Quatro | Íris

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"Podemos cansar de não conseguir. Não podemos é cansar de não tentar"

Ranço
Vai continuar me ignorando?

Ranço
Isso não é justo.

Ranço
Fala comigo, Íris.

Ranço
Cansei.

"Você tem sérios problemas" era a décima quinta vez em uma semana que Leon me enviou mensagens como está

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"Você tem sérios problemas" era a décima quinta vez em uma semana que Leon me enviou mensagens como está. E ao invés de me defender como alguém sensato, eu estava meio longe de me encaixar no termo. Estou grávida. Diante daquela situação, aquela apreensão toda, e eu só consegui pensar nisso.

Foi idiotice. A coisa mais idiota que já me ousei dizer na vida. E se arrependimento matasse, eu ia ser a Capitã da chacina. Porque ao invés e me arrepender, comemorei ridiculamente, que esse plano imbecil deu certo. Sarah concordou em nos ajudar. Leon não questionou o motivo, a loucura da forma como conseguimos essa proeza. Ele apenas não questionou. Funcionou. Ignoramos.

E levamos durante a semana toda. Leon mandou muitas mensagens, além daquelas. Todas que eu apenas visualizei e não respondi. Continuou ligando e sendo ignorado por mim. Eu não sabia o que ia dizer. Após mentir para Sarah, Leon me deixou em casa e é assim que estamos levando até então. Nosso clima na escola ficou um pouco estranho também. Mais que o habitual. O motivo? Não sei ao certo. Mas além de nós, nossa consciência parecia estar mais ciente da coisa errada que estávamos fazendo, do que nós mesmos. E isso sim era o cúmulo para mim.

Para nós.

─ Eu odeio matemática. Aulas de filosofia e português são bem melhores.

Era sexta-feira. Comum, sexta era sempre sexta. Miriam estava animada com o feriado na segunda-feira. Ana só falava de uma série nova que havia começado a assistir. Eric estava imerso em mensagens e Manu estava ali apenas para cumprir uma cota de 5 amigas e um jeans viajante. Além de mim que estava afundando no próprio silêncio, todos começaram a interagir em algum momento.

─ Íris concorda comigo. ─ Ouvi meu nome e nem mesmo isso me pôs em alerta. Mirim precisou me cutucar para isso. Encarei ela, sustentando o rosto nas mãos.

─ Que foi? ─ Questionei.

─ Estávamos aqui falando sobre como odiamos matérias com números.

─ Odiamos. ─ Concordei, e queria apenas voltar a dormir.

─ Você parece um lixo. ─ Sutileza não é um forte de Ana. Sorri. ─ Geralmente, você é ranzinza. Correta e chata. Hoje você está quieta, sem voz e desinteressada.

─ Idai?

─ Não é uma característica sua, Íris.

Batidas na porta, em seguida a diretora Elena abriu-a. Entrou na sala, e Leon estava junto com ela. Meus olhos pegaram o exato momento em que ele me encarou, soltou um sorriso em deboche, em seguida fechou a cara. Ficou sério. Não era habitual. Não estávamos nos falando por motivo algum, mas não era comum quando ignoravamos um ao outro. E eu sabia que metade dessa culpa era minha.

Antes de nós, fui eu Onde histórias criam vida. Descubra agora