Então entrou na Sala do Trono um anjo carregado por dois querubins, seu rosto estava direcionado ao chão, ocultando suas feições, mas era possível ver suas asas brancas.
Deixaram-no no sopé da escada, junto a Miguel. A espada do Arcanjo agora fumegava como nunca, iluminando as paredes com finos raios alaranjados.Lucífer estava perplexo. Esperava que ele fosse o "traidor", e não outro anjo. Mas tentava ver, instintivamente, quem era o rebelde.
Raguel e Rafael colocaram-o de joelhos, e quando ele ergueu sua cabeça, Lucífer não soube o que pensar, apenas ficou chocado com o que via. Os olhos pálidos de Yekun transpiravam tranquilidade.
Ele virou-se e viu Leviatã ao seu lado, também perplexo.
– Ele está tramando algo? – perguntou.– Espero que sim… e que nos ajude – sussurou em resposta.
Miguel ergueu sua lâmina sobre o pescoço de Yekun, e ela caiu. Fechou os olhos. Preferia imaginar que aquilo não fosse verdade. Ouviu um leve roçar de aço, lembrou-se então de sua espada que havia escondido no meio da toga.
– Lucífer – Deus o chamou, com voz forte como trombetas. – venha até nós. –Queando abriu os olhos, viu Yenku ainda estava lá.
Dirigiu-se a eles com passos leves, e olhos nervosos acompanhavam seu caminho entre os outros. Demorou até que chegasse na frente da escada, pois todo o exército celestial estava ali reunido, e mesmo sendo tantas criaturas presentes, e sala do trono continuara enorme.
– Sim, meu Deus – ele curvou-se.
– O que acha que devemos fazer com este anjo rebelde?
– Destrua-o. Mande para um lugar para um lugar sombrio ou faça com que a eternidade o castigue. — respondeu Lucífer, olhando de relance para Yenku ajoelhado.
– Pois então isso será feito a você.
Os olhos de Lucífer abriram-se e fecharam-se. Ele estava incrédulo, e odiou pensar na ideia de Yenku por trás disso. Todas suas esperanças pareceram escapar de suas mãos, e seus olhos fecharam-se, tentando pensar no que acabara de acontecer.
Voltou a abrir os olhos, e disse:
– Mas…– Yenku veio nos dizer de seus planos. E não seria necessário. Deveriam saber que eu estou presente em todos os lugares. Você se rebelou contra nós, porquê?
Lucífer olhou para o homem vestido de branco a esquerda de Deus, e depois, para o da direita.
– Eu sempre fui o mais importante. Todos me amavam. Eu era o mais belo de todos e todos sabiam disso. Mas você criou ele – Gritou, enquanto apontava para o homem de branco. – Você o criou depois de mim, e depois pediu que eu o louvasse para todos estes. E logo depois o Senhor não se importou mais comigo. O Senhor nunca deveria estar onde está. Eu sim é que deveria. Todos me amam, todos me adoram!– Cale-se – respondeu Deus –, Ele existe desde sempre, antes de você. E como me louvava, deveria louva-lo também. Primeiro me desobedeceu. E depois planejou tomar o meu poder, foi muito tolo por pensar assim. Você foi o seu próprio juiz, Lucífer. Será expulso do Céu, e levado para um lugar estranho e sombrio, o local onde desejou que Yenkun ficasse. Será despido de toda e qualquer beleza. Será como uma criatura horrenda que todos temerão.
Lucífer cuspiu ao chão, irritado.
– Então todos estes serão expulsos do céu, está vendo? Todos eles – apontou em todas as direções. – Fará o mesmo com eles? Então o Céu ficará vazio?
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O Emissário
Short StoryQuando o mundo ainda era um denso mar de trevas e sombras, o céu presenciava o nascimento de uma anarquia. Lucífer, levado pelo orgulho e heresia, planejou uma forma de conseguir tomar a glória de Deus para si. Tentando saciar seu desejo, uniu-se a...