseguição, nos procuravam para nos atingir com suas maldades -, como também poderia encontrar almas superiores, voltadas para o bem, e cujo propósito era o de servir à humanidade.

Os classificados como espíritos inferiores, e que exerciam uma ação persistente contra uma determinada pessoa, eram tido como obsessores.

Estes eram bastante cruéis, e só tinham para com as suas “vítimas”* um único propósito: o de os destruir, custasse o que custasse, pois o forte desejo que os movia era o da vingança, em virtude de atos que foram cometidos contra eles em outras existências.

As informações deixaram Luís Otávio bastante impressionado, e, embora não tivesse muita ligação “com essas coisas”, que era como ele denominava esses assuntos, no fundo ele sabia que algo ali poderia mesmo ser verdadeiro.

Era isso sim que ele sentia ao entrar em contato com aquelas entidades encapuzadas. Não os conhecia, mas agora sabia que eles poderiam ser pessoas que com ele haviam convivido em outras vidas, e que eles poderiam mesmo estar falando a verdade, quando o acusavam de tê-los traído.

Na verdade, os temas reencarnação, imortalidade da alma e mediunidade, nunca foram rejeitados por ele.

Se realmente Deus existia, pensava ele, esses assuntos eram mais condizentes com a imagem que tinha sobre o Criador, pois, segundo ele, caracterizavam melhor o sentido de justiça Divina.

Todos Nós Renascemos - Dias AtuaisOnde histórias criam vida. Descubra agora