ONE

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One. Preface

MADEIA BIEBER

Hermione dormia serenamente, seu peito subia e descia de forma lenta, a respiração pesada era o único ruído que se ouvia no ambiente. Seus cabelos alaranjados estavam espalhados por quase toda a cama, ela dizia ser a Rapunzel e odiava aparar as pontas, mesmo que fossem pontas secas. Justin amava aquele cabelão dela, repreendia-me quando eu a levava de vez em quando para cortar.

Assustei-me ao ouvir um barulho de porta batendo, era a porta central, Justin havia chegado. Olhei no relógio e suspirei ao ver que já passava das nove, tínhamos marcado de jantar as oito. Pode-se dizer que foi um sacrifício fazer Hermione dormir, decepcionada com o pai que tinha a prometido de saímos juntos. Já fazia algum tempo que Justin não era presente em nossas vidas e ela sentia falta, o cobrava todas as manhãs e ele a enchia de promessas vazias.

Eu não gostava de ver a minha filha daquele jeito, muito menos de me sentir daquela forma. Sabia que meu marido estava estranho e aquilo me afetava. Fazia tempo que ele não me procurava como mulher, fazia tempo que eu não ouvia um "eu te amo". Discutir já estava sendo uma ação sem efeito, Bieber sempre culpava o trabalho e prometia melhorar. Novamente, promessas vazias.

O melhor advogado da cidade, se não do estado inteiro, aquele que deveria ser exemplo de homem e pai, na verdade, sempre cumpre suas promessas aos seus clientes, contudo quebrava suas promessas dentro da própria casa. Eu sabia que tinha algo por trás disso, a mulher sente quando algo está errado, porém eu nunca o enfrentei nem contestei, nunca fui uma pessoa que gosta de criar conflitos. Mas chegou a hora de me impor.

Fechei a porta cor de rosa do quarto de Hermione e fui em direção a escada, ao descer degrau por degrau, eu pensava frases e palavras que deveriam ser ditas. Andei até o seu escritório e entrei sem bater — ele odiava isso —, sua expressão não era das melhores e parecia cansado. Sua camisa social estava com os três primeiros botões abertos, o terno e a gravata estavam em cima do sofá. Vê-lo com um copo de Uísque nas mãos, deixou-me ainda mais desconfiada, Bieber só bebia quando havia algo errado.

— São nove e trinta. — As palavras saíram de minha boca.

Justin respirou fundo, fechando os olhos.

— Precisamos conversar. — Respondeu com a voz grave, seus olhos desceram para o chão.

Justin sempre conversava com o olho no olho, aquela pequena atitude desencadeou uma série de pensamentos confusos em minha mente. Tentei ignorar aquilo e continuei.

— Você sabe o que é ver sua garotinha chorar por sessenta minutos seguidos, incessantemente, porque o pai dela resolveu quebrar mais uma de suas promessas? — Comecei a falar, dando ênfase em "mais uma". — Hermione é uma pessoa sentimental, tudo o que ela sente tem intensidade e você sabe disso! — Elevei um pouco a minha voz.

Justin molhou os lábios. Sua mania de quando estava nervoso ou fazendo charme e, com certeza ele não estava fazendo charme.

— Madeia...

— Não me venha com a mesma desculpa de sempre, não foi culpa do seu trabalho, Liana já me falou um milhão de vezes que o fim do seu expediente é as oito da noite! — Puxei o ar, tentando me controlar. — Eu quero saber o que está acontecendo com você.

Ele passou a mão no rosto.

— É complicado.

Soltei uma risada, eu não estava acreditando no que eu ouvia.

— Ah é complicado? Não, não é complicado! Eu vou te dizer o que é complicado. — Aproximei-me dele. — Complicado é ir deixar e ir buscar Hermione todos os dias na escola, das sete as uma. Tudo bem até aí, pois é o horário do meu expediente na La Blanc por ser a chefe. Entretanto, o resto do dia inteiro eu trabalho em casa, pois algum dos dois tem que estar em casa caso ela precise de algo. Eu deixo de fazer o meu trabalho para ajudá-la no dever de casa, e não é reclamando, porque todo tempo que eu passo com ela é precioso para mim, eu aprendo mais com ela do que comigo mesma. Sabe o que eu encontrei no diário dela? — Mordi o lábio inferior, sentindo um nó se formar em minha garganta. Meus olhos ardiam e as lágrimas insistiam em cair, ao lembrar do que eu li. — Ela dizia estar triste por pensar que o papai não a ama mais.

Eternal BondOnde histórias criam vida. Descubra agora