Três | Leon

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"Valorizar não é ter medo de perder. É aproveitar enquanto tem'

Ronca alto
Tem certeza que seu pai não vai voltar antes da hora?

Leon 🔖
Se ele for, não me contou.

Ronca alto
Na última vez ele quase descobriu que eu estava aqui.

Leon 🔖
Eu invento uma desculpa, Íris. Terça-feira é nosso dia.


O direito eu não tinha, mas isso não me impediu de ficar ali, parado, observando enquanto Íris dormia serenamente, vulnerável, irradiando proteção

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O direito eu não tinha, mas isso não me impediu de ficar ali, parado, observando enquanto Íris dormia serenamente, vulnerável, irradiando proteção. Terça-feira era o plantão do meu pai na delegacia, e a casa toda sempre me pertenceu nesse dia em específico.

Quando era mais novo, um pouco mais impulsivo, trazia mulheres para casa. Muitas delas. Fazia festas, experimentava de tudo. Curtia tudo como se fosse minha única oportunidade, porque talvez fosse.

Em uma dessas vezes, trouxe Edward, um cara que conheci no Pub, sempe rodiado de pessoas estranhas.  Andava em grupo, de cara fechada, e pelo menos os quatro cantos da região já tinham ouvido falar dele. Sabiamos que ele era encrenca certa. Todos. Eu, inclusive. Mas saber disso não me impediu de convidar ele. E o cara realmente apareceu. Cheio de segundas intenções, trouxe outros caras e me ofereceram umas coisas. Não tenho muitos detalhes para contar.

É simples.

As dez eles chegaram. Meia-noite eu já estava doidão. Rindo de tudo, falando besteira, fazendo besteira. A música alta, os vizinhos reclamando, a gente nem aí. Principalmente eu. Mas então algo aconteceu.

Íris aconteceu.

Arrastada pelas amigas, Íris entrou na minha casa. Pela primeira vez desde que eu e meu pai havíamos se mudado a uns meses. Era a primeira vez que eu via aquela garota adentrando o meu mundo. Com toda aquela delicadeza, claramente injuriada.

─ Íris Bartolini. ─ Além de seu nome, eu sabia várias coisas sobre a garota da casa da frente. Mas Íris nunca foi acessível. Não para mim.

─ Oi. ─ Ela me olhou, piscou os olhos, diminuiu a respiração. ─ Você pode... se afastar um pouquinho?

─ Estou te deixando extasiada? ─ Era bom poder controlar aquela garota. Íris era a correção dos meus erros. Via ela todos os dias levando o irmão pro Colégio, conversando com Doreth, a vizinha de 80 anos da casa ao lado.

─ Extasiada não, enjoada. Você está fedendo a bebida e cigarro. ─ Na lata, e eu meio que gostei. ─ Pode se afastar?

Naquela época, eu não podia me afastar. Nem de perto dela, nem da vida dela. Não tínhamos trocado mais que vinte palavras, e eu já estava jogado aos seus pés. Por quê? Porque de todas as idiotices que eu fiz, a pior de todas foi não ter dito Oi para aquela garota antes.

Antes de nós, fui eu Onde histórias criam vida. Descubra agora