{ Two }

16 3 0
                                    

Daniel Roocks, New York
14:36 a.m, Quarta-feira

— Merda! - Minha voz ecoa pelo quarto. Aquele barulho irritante do despertador já me fez acordar estressado.

O desligo, me sentando na cama. Olho para o espelho do guarda-roupas, admirando minha cara inchada, sendo iluminada pelo sol de duas horas da tarde. Levanto devagar, entrando no banheiro quase me arrastando. Ao sair dele, procuro uma blusa e uma calça qualquer dentro do guarda-roupa. Minha reunião será apenas às oito da noite, então tenho muito tempo ainda.

Vasculho pelos armários e a única coisa que tinha era uma caixa de cereal, já arrumei mais um afazer para hoje. Ir ao mercado. Despejo os flocos em uma tijela e ponho o resto do leite que ainda tinha, depois jogo a caixa do leite fora. Assisti ao noticiário enquanto comia, e não tinham descoberto ainda sobre meu serviço, ou já tenham descoberto, mas não querem compartilhar na mídia, ainda.

No supermercado pego tudo que eu precisava para este mês e o próximo. A fila estava enorme, mesmo mexendo no celular para me distrair, o tédio ainda me atormentava. Aos poucos a fila foi andando e finalmente minha vez chegou. A caixa me olhava fazendo uma cara, que era para ser sexy, mas não passou de uma careta. Me seguro para não dar risada, pago as minhas compras, pego as mesmas e vou embora.

Estava um pouco quente e as sacolas estavam pesadas, então resolvo pedir um táxi. O motorista era um senhorzinho que tentava conversar comigo, e eu apenas respondia "Pois é" "Ah, legal", até ele parar de encher meu saco. Em casa, começo a organizar os planos para minhas vítimas, até que não tinha muitas. Quatro vítimas, e talvez mais uma se a reunião de hoje for boa.

As horas não passavam rápidas como sempre, talvez seja minha ansiedade ou o medo de minha irmã não acordar em três meses. Eu me seguro para não matar o doutor Bruce, pois é graças a ele que minha irmã está naquele hospital, se não fosse ele, Anastasia estaria morta a tempos. O rapaz conseguiu uma vaga lá, no começo eu recusei com medo de não ter dinheiro para pagar, mas é melhor gastar dinheiro com a saúde dela, do que vê-la morrer pegando uma infecção em um hospital vagabundo.

Peguei meu celular para olhar as horas e tomo um susto quando ele começa a vibrar. Um número desconhecido aparecia na tela de ligação, e eu atendi.

Boa noite. - Falo seco

Boa noite, senhor Roocks. Sou a pessoa que marcou uma reunião com você para hoje às oito. Quero perguntar,se ela pode acontecer às sete?

— Ah! Claro que sim! Não tinha nada marcado para este horário mesmo. Vai ser no mesmo local?

— Sim, Roocks. Um carro irá chegar as seis e meia para te levar até minha casa. Não quero atrasos, tenho compromisso!

— Está... - A ligação foi encerrada, e vi que já era seis horas.

Corri para o banheiro e me banhei o mais rápido possível. Ainda bem que eu já tinha separado minha roupa logo cedo, assim eu economizei tempo. Me arrumei, caprichando bastante no perfume e deixando meu blazer impecável. Se tudo der certo hoje, quero causar uma boa impressão quando for comemorar.

Seis e meia em ponto olho pela janela e vejo um carro preto de luxo - põe luxo nisso - estaciona de frente ao prédio. Pego meu celular, mais um envelope e saio do meu apartamento. Ao descer, o motorista abre a porta do carro e fazendo um sinal para minha entrada, faço o que ele pede já admirado pelo luxo e pela quantidade que eu iria receber.

{ . . . }

Quando nós chegamos, desço do carro e subo às escadas do estacionamento que é subterrâneo, me dando visão do jardim da casa, meu queixo despenca com o tamanho da mansão e sua beleza. Uma mulher me acompanha para o ambiente de dentro e me seguro para não babar naquela perfeição de casa.

— O senhor Hughes espera em seu escritório. - Fala indicando uma escada. - Suba a escada, vire a direita e entre na terceira porta.

— Ok...

Faço o que a mulher manda e subo as escadas, mas paro de andar quando eu vejo duas meninas vindo em minha direção. Uma tem a pele e o cabelo moreno, usa um vestido luxuoso. Ela é bem bonita por sinal, mas quem me chamou atenção foi a menina atrás dela. A garota ou mulher, tem a pele clara e os traços asiáticos, também usa um vestido luxuoso, preto e colado ao seu corpo. Aquele rosto é familiar...

Elas passaram direto, sem notar minha presença ali. Também as ignoro e sigo meu caminho, mas a garota asiática me deixou intrigado. Bato na porta indicada e sou convidado a entrar. Como os outros cômodos da casa, o escritório não deixou a desejar. Um homem de meia idade, também com traços asiáticos me convida a sentar em uma cadeira da escrivaninha, ele se senta a minha frente e me encara.

— Veio rápido, senhor Roocks.

— Eu não tinha nada marcado, e como o senhor é um homem ocupado... - Recebo um olhar ameaçador, então começo a falar do que importava. - Então, senhor...

— Senhor Hughes. Sou dono das empresas Hughes - Esse sobrenome é familiar, mas não pela empresa. - Vamos direito ao ponto. A pessoa que eu quero que você mate é minha filha! - Diz pegando algo em uma pasta e me entrega uma foto. - Esta é ela.

— Eu a vi descendo as escadas minutos atrás. Desculpa a pergunta, mas por que matar sua própria filha?

— Não quero que ela assuma minha empresa. Caso ela morra, tudo vai para meu irmão, e é isso que eu quero. Sem mais perguntas.

— Certo! Mas...

— O pagamento. - Diz me interrompendo. - Caso você se interesse receberá isso daqui! - Fala entregando um cheque. Meus olhos até brilharam ao ver a quantidade de vírgulas e zeros. - Então...

— Aceito!

— Foi bom acertar negócios com você, rapaz.

• Bad Blood •Onde histórias criam vida. Descubra agora