Após um curto período de investigação, a polícia local deu como encerrado o caso Susy. A morte, foi apontada como suicídio. Thómas cuidou de tudo para que não vazasse a imprensa nenhuma informação sobre o ocorrido em sua residência. Jéssica estava muito abalada com a perda de sua até então confidente e ficou de luto por alguns dias. Hanna não aparentou remorso algum pelo o que tinha feito e agiu como se nada tivesse acontecido.
Depois de perder a amantezinha dele, meu pai parou de chegar tarde toda noite. Pelo contrário, nesses últimos dias ele estava mais presente do que nunca e fazia de tudo para reconquistar minha mãe. Sabe como isso se chama? Culpa!
Estava sentada na poltrona, na sala. Ao meu lado, estava o Joe, com o fone no ouvido, provavelmente vendo alguma besteira no celular, pra variar. Ouvi uns passos vindo dos degraus da escada, e quando olhei, vi meus pais descendo juntos, de mãos dadas. Eles foram até a sala e pararam na nossa frente.
– Vamos sair pra jantar e não temos hora pra voltar. - disse minha mãe, sorridente. – Vocês dois se comportem.
– Ouviram sua mãe. Se comportem. - falou ele, que também sorria.
– Por precaução, deixarei a Claire de olhos em vocês.
– Pode apostar que sim. - disse Claire, olhando pra mim.
Meus pais se despediram e sairam.Vocês devem estar pensando. Ah, ela está feliz da vida. Qual é a filha que não sonha em ver seus pais unidos e felizes até o fim? Errado. Eu não estava nada feliz com aquela situação. Que conveninte meu pai perder a amante e logo depois querer reconstruir o casamento, não é? Tava na cara que aquilo era só faixada dele, e só a idiota da minha mãe que não percebia. Mas isso não ia durar muito tempo. Não mesmo.
Claire se maquiou, pranchou o cabelo, pegou sua bolsa e foi até a porta.
– Você não vai ficar? - perguntei, ao vê-la saindo.
– É claro que não. - disse ela vindo até minha direção. – Mas você não dirá nada disso aos seus pais. Não é mesmo? - disse ela, apertando minha bochecha com força. – Até mais, querida.
Ela foi embora sorrindo. Logo depois, Joe tirou o fone do ouvido e se levantou.
– Você também vai sair? - perguntei.
– Sim. Marquei com uns amigos de sair. Tenha uma boa noite. - disse ele, que logo saiu.
– Sei muito bem que amigos são esses. - disse a mim mesma.Um bom tempo depois, Thómas e Jéssica voltaram. A casa estava toda escura, então eles deduziram que todos já estavam na cama.
– Obrigada por hoje, meu amor. Estávamos mesmo precisando disso. - disse Jéssica, dando um beijo em Thómas.
– Foi um enorme prazer, querida. Eu te amo! - disse ele.
– Eu também te amo!
Jéssica subiu na frente, enquanto Thómas foi até a cozinha. Ele pegou um copo e tomou um gole de whisky.Jéssica foi andando até o quarto e abriu a porta. Ela acendeu a luz e se chocou com o que viu. Ela foi se aproximando e parou diante da parede. Várias fotos estavam coladas na paredes. Eram fotos constrangedoras de Thómas e Susy em momentos íntimos. Jéssica começou a chorar.
– Meu amor... - disse Thómas, ao entrar no quarto. Ele se calou imediatamente quando viu as fotos.
– Como você pôde? - perguntou Jéssica, arrancando uma das fotos da parede e amassando.
– Eu posso explicar...
– Explicar? Você acha que isso tem explicação?
– Eu te amo. É isso o que importa.
– Sai da minha casa. Sai da minha casa agora! - ela gritou, enfurecida.
– Você não tem esse direito. Essa casa também é minha. Sou eu quem sustento essa família.
– Vai pro inferno você e todo esse seu dinhero. Como pôde fazer isso? Nem com os seus filhos você teve consideração.
– Filhos? Quais filhos? O vagabundo do Joe, que não quer nada da vida? Ou a imprestável da Hanna, aquela rebelde que só nos causa problemas?
– Cala a boca! - Jéssica levantou a mão e deu uma bofetada no rosto de Thómas.
– Você vai se arrepender disso. - gritou ele, que a apertou pelo braço. Ele bateu a porta do quarto e foi embora furiosa.Saí do meu quarto sem fazer nenhum barulho. Tinha escutado toda aquela discussão entre meus pais. Sem que ele percebesse, comecei a seguir o meu pai. Cortei caminho e cheguei na garagem antes dele. Peguei uma ferramenta e rasguei um dos pnêus da frente do carro dele. Corri bem rápido e me escondi. Esbarrei numa pá que estava bem ao lado e acabei fazendo barulho. Vi que meu pai olhou para trás pra ver o que era, mas ele ignorou e entrou direto no carro. Thómas ligou o carro, mas não andou. Logo, se deu conta que o problema era em um dos pnêus. Ele deu um soco bem forte no volante, irritado. Ele abriu a porta e saiu. Thómas foi até o pneu e se abaixou para ver o que era. Ele se virou e levou um susto ao me ver parada, atrás dele. Levantei a pá e acertei com força bem na cara dele, que imediatamente caiu no chão, imóvel. Olhei pra ele ali caído e bati outras cinco vezes, com muita força. O sangue escorreu e se espalhou pela garagem. Peguei a pá e corri pra bem longe.
Um Ford F-150 passou pela porteira e o portão automático da mansão se abriu. Era o carro de Claire. Mas não era ela quem estava no volante, e sim Joe. Ele parou um pouco antes da garagem.
– Pode entrar que eu estaciono pra você. - disse ele, olhando pra Claire, que estava no banco bem ao lado.
– Ótimo. Não podemos ser vistos juntos. - disse ela.
– Me diverti muito hoje. Temos que marcar uma dessa mais vezes.
– Também me diverti muito. Pode apostar que sim. - ela se aproximou o beijou. – Tenha uma boa noite.
– Você também. - ele piscou com o olho esquerdo.
Claire saiu e foi direto pra casa. Joe ligou o carro e dirigiu até a garagem. Ele parou na entrada e ficou observando algo estranho. Ele desceu as pressas e foi até lá ver o que era.
– Pai! Pai! - gritou ele, ao ver Thómas caído e ensanguentado no chão. - ele se abaixou e verificou os pulsos. – AH MEU DEUS! Ele está morto!
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Minha Família Perfeita
Mistério / SuspenseUma família rica e com bastante influência no estado do Texas tem seus segredos mais obscuros escondidos por trás da figura de uma família perfeita. Mas tudo muda quando Hanna, a filha mais nova, decide tomar uma atitude drástica e pôr um fim no cas...