Íris é apenas mais uma adolescente comum. Exceção de Leon. Leon é seu vizinho. E até onde todos sabem, ambos não se suportam. O que ninguém poderia imaginar, era que Íris e Leon eram melhores amigos. E há poucas coisas no mundo que não fariam um pel...
"Eu quero ficar com você não significa: eu preciso. Eu quero, então valorize"
L
eon Fica comigo então, não me abandona não.
Íris 🔖 Essa hora da noite, Leon?
Leon Nunca é tarde pra tentar.
Íris 🔖 Vai dormir.
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Quando meu pai foi embora, prometi para mim mesma que jamais ia desmerecer minha mãe nessa vida. Que jamais ia passar por cima dela. Prometi que seria mais fiel a ela, do que ele foi a vida inteira. Prometi. E era essa promessa que estava quebrando agora.
Sentada aqui nesse chão amadeirado da casa na árvore, só conseguia pensar se Leon viria mesmo, ou se eu estava sendo tola em pensar que sim. Após aquele acontecido, minha mãe tomou meu celular, decidiu me tratar como uma criança, e eu não tive muito pelo que discordar. Ou então, eu não quis. Não queria pegar pesado sobre o que aconteceu, Olívia já tem sofrimento demais na conta. Não precisa que eu esfregue tudo na sua cara.
Eu já tinha 8 anos quando Papai foi embora. Foi estranho pra mim, mas não impossível de entender. Em uma hora ele estava aqui comigo tentando compreender um desenho infantil, que hoje entendo não fazer sentido algum. Em outro momento, ele chega bêbado em casa, Olívia começa a gritar com ele. E de repente, tudo se torna rotina. Os gritos, as discussões. Henry era só um bebê. Só chorava e nem se importava. Eu chorava também. Mas me importava.
Me importo.
E no meio desses gritos e dessas discussões, papai foi embora. E nada foi como antes. A dona de casa se tornou mãe, e apenas isso. Ela não era mais esposa de ninguém. E isso foi bom para Henry. Foi bom pra mim. E esse pensamento é ainda mais egoísta hoje, do que foi naquela época. E apesar de conhecer Matias, saber que ele é um ótimo homem, criou um incrível filho, ainda não conseguia abrir mão da minha mãe. E não sei se um dia vou conseguir.
O barulho do alçapão levantando me acordou do transe. Leon atravessou, me fazendo sorrir em expectativa. Ele veio. Meu coração se sentiu tão aquecido, tão acolhido que não consegui ficar longe dele por mais que cinco segundos, já estava mergulhando em seu peito, sendo fortemente amparada. Leon me tinha para ele antes mesmo de poder crer nisso. Eu estava tão perturbada com o fato de querer tê-lo ao meu lado, que nem pesei as consequências na balança. E agora, só agora, consigo enxergar como sou completamente dele. Completamente desses olhos.
Levantei a cabeça para encarar seus olhos, que estava parcialmente colado em mim.
─ Hobbit do céu, o que houve com seu olho? ─ toquei com o polegar, que ele claramente recuou. ─ Seu pai te bateu?
─ É um pouco mais complicado que isso.
─ Ele bateu, não é? ─ suspirei. ─ Eu sinto muito. Não queria que nada disso tivesse acontecido. Me desculpe.
