ACOMAF: OS TRÊS MESES

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Após ter contabilizado a queda de uma mesinha e vasos de plantas, minha respiração ainda não tinha se acalmado e eu estava totalmente fora de mim. Me sentei no sofá próximo, com Mor segurando em meus ombros.

- Quem é sua parceira, Rhys? - ela diz séria para mim, os olhos âmbar me encarando.

- Feyre - eu respondi ainda ofegante devido ao baque.

E então, contei tudo à Mor. Desde os sonhos de três anos atrás, passando pela primeira vez que a vi no Calanmai e de sua morte. E ressurreição.

~/~

Feyre me odiava. Depois de contar tudo para Mor, foi a vez de Amren saber. Não iria induzir o laço de parceria a ela, e não tive a menor intenção de contá-la sobre isso. Feyre ama Tamlin, e foi por ele que ela lutou em Sob a Montanha. Não por mim. Era hora de deixá-la livre.

De quase todas as noites durante esses três meses, quando os pesadelos não tomavam meu sono, as angústias e medos de Feyre o faziam. Ela lidava com os próprios demônios vomitando-os na privada. Lampejos de seus pesadelos inundavam minha mente, Feyre os gritava e os remoía a todo santo momento pela ligação e por seus escudos mentais abertos.

Aquilo me matava. Me matava não estar lá para Feyre. Me matava saber que aquilo persistia toda maldita noite, e aparentemente, ninguém fazia nada. Ninguém reparava. Nem Tamlin, que dividia a cama com ela todas as noites.

" - Você está ao menos animada para o casamento? - ouvi a voz de Ianthe.

- Vai ser o dia mais feliz de minha vida - e por fim, a de Feyre."

Feyre encarava a tatuagem de nosso acordo com ódio. Ressentimento. Assim que ouvi sobre seu casamento, inspirei fundo e engoli o choro. Ela seria feliz. Era isso que Feyre queria. Tempo com Tamlin, tempo com seu Grão-Senhor primaveril. E depois de tudo... ela merecia a felicidade. Não tiraria isso dela.

Eu sentia sua dor, sua tristeza e solidão. Sentia que Feyre lutava para escapar da escuridão que Sob a Montanha a impusera da mesma forma que eu. Eu estava num abismo e afundava cada vez mais, não só por não tê-la, mas pelos traumas que Sob a Montanha infligira.

Por fim, a noite chegou. Mesmo depois de três meses dos acontecimentos de Sob a Montanha, eu ainda não havia me acostumado em estar em casa, em estar rodeado por minha família. Ver as noites de Velaris novamente, sempre tão vivas e estonteantes... nem mesmo isso me tirava do fundo do poço. Mas tinha em mente que tudo o que passei, tudo que estava sentindo agora, valeu a pena e que, com certeza, faria o mesmo quantas vezes fossem necessárias. Fui me deitar sem ânimo algum, para mais um sono difícil e interrompido.   

A Court of a Dark PrinceOnde histórias criam vida. Descubra agora