Capítulo 3

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     Estávamos todos postos à mesa. Eram 20h da noite, horário em que minha família costumava jantar. Me sentei entre meu irmão Joe e minha tia Claire. De frente pra nós estavam minha mãe, meu irmão mais velho, Zach e sua esposa, Lindsey. Eles não viviam conosco, mas de vez em quando apareciam pra ver a família. Eu nunca gostei dessa Lindsey. Até hoje não sei o que meu irmão viu nela. Pra mim ela não passava de uma vadia interesseira que só queria se aproveitar do dinheiro dele. Mas enfim... Ele resolveu se casar com ela, né? Então ele que carregue essa cruz sozinho.

     Susy, a governanta, estava de pé diante de nós. Na verdade ela era mais do que apenas uma governanta. Ela era a confidente da minha mãe. Era Susy quem minha mãe buscava quando queria desabafar e conversar sobre assuntos sérios. A relação delas eram bem mais do que de patroa e empregada. Elas tinham uma forte amizade. Apesar da Susy já estar com a gente há mais de 3 anos e nunca ter apresentado problema algum, por uma razão que desconheço meu pai não era muito a favor de tê-la conosco. Ele sempre quis que Susy fosse embora da nossa casa, alegando que ela pudesse não ser tão confiável assim. Mas minha mãe foi contra e garantiu que eles nunca encontrariam alguém como Susy. No fim ela acabou ficando mesmo.

     – O meu marido... - Jéssica deu uma pausa enquanto falava. – Ele já chegou?
     – Não, senhora. O senhor Hastings ainda não chegou. - respondeu Susy. – Quer que eu entre em contato com ele?
     – Não. Tudo bem. Ele deve ter ficado preso no trabalho. Esse cargo de prefeito toma muito o tempo dele. Deve ter surgido algum imprevisto de última hora. Isso sempre acontece. Vocês sabem como é. - disse ela olhando pra todos.
     – É... Ele tem ficado preso no trabalho com bastante frequência ultimamente. Deve ter muito o que resolver. - disse Claire, lançando um olhar provocador para a irmã.
     – O que você quer dizer com isso, Claire? - perguntou Jéssica, um pouco sem graça.
     – Nada que você já não saiba, irmã. - Claire lançou aquele mesmo olhar outra vez. Um silêncio total tomou conta da mesa.

     Assim era a minha tia Claire. Ela não passava de uma cobra que não perdia a oportunidade de alfinetar e provocar minha mãe sempre que podia. Elas eram daquelas irmãs que se odiavam e viviam competindo entre si. Claire sempre viveu de mau humor e estressada com todos. Ela só não saía da nossa casa porque era vagabunda demais pra se sustentar sozinha. O dia que ela se tocar que não é bem-vinda e seguir seu próprio rumo... Ah, esse será o dia mais feliz da minha vida. Mal posso esperar.

     O silêncio que predominava finalmente foi quebrado.
     – Bom, e esse jantar que não sai nunca? Já estou faminto. - Falou Zach, que sorria tentando afastar o clima formado.
     – Tem razão, meu filho. - Jéssica forçou um sorriso. – Pode mandar servir o jantar, Susy.
     – Como quiser, senhora. - respondeu Susy.
     – Sem esse senhora, por favor. Pode me chamar de Jéssica.
     – Está bem, Jéssica. - Susy se retirava.

     Susy voltou acompanhada da empregada, que serviu o jantar.
     – Susy. Junte-se a nós à mesa. Coma conosco. - falou Jéssica.
     – Ah senh-... Jéssica. Eu fico muito grata e gostaria muito de participar desse momento em família com vocês, mas é que infelizmente não posso. Tenho uns assuntos urgentes pra resolver que não podem esperar. - falou Susy.
     – Ah. Sendo assim, tudo bem. Não quero tomar o seu tempo. Pode ir a vontade, querida.
     – Obrigada pela compreensão.
     – Mas que problemas são esses? Alguma coisa aconteceu com a sua mãe? Ela adoeceu de novo? - perguntou Jéssica, preocupada.
     – Sim. Ela está muito mal e preciso vê-la urgente. - Susy começou a chorar. – Só espero que ela melhore logo.
     – Conte comigo para o que precisar. Qualquer coisa não exite em me pedir, está bem? – Jéssica se levantou e deu um forte abraço em Susy. – Fique bem e tire o dia de folga amanhã. Melhoras para sua mãe.
     – Obrigada, Jéssica. Obrigada de verdade. Não sei o que faria sem você. Serei eternamente grata por tudo que você faz por mim e por minha mãe. - Susy retribuiu o abraço e foi embora.

     Susy subiu as escadas e foi até seu quarto. Ela pegou suas coisas e arrumou dentro de uma bolsa. Ela passou um lenço nos olhos, secando as lágrimas que escorriam e esboçou um sorriso enquanto se maquiava frente ao espelho. Susy retirou seu celular da bolsa e começou a deslizar os dedos pela tela enquanto passava pelos contatos salvos na agenda. Ela parou quando chegou na letra H. Ela começou a escrever uma mensagem.

     "Oi meu amor. Me atrasei um pouco hoje, mas já estou chegando. Não demoro. Mal posso esperar para te ver. Temos uma grande noite pela frente. Até logo."

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